Explorar, investigar, resolver
Em Faraday Protocol vemos o mundo a partir dos olhos do arqueologista Raug Zeekon. Vindo do planeta Cunor, ele chega a um ambiente abandonado em outro sistema solar para investigar um estranho sinal enviado pelo espaço. Lá, o cientista se depara com um local aparentemente inabitado com uma série de câmaras para serem exploradas. O método de entrada nelas se dá a partir do uso de uma arma que permite a Raug manipular e transferir energia de um ponto a outro, a partir de artefatos específicos alocados dentro das salas. E isso é basicamente tudo o que o game nos oferece.
Não que seja pouco. Os puzzles são relativamente difíceis, e o método de dedução é intrigante e muito satisfatório. Exceto, claro, quando ficamos presos em um desafio por horas. A estética do ambiente lembra muito a cultura egípcia, tanto pelas pirâmides quanto pelos artefatos que encontramos pelo caminho. Ainda assim, as câmaras ganham um ar repetitivo rapidamente e deixam de se tornar interessantes. A sensação inicial de querer ver tudo com muita atenção logo se perde, e é natural tentarmos resolver os puzzles o mais rapidamente possível, sem prestar muita atenção ao nosso redor.
Faraday Protocol parece querer repetir a fórmula bem sucedida de jogos como The Witness e, principalmente, The Turing Test. No entanto, não consegue ser tão filosófico e intrigante quanto o primeiro e nem apresentar puzzles tão variados quanto o segundo. Posso dizer que ele fica no meio do caminho, oferecendo uma boa coleção de desafios, porém sem muito mais.
O desafio pelo desafio
Faraday Protocol apresenta uma narrativa que se desenrola no decorrer da descoberta de novos ambientes. Contudo, essa história não é desenvolvida a contento. Em parte, porque é contada de forma displicente e desinteressante. Mas também porque o foco do game parece ser o investimento nos desafios propostos.
Sinceramente, acredito que muitas vezes é bem mais vantajoso assumir um ponto forte em vez de tentar abraçar o mundo inteiro. Mas aqui a estratégia parece ter sido um tiro no pé, pois os puzzles, apesar de serem bem elaborados e construídos, são muito similares uns aos outros.
Em uma aventura focada exclusivamente na resolução de enigmas é esperado que apareçam novos itens, mecanismos e incremento da exploração. Faraday Protocol tenta fazer isso com mudanças nos cenários, inclusão de novos objetos de interação e aumento da dificuldade. Mas nada disso é o suficiente para deixar de lado a sensação de mais do mesmo que aparece depois de uma hora ou mais.
Sobre os controles e o desempenho no Switch não há o que reclamar. Os modos de controle são bem simples e funcionais, tanto no portátil quanto usando o Pro Controller na televisão. Além disso, o jogo é bem leve, rápido e não apresentou lag em nenhum momento.
Menos é mais?
Faraday Protocol tentou ir direto ao ponto, oferecendo uma seleção de puzzles bem construídos, ainda que com pouca variação. Além disso, a narrativa é sacrificada em detrimento do foco na realização das ações. Infelizmente, o que poderia ser uma virtude se transformou justamente no calcanhar de Aquiles de um jogo que faz o que se propõe, mas deixa uma sensação de que deveria ter feito muito mais.
Prós
- Puzzles competentes e desafiadores;
- Visual bonito, ainda que repetitivo.
Contras
- Narrativa pouco desenvolvida;
- Ausência de variedade nas ações.
Faraday Protocol — Switch/PC/PS4/XBOX — Nota: 7.0Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Cristiane Amarante
Análise produzida com cópia digital cedida pela Deck 13