A própria definição de "cringe"
Dez colegas de classe decidem comemorar o Halloween em uma pousada isolada em uma densa floresta. Algo que era para ser uma divertida reunião acaba em desastre e, surpreendendo um total de zero pessoas, assassinatos. É uma história clichê, constantemente explorada pelas mais diversas mídias, mas que poderia dar certo se fosse bem construída.O problema todo em SHINRAI, no entanto, é como o jogo é conduzido. Supostamente, a história deveria se passar no Japão, mas claramente não houve nenhum tipo de pesquisa a respeito da cultura japonesa em si. Essa falta de esforço fica evidente, por exemplo, quando somos apresentados aos personagens principais, cujos nomes mais parecem palavras escolhidas aleatoriamente em um dicionário de japonês do que nomes reais.
Outro fator extremamente desconfortável é o elenco parecer ter saído de um anime cheio dos clichês mais usados nas animações. Sem nenhuma personalidade própria, cada um dos personagens parece seguir à risca os estereótipos do tropo que lhes foi designado.
Temos uma protagonista que lembra a típica adolescente rebelde que não acha nada divertido; a garota descolada que fala do jeito mais informal possível; o garoto que só consegue pensar em sexo; e a lista segue. Contudo, o que mais me incomodou nisso tudo foi o uso incontrolável de honoríficos para se referir aos personagens.
Não que seja proibido ocidentais terem vontade de criar obras que se assemelhem às originais japonesas, especialmente em se tratando de visual novels, como é o caso de The Language of Love (Multi), mas SHINRAI, sinceramente, passa uma impressão muito amadora de tudo. No fim, mais parece uma fanfic escrita por algum adolescente weeb (com o perdão do palavreado) que quer parecer descolado.
Tenho para mim que, em se tratando de visual novels, tal qual livros e quadrinhos, a construção da narrativa e dos personagens é de suma importância. Não vou negar que já li livros que começaram de uma maneira totalmente desastrosa, mas os personagens me convenceram a dar uma segunda chance à trama (e vice-versa), fazendo com que eu me surpreendesse positivamente no final.
Não que seja proibido ocidentais terem vontade de criar obras que se assemelhem às originais japonesas, especialmente em se tratando de visual novels, como é o caso de The Language of Love (Multi), mas SHINRAI, sinceramente, passa uma impressão muito amadora de tudo. No fim, mais parece uma fanfic escrita por algum adolescente weeb (com o perdão do palavreado) que quer parecer descolado.
Questão de gosto?
É bem verdade que gostar ou não de algo é um assunto bastante subjetivo, já que gosto é pessoal e cada um tem o seu. Deve ser por isso, então, que não consegui entender os pontos positivos das várias análises que li a respeito de SHINRAI, a maioria delas referente à narrativa e ao desenrolar da trama.Tenho para mim que, em se tratando de visual novels, tal qual livros e quadrinhos, a construção da narrativa e dos personagens é de suma importância. Não vou negar que já li livros que começaram de uma maneira totalmente desastrosa, mas os personagens me convenceram a dar uma segunda chance à trama (e vice-versa), fazendo com que eu me surpreendesse positivamente no final.
Porém, no caso de SHINRAI, nem a história, e muito menos os personagens, me deram motivos suficientes para continuar investindo tempo no jogo. Realmente detesto ter que largar um título pela metade, mas essa visual novel me cansou de tal maneira, que fiquei desmotivada a tentar obter pelo menos um dos finais do jogo, justamente pelos motivos citados anteriormente.
Um pequeno ponto fora da curva
Apesar de todos os pontos negativos, a visual novel tem seus pontos altos, a começar pela arte, cujo estilo se destaca pelos contornos espessos e cores vibrantes. A parte de exploração também é muito interessante e bem construída, pegando emprestados vários elementos dos point-and-clicks de mistério, além da possibilidade de interrogar outros personagens para colher relatos e pistas. Por fim, a trilha e efeitos sonoros conseguem ambientar bem a história, mas isso é tudo que o jogo consegue oferecer de positivo, infelizmente.Em termos de performance, o grande diferencial no Switch é a possibilidade de usar a tela de toque do console para investigar as cenas durante as partes de exploração do jogo e avançar nos diálogos. Outro ponto bastante falho, na minha opinião, é a visual novel apresentar suporte apenas ao inglês. Isso faz com que exista uma barreira linguística para aqueles que não dominem tanto o idioma, às vezes até impossibilitando-os de jogar a visual novel.
Dava para melhorar
SHINRAI - Broken Beyond Despair é o tipo de jogo que engana pelo visual. Pelo menos no meu caso, fui fisgada pela promessa de uma interessante narrativa envolta de suspense e mistério, mas para meu azar, de todos os fatores que poderiam apresentar falhas, é justamente a história que deixa a desejar. Tanto os personagens quanto a ambientação como um todo são rasos, estereotipados e sem personalidade, e de ponto positivo, apenas a apresentação audiovisual e a jogabilidade durante as partes investigativas salvam o jogo. Se eu tivesse como, já teria pedido reembolso sem pensar duas vezes.Prós
- Boa apresentação audiovisual;
- Interessante jogabilidade durante as partes investigativas do jogo.
Contras
- Personagens rasos, estereotipados e sem personalidade;
- História com enredo clichê e desenvolvimento insatisfatório;
- Escrita vergonhosamente amadora, estereotipada e desconfortável, sem nenhum tipo de pesquisa aprofundada relacionada à cultura japonesa;
- Disponível apenas em inglês.
SHINRAI - Broken Beyond Despair - PC/Switch/PS5/PS4/XBX/XBO - Nota: 5.0Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Ratalaika Games