Hybrid Heaven
Desenvolvido pela Konami, Hybrid Heaven não é um RPG típico. A primeira impressão do jogo é que ele seria um jogo de ação e aventura 3D, sendo possível até mesmo atirar em alguns objetos. No entanto, ao encostar em um inimigo, o jogador entra em um combate de turnos com mecânicas bem particulares.
Com foco em luta corporal, as opções de ataque consistem em múltiplas direções e estilos de golpe (como gancho de esquerda ou chute rasteiro com o pé direito). A defesa também inclui opções de desviar para múltiplas posições, defender ou contra-atacar - cuja efetividade depende do golpe do oponente. O jogador ganha níveis para cada parte do corpo conforme usa golpes específicos.
Em termos da história, o protagonista Diaz é um híbrido sintético criado por alienígenas. Para impedir os planos de seus criadores, ele terá a chance de explorar e destruir uma base subterrânea secreta em Manhattan. O que costuma ser mais criticado em relação ao jogo é justamente a pouca variedade de cenários, mas a possibilidade de jogá-lo no NSO poderia trazer mais fãs que não considerem isso um grande problema.
Custom Robo (e Custom Robo V2)
Custom Robo é uma propriedade intelectual da Nintendo que surgiu no Nintendo 64. No console foram lançados dois jogos que infelizmente ficaram apenas no Japão. A série só foi chegar ao Ocidente em seu quarto título, conhecido no Japão como Custom Robo: Battle Revolution (GC).
Cabe ao jogador customizar o seu próprio robô e lutar em arenas 3D contra as máquinas de outros personagens. Conforme avança pela história e derrota os oponentes, o jogador irá conseguir novas peças e montar tipos diferentes de robôs para os combates. Com um formato de RPG de ação, as partidas envolvem reduzir a vida do oponente de 1000 pontos para 0. Além do modo história, os jogos também contavam com combate multiplayer.
Vale destacar que ambos os jogos estarão no Nintendo Switch Online japonês. Seria interessante que a empresa aproveitasse a oportunidade para tentar dar uma nova chance para a série no Ocidente.
Shiren the Wanderer 2
A franquia Mystery Dungeon da Spike Chunsoft é mais conhecida no Ocidente por conta de Pokémon Mystery Dungeon. Porém, assim como acontece com a série Musou, o formato é utilizado para spin-offs de várias outras obras, tendo sido iniciada como um spin-off de Dragon Quest no SNES. Além desses títulos, a empresa então conhecida como Chunsoft também desenvolveu um universo totalmente original para Mystery Dungeon sob o nome Shiren the Wanderer.
No Nintendo 64 foi lançado o primeiro título 3D desse universo, Shiren the Wanderer 2. A ideia era explorar as possibilidades que essa mudança gráfica poderia trazer para o formato de RPG dungeon crawler roguelike. Vale ressaltar que o título não chegou ao Ocidente, assim como seus antecessores. O primeiro Shiren the Wanderer a ser lançado em inglês foi o remake do primeiro jogo no DS.
O conceito de Mystery Dungeon é a exploração de dungeons geradas proceduralmente. O posicionamento de inimigos, armadilhas e itens varia toda vez que o jogador adentra as masmorras. Cabe ao jogador um uso estratégico dos seus recursos para sobreviver aos perigos que podem variar de acordo com a sua sorte. Shiren the Wanderer 2 é uma prequel do primeiro jogo, mostrando uma versão ainda criança do rōnin e a doninha Koppa lutando para criar um castelo para o vilarejo de Natane.
Gauntlet Legends
Uma das mais tradicionais séries de action-RPG com combate em hack ’n’ slash, Gauntlet começou nos arcades, em 1985, com uma proposta de criar, pela primeira vez, um dungeon crawler para multiplayer local (quatro jogadores). Cada personagem possui uma vantagem em sua classe: warrior (mais forte em combate corpo-a-corpo), wizard (tem magias melhores), valkyrie (melhor defesa) e elf (mais rápido).
O jogo se passa em uma série de níveis de labirinto, com visão top-down, e dá ao grupo de jogadores o objetivo de encontrar a saída de cada nível. Nos labirintos, há também itens especiais que, entre outras coisas, aumentam a vida dos personagens, portas que podem ser destrancadas e poções mágicas que podem ser utilizadas contra os inimigos em ataque em área.
Essa fórmula foi aprimorada nos títulos posteriores da franquia, sempre com prioridade nos arcades, mas depois recebendo ports para consoles e PC. Gauntlet Legends (1998), já com gráficos em 3D, sucedeu o lançamento de Gauntlet IV, e foi o último jogo da série a ser desenvolvido e publicado pela Atari Games (com a Midway Games). O jogo teve seu primeiro port para console em 1999, para Nintendo 64, e teve características únicas nesse port, como passwords e save dos personagens. Recebeu uma sequência com mais personagens e níveis, Gauntlet Dark Legacy, cujos elementos foram implementados no port de Gauntlet Legends do Dreamcast.
A principal novidade de Legends para a série Gauntlet é a possibilidade de subir de level e aprofundar o aumento do desempenho dos personagens conforme luta com inimigos, descobre tesouros etc., tal como outros RPGs da época, contando com quatro atributos primários: força (para dano físico), velocidade (para movimento e taxa de ataques), armadura (defesa) e magia (alcance e efetividade de ataques com poções mágicas).
Mesmo que os gráficos tenham envelhecido um tanto mal, seria interessante ver esse clássico da Atari no Nintendo Switch Online, sendo uma boa entrada por preservar a dinâmica clássica da série ao mesmo tempo que mantém o level design e mecânicas mais típicos de RPGs como conhecidos hoje.
Ogre Battle 64: Person of Lordly Caliber
Sucessor de um dos mais influentes e aclamados RPGs táticos, Tactics Ogre: Let Us Cling Together (1995), mas com um gameplay mais semelhante ao Ogre Battle: The March of the Black Queen (1993), Ogre Battle 64: Person of Lordly Caliber continua a série de RPG e estratégia da Quest Corporation, agora publicada pela Nintendo (no Japão) e Atlus (nos EUA).
Após o lançamento de Tactics Ogre, ainda para o SNES, o criador da série, Yasumi Matsuno, planejou esse terceiro título da franquia como um ponto de equilíbrio entre os conceitos dos seus antecessores. No decorrer do desenvolvimento, Matsuno deixou a Quest e passou a desenvolver Final Fantasy Tactics (PS1) como um sucessor espiritual de Tactics Ogre. Desse modo, Ogre Battle 64, que começou a ser produzido em 1997, foi o primeiro Ogre da Quest depois da saída de Matsuno e outros membros importantes da equipe.
O jogo teve o segundo maior cartucho do N64, com 320 megabits, e foi o primeiro da série a usar gráficos 3D, com desenho dos personagens por Toshiaki Kato e modelos mais realistas. Manteve os compositores dos títulos anteriores (Hayato Matsuo, Masaharu Iwata e Hitoshi Sakimoto) e manteve o padrão da série de narrativa política com diferentes finais (para diferentes alinhamentos morais).
Ogre Battle 64: Person of Lordly teve uma boa recepção crítica (com média de 86/100, pelo falecido GameRankings), mas infelizmente não vendeu tão bem, em parte pela limitação do alcance da base instalada do Nintendo 64. Vale lembrar que o jogo já esteve disponível no Virtual Console do Wii e Wii U, e seria um ótimo aditivo para a biblioteca do Nintendo Switch Online, especialmente no Ocidente, que ainda não conta com nenhum RPG de estratégia em nenhuma das plataformas do serviço.
Menções honrosas
A biblioteca do Nintendo 64 não é conhecida por ter grandes e nem muitos RPGs, e há boas razões para isso. O console viveu uma época em que os RPGs ocidentais ainda eram quase que por excelência RPGs de computador, CRPGs, e as empresas de RPGs japoneses estavam dando preferência ao console concorrente, o primeiro PlayStation, que vendia muito melhor. Entre essas empresas, figuram não só a Square e Enix, como discutido em uma matéria recente por aqui, mas também Atlus, NIS e outras.
Na verdade, fora os títulos que recomendamos acima, e além do aclamado e popular Paper Mario, que encobre os demais jogos do gênero em suas sombras, há poucos outros RPGs que poderíamos lembrar. Esses, deixamos abaixo como menção honrosa:
- Aidyn Chronicles: The First Mage
- Quest 64
- Robopon 64
- Zoor: Majuu Tsukai Densetsu
- Super Robot Wars 64
Quaisquer desses jogos seriam muito bem-vindos no Nintendo Switch Online, oportunizando novos jogadores a conhecê-los, dado que passaram despercebidos a muita gente e, no entanto, alguns deles possuem experiências únicas, divertidas e interessantes mesmo para os dias atuais.
Revisão: Icaro Sousa
Co-autor: Ivanir Ignacchitti