As terras de Subrosa estão sob ameaça do temível Rei dos Pesadelos e o único capaz de salvar seus habitantes é o herói profético. No entanto, será que o linguarudo Mombo é capaz de destruir os planos do maléfico vilão? Em Super Mombo Quest, um platformer estilo metroidvania cheio de cores e estilo, nosso protagonista roxinho será colocado à prova em diversos mapas desafiantes e cheios de segredos, a fim de descobrir se ele é capaz de proteger Subrosa de uma vez por todas.
Uma mistura completa
A aventura de Mombo por Subrosa é uma mistura entre os mais diversos clássicos, tais como Kirby, Sonic, Castlevania e muitos outros, e consegue unir o que há de melhor em platformers e metroidvanias com uma pitada de roguelite. Isso significa que, além de progredir por mapas interligados derrotando inimigos, coletando cristais e Moedas Mombo, diversos upgrades para o protagonista roxinho estão disponíveis durante a aventura, mas para obtê-los será necessário superar sessões tortuosas de plataforma que exigem pulos precisos e cronometrados.
Em uma comparação bem superficial, Super Mombo Quest parece ter certa inspiração em Castlevania: Order of Ecclesia (DS), já que Mombo precisa explorar os diversos mapas de Subrosa em busca dos habitantes do local — Alberto, Filomena, Úrsula e Adamastor — para habilitar lojas de upgrades e uma espécie de arena. Além disso, cada uma das áreas do jogo (com exceção da final) esconde residentes do Vilarejo dos Guardiães que, quando resgatados, conferem cristais extras para o protagonista roxo usar nas lojas — algo bastante similar com levar os gatinhos perdidos de volta para Wygol Village em Order of Ecclesia.
O roxinho linguarudo também tem certa semelhança com Kirby, já que Mombo pode mudar de forma de acordo com o poder a ser utilizado. Isso o permite explorar locais antes não acessíveis nas áreas de Subrosa e superar diversos obstáculos nos mapas; por fim, o ritmo da aventura de Mombo, que precisa realizar combos e pulos precisos em diversos momentos, lembra os jogos clássicos de Sonic e os de Aero, the Acro-bat.
Maníaco por cristais
Mombo tem alguns objetivos a cumprir nas fases a fim de garantir Moedas Mombo, necessária para acessar algumas áreas de Subrosa e também as lutas contras os chefes de cada uma delas. Cada novo local pode exigir completar o Combo Mombo, derrotando todos os inimigos sem deixar que a barra de combo chegue ao fim, coletar todos os cristais ou encontrar a Moeda Mombo escondida; às vezes, inclusive, é necessário completar até dois objetivos por seção.
Os cristais coletados nas fases são cumulativos, mas, no caso de Mombo retornar ao último checkpoint em decorrência de morte, as pedrinhas conseguidas até então são perdidas. Isso pode ser remediado com alguns dos itens disponíveis na loja de Alberto, e até três podem ser equipados de uma vez, desde que essa habilidade tenha sido maximizada na loja de Filomena — sim, ela é a responsável pelos upgrades nas capacidades de Mombo.
Úrsula, por sua vez, ficou a cargo da expansão do mapa de Mombo. Seus três serviços mostram áreas secretas, checkpoints e Totens em cada região, mas cada um deles custa 3.500 cristais. Por fim, Adamastor é o responsável pela “arena” em Super Mombo Combo: ao pagar 100 cristais, o protagonista pode enfrentar um chefe novamente ou os monstros que guardam os Totens; em outras palavras, um grinding facilitado, mas que não precisei usar em nenhum momento durante a minha jogatina.
O famoso jeitinho brasileiro
Super Mombo Quest é um jogo verde-amarelo e, como o melhor do Brasil é o brasileiro, pode-se esperar diversas gírias, expressões e memes que usamos por aqui, dos mais antigos aos mais recentes. Inclusive, um dos pontos fortes do jogo é seu humor, então jogá-lo na nossa língua pátria se provou um grande fator de aproveitamento durante a jogatina; afinal, depois de tanta tensão durante mapas cada vez mais desafiadores, nada como um pouco de humor 100% brasileiro.
Isso não quer dizer que o jogo não esteja disponível em outros idiomas. Ao todo, são cinco, sendo eles o português brasileiro, espanhol, inglês, francês, italiano e alemão, estendendo sua acessibilidade para além das Américas — geralmente, os jogos brasileiros contam com interface apenas em português ou inglês.
Abrindo parênteses na questão dos idiomas, existem alguns tropeços e inconsistência em algumas traduções, notadamente inglês e italiano, línguas que compreendo bem. O jogo também apresenta deslizes na norma culta, especialmente nas falas de Tomé, o mais culto dos personagens, mas esses apontamentos só irritam os gramáticos conservadores e não afetam em nada a jogatina. Afinal, Super Mombo Quest é um jogo, não redação de Enem, hue.
Curiosamente, nenhuma das áreas do jogo — Montanhas Monstruosas, Floresta dos Fungos, Árvore Ancestral, Deserto Desolado, Fábrica Ferruginosa, Pirâmide Prismática, Vulcão Voraz e Mombolândia Maligna — remete a paisagens brasileiras, algo comum em jogos tupiniquins. Por outro lado, cada um desses locais apresenta artes com cores vivas e vibrantes, dos elementos em pixel art ao detalhamento dos cenários.
A trilha sonora também prende o jogador de maneira ímpar com suas músicas-chicletes, mas não enjoativas. Algumas, arrisco dizer, trazem instrumentos brasileiros (ou sintetizadores que remetem a eles) em sua composição, mas sou péssima para identificar instrumentos.
No meio do caminho tinha um Totem
Mombo faz tudo que pode ser feito em um platformer: escala paredes, esmaga inimigos, pula e também pode mudar de forma, tudo isso com uma fluidez impressionante nos comandos e nenhum tipo de atraso no command input. Porém, assim como toda moeda tem dois lados, a jogabilidade pode ser bastante frustrante em algumas áreas, algo que fãs do gênero já conhecem de cor e salteado.
Isso inclui, mas não se resume a, trocar a forma de Mombo durante um pulo ou ativar um de seus poderes em momentos bastante específicos. Não foram raras as vezes em que precisei apelar para a força bruta para passar de certas sessões de plataforma, especialmente na penúltima área de Mombolândia Maligna, por medo de danificar os botões R e ZR do meu Switch.
Devido a isso, por mais que o jogo rode muito bem tanto no modo portátil quanto no modo TV do Switch, aconselho este último — usando, se possível, um controle compatível com o console. A ausência de uma opção para configurar os controles também se mostrou frustrante em alguns momentos, sobretudo porque os dois sticks do Switch servem para controlar Mombo. Ou seja, mortes acidentais podem acontecer algumas diversas vezes, principalmente nas piores horas.
A navegação pelas fases também é um pouco confusa, pois todas as regiões são interligadas. Como não existe uma ordem específica para acessá-las (embora algumas necessitem de Moedas Mombo para serem desbloqueadas), o vai-e-vem constante dos metroidvanias impacta negativamente na jogabilidade, especialmente quando é necessário derrotar monstros para ativar os Totens de Teleporte. Se Mombo perde sua última vida, ele renasce no último checkpoint, o qual, inclusive, pode ser em outra região de Subrosa. Além disso, para voltar ao Vilarejo, de duas, uma: ou o protagonista vai a pé ou usa os Totens.
Senti muita falta da possibilidade de trocar equipamentos a qualquer momento da jogatina, como acontece em diversos títulos da franquia Castlevania, ou de pelo menos ter acesso a eles por meio dos Totens. Voltar toda hora para o Vilarejo só para mudar os itens equipados é bastante cansativo e, pelo menos na minha opinião, quebra o ritmo do jogo.
Mombo Combo!
Super Mombo Quest é um platformer com elementos de metroidvania (ou seria metroidvania com elementos de plataforma?) que une criatividade e ação fluida do início ao fim. Infelizmente, algumas qualidades de vida poderiam ter sido adicionadas ao jogo, como a possibilidade de equipar itens sem precisar voltar ao Vilarejo toda hora, que os pontos positivos não conseguem remediar. Mesmo que a vasta biblioteca do Switch já tenha inúmeros metroidvanias em seu catálogo, Super Mombo Quest é um jogo brasileiro com muito potencial e que merece ser jogado.
Prós
- Controles fluidos e sem atraso no command input;
- Personagens, cenários e diálogos cheios de personalidade;
- Excelente apresentação audiovisual;
- Desafiador na medida certa;
- 100% brasileiro.
Contras
- Sem possibilidade de customizar controles;
- Algumas áreas com navegação confusa e/ou sessões de plataforma excruciantes;
- Funções importantes deixadas de lado, como a troca de equipamentos durante a jogatina;
- Jogabilidade prejudicada pelo constante retorno ao Vilarejo.
Super Mombo Quest — PC/Switch/Android/iOS — Nota: 7.5Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Thais Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela Orube Game Studio