Análise: Faraday Protocol (Switch) explora a beleza dos puzzles

Um bom jogo de puzzle que poderia investir em mais variações.

em 24/11/2021


Michael Faraday foi um físico britânico que dedicou boa parte de sua vida ao trabalho sobre eletromagnetismo. Assim, a presença de seu nome no título de Faraday Protocol nos oferece um indício de que tipo de habilidade teremos durante a aventura. O game desenvolvido pela Red Koi Box foi lançado originalmente em Agosto de 2021, mas só agora chega ao Switch. Mesmo com alguns problemas menores, fãs de puzzle devem gostar da experiência, que tenta repetir estratégias bem sucedidas de outros jogos.

Explorar, investigar, resolver

Em Faraday Protocol vemos o mundo a partir dos olhos do arqueologista Raug Zeekon. Vindo do planeta Cunor, ele chega a um ambiente abandonado em outro sistema solar para investigar um estranho sinal enviado pelo espaço. Lá, o cientista se depara com um local aparentemente inabitado com uma série de câmaras para serem exploradas. O método de entrada nelas se dá a partir do uso de uma arma que permite a Raug manipular e transferir energia de um ponto a outro, a partir de artefatos específicos alocados dentro das salas. E isso é basicamente tudo o que o game nos oferece.

Não que seja pouco. Os puzzles são relativamente difíceis, e o método de dedução é intrigante e muito satisfatório. Exceto, claro, quando ficamos presos em um desafio por horas. A estética do ambiente lembra muito a cultura egípcia, tanto pelas pirâmides quanto pelos artefatos que encontramos pelo caminho. Ainda assim, as câmaras ganham um ar repetitivo rapidamente e deixam de se tornar interessantes. A sensação inicial de querer ver tudo com muita atenção logo se perde, e é natural tentarmos resolver os puzzles o mais rapidamente possível, sem prestar muita atenção ao nosso redor.

Faraday Protocol parece querer repetir a fórmula bem sucedida de jogos como The Witness e, principalmente, The Turing Test. No entanto, não consegue ser tão filosófico e intrigante quanto o primeiro e nem apresentar puzzles tão variados quanto o segundo. Posso dizer que ele fica no meio do caminho, oferecendo uma boa coleção de desafios, porém sem muito mais.

O desafio pelo desafio

Faraday Protocol apresenta uma narrativa que se desenrola no decorrer da descoberta de novos ambientes. Contudo, essa história não é desenvolvida a contento. Em parte, porque é contada de forma displicente e desinteressante. Mas também porque o foco do game parece ser o investimento nos desafios propostos. 

Sinceramente, acredito que muitas vezes é bem mais vantajoso assumir um ponto forte em vez de tentar abraçar o mundo inteiro. Mas aqui a estratégia parece ter sido um tiro no pé, pois os puzzles, apesar de serem bem elaborados e construídos, são muito similares uns aos outros. 

Em uma aventura focada exclusivamente na resolução de enigmas é esperado que apareçam novos itens, mecanismos e incremento da exploração. Faraday Protocol tenta fazer isso com mudanças nos cenários, inclusão de novos objetos de interação e aumento da dificuldade. Mas nada disso é o suficiente para deixar de lado a sensação de mais do mesmo que aparece depois de uma hora ou mais.

Sobre os controles e o desempenho no Switch não há o que reclamar. Os modos de controle são bem simples e funcionais, tanto no portátil quanto usando o Pro Controller na televisão. Além disso, o jogo é bem leve, rápido e não apresentou lag em nenhum momento. 

Menos é mais?

Faraday Protocol tentou ir direto ao ponto, oferecendo uma seleção de puzzles bem construídos, ainda que com pouca variação. Além disso, a narrativa é sacrificada em detrimento do foco na realização das ações. Infelizmente, o que poderia ser uma virtude se transformou justamente no calcanhar de Aquiles de um jogo que faz o que se propõe, mas deixa uma sensação de que deveria ter feito muito mais.

Prós

  • Puzzles competentes e desafiadores;
  • Visual bonito, ainda que repetitivo.

Contras

  • Narrativa pouco desenvolvida;
  • Ausência de variedade nas ações.
Faraday Protocol — Switch/PC/PS4/XBOX — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Cristiane Amarante
Análise produzida com cópia digital cedida pela Deck 13

Pesquisador nas áreas de estética e cibercultura com Mestrado em Cultura e Sociedade (UFMA) e Doutorado em Comunicação (UnB). Além de escrever sobre jogos, produz o Podcast Ficções e tem um blog sobre literatura, filosofia e cotidiano.
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