Existem títulos que, embora não sejam muito conhecidos, são importantes para a indústria dos games por suas idéias seminais. Um bom exemplo é King’s Bounty (PC/Mega Drive), um clássico de 1990 que reunia estratégia em turnos com exploração de mundo. Essa ideia inspirou séries que ficaram muito mais famosas, como Heroes of Might and Magic, e após três décadas recebe uma continuação oficial em King’s Bounty II.
O jogo mantém sua tradição como um jogo de estratégia tática em turnos, com exploração de mapas em mundo aberto. Com ferramentas modernas à disposição, os desenvolvedores procuraram expandir o mundo do game, dar um peso maior à narrativa e construir um universo rico. Será que os trinta anos de espera valeram a pena?
Saindo da prisão para salvar o mundo
Começamos a aventura selecionando entre três opções de personagem: cavaleiro, maga ou paladina. A história começa com o protagonista preso em Fort Crucis, como principal suspeito de um atentado contra o Rei. Para surpresa geral, você é libertado por uma ordem do príncipe. Não somente isso, mas também pode levar um cavalo do estábulo, uma certa quantidade de ouro e até um grupo de soldados do forte.Quando a gente se destaca na multidão. |
O jogo consiste em duas etapas: exploração e combate. Durante a fase de exploração percorremos o mundo, coletando itens, conversando com pessoas e descobrindo pontos de interesse. Podemos encontrar marcos pelo caminho, que concedem teleportes ou vantagens temporárias. Também é nessa fase em que encontramos mercadores que negociam itens ou permitem recrutar tropas para compor nosso exército.
Ô bigode, me vê meia dúzia de arqueiros!! |
É possível notar que a desenvolvedora tentou caprichar nos gráficos, mas a falta de polimento é visível, especialmente na versão para Switch. A qualidade é inconsistente e embora alguns cenários sejam bem feitos, algumas texturas, objetos e até mesmo personagens parecem com um jogo antigo e não um lançamento atual. A falta de cuidado em algumas texturas chega a atrapalhar a imersão durante o gameplay, pois é impossível não reparar na baixa qualidade do acabamento.
Barba por fazer... |
Forte na estratégia
O combate é o ponto alto de King’s Bounty II, no qual nosso exército combate o time inimigo em um tabuleiro de casas hexagonais, em combates por turnos. Cada exército é composto por até cinco tipos diferentes de unidades, que podem ser soldados, arqueiros, animais, monstros, criaturas místicas etc.Curiosamente nosso personagem não participa diretamente da batalha, mas age como um comandante, cujos atributos e equipamentos afetam características de todas as suas tropas. O protagonista também pode lançar feitiços e ataques à distância, uma vez por turno.
Tem que saber se posicionar. |
Cada tropa possui uma capacidade de movimentação e alcance de ataques. A maioria das unidades possui uma habilidade especial, que normalmente pode ser usada uma única vez por combate. O terreno é bastante importante, pois obstruções impedem ataques indiretos como flechas e magias, enquanto terrenos elevados aumentam seu alcance, fazendo do posicionamento uma parte crucial da estratégia.
Passou, fatiou! |
Trinta anos de espera valeram a pena?
King’s Bounty II é divertido, mas alguns detalhes frustrantes como a movimentação lenta do personagem ao explorar o mundo e os gráficos mal acabados dão a impressão de falta de polimento e estragam a experiência geral. Felizmente o combate tático é muito bom, com nuances para explorar. Estudar as habilidades de cada tipo de tropa, planejar o exército perfeito e pensar em estratégias para fazer o melhor uso do terreno fazem com que combates com horas de duração pareçam um divertido e desafiador jogo de tabuleiro. Mas, infelizmente, como obra geral, o jogo deixa um pouco a desejar.Prós
- Combates taticamente ricos;
- Boa quantidade de missões e sidequests;
- Boa dublagem.
Contras
- Falta de polimento;
- Gráficos com qualidade inconstante;
- Exploração do mundo lenta e tediosa;
- Ausência de localização para português.
King’s Bounty II - Switch/PS4/XBO/PC - Nota: 6.0Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Felipe Fina Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela Koch Media