Análise: Tails of Iron (Switch) conta a majestosa saga de Redgi, o herdeiro do Trono dos Ratos

Apresentando uma trama épica marcada pela rivalidade entre roedores e anfíbios, este hack and slash é cheio de carisma e brutalidade.

em 08/10/2021
Como uma de suas principais características, Tails of Iron é uma aventura RPG capaz de ser desafiadora a todos os instantes: com combates severos e instigantes, é muito fácil de se ver envolvido com a intensidade de suas vertentes souls-like, as quais dispõem de inimigos complexos que demandam estratégias diversificadas. Para completar o pacote, o jogo também oferece uma apresentação magnífica ao narrar a história de Redgi, o rato monarca que deve liderar seu povo para expulsar o Clã dos Sapos de seu reino encantado.

A história de um povo com caudas

Em uma terra medieval, Redgi é um jovem roedor que se apresenta como o próximo herdeiro na linha de sucessão do Trono dos Ratos. Seu pai, o Rei Rattus, ocupa a principal cadeira do pacato Forte Carmesim desde que liderou sua espécie na vitória em uma guerra travada contra seus rivais históricos: os Sapos, governados pelo tirano Verruga Verde. 

Vendo-se em uma idade considerada avançada e temendo uma nova invasão dos anfíbios, o monarca Rattus toma a decisão de passar oficialmente sua coroa para Redgi. Mas, de maneira inesperada, eis que o maior medo do governante ancião torna-se realidade, na medida em que o Forte Carmesim é invadido brutalmente pelo clã dos Sapos.

Diante disso, Redgi toma a dianteira para proteger seu povo e comanda a luta contra os arqui-inimigos, fazendo com que a ameaça do Verruga Verde seja parcialmente controlada. Entretanto, o novo conflito acabou por deixar o seu reinado em ruínas. Dessa forma, os jogadores, no comando do mais novo monarca, devem ajudar a reconstruir o vilarejo e se preparar para possíveis futuras invasões. Será que Redgi vai conseguir conquistar a confiança de seu povo e propiciar um mandato próspero?

Muitas batalhas, pouco sossego

Em sua estrutura, Tails of Iron é uma aventura com traços de RPG na qual devemos controlar Redgi por cenários bidimensionais. Inicialmente, temos acesso apenas ao Forte Carmesim, onde as primeiras missões do jogo se desenrolam. Nelas, temos que fazer pequenas tarefas para restabelecer a ordem local, o que implica matar inimigos de diferentes espécies, como sapos, besouros, mosquitos e outros tipos de insetos.

Para fazer isso, Redgi conta com uma espada e um escudo, podendo desferir golpes, bloquear ataques e realizar movimentos de esquiva. Ainda que a introdução bélica ocorra de maneira descompromissada nos primeiros momentos, logo pode-se perceber que o setor dos combates será, de fato, o principal atrativo de Tails of Iron.

Tratando-se da jogabilidade, tudo funciona muito bem no Switch: além do uso do analógico para a locomoção do protagonista, os principais comandos de ataque ocupam os botões traseiros do Joy-Con, como os gatilhos. Confesso que levei um tempo até me acostumar com essa combinação; mas, tudo correu bem, e logo consegui domar os precisos comandos do jogo. Por sinal, saiba que isso é extremamente necessário, pois estamos falando de uma aventura com características altamente desafiadoras.

Acontece que os combates, que ocorrem em grande frequência na jogatina, podem ser bastante intensos: é muito comum os cenários serem infestados por incontáveis inimigos, os quais causam um verdadeiro caos na tela ao nos atacar por todos os lados. Da mesma forma, a presença de chefões é recorrente em diversas situações. Estes embates são particularmente desafiadores, pois os adversários contam com características únicas, exigindo reações ligeiras em nossos contra-ataques e desvios.

Desse modo, os inimigos de Tails of Iron demandam muita atenção, pois um mísero movimento equivocado pode representar uma morte instantânea. No geral, sinto que este traço souls-like presente na aventura é bastante desafiador, e felizmente não chega a atingir pontos de frustração. Assim, mesmo sofrendo com muitas telas de game over em determinados pontos, eu prontamente sentia vontade de voltar a comandar Redgi, muito em função das possibilidades de estratégias que nos são oferecidas, como a presença de equipamentos singulares.

Rato estiloso e pronto para a luta

Entre os fatores que tornam Tails of Iron mais profundo e instigante, certamente um dos destaques é o vasto arsenal que pode ser acessado por Redgi. Conforme avançamos, podemos empunhar armas de uma mão – as quais variam com tipos de espada, machado ou lança – juntamente a um lançador de projétil de longo alcance, presente na forma de arco e flecha ou besta. Da mesma forma, temos espaço para carregar um armamento de duas mãos, comumente usado para quebrar paredes nos momentos de exploração.

Ainda dentro desse setor, nosso personagem conta com um vestuário que contempla capacete, armadura de corpo e escudo. O grande segredo para ter uma jornada próspera passa pela ideia de ter um balanceamento, visto que os itens contam com peso e potencial de dano distintos. Por exemplo, se você optar por priorizar os equipamentos mais robustos, Redgi possivelmente ficará com um status de ataque e defesa alto, mas sua movimentação será lenta, prejudicando especialmente suas esquivas.

Isso faz com que seja extremamente necessário pensar em nossas escolhas de vestuário, ainda mais se levarmos em conta que os equipamentos também podem apresentar atributos de resistência contra determinadas espécies de inimigos, como sapos, mosquitos, toupeiras e besouros. Portanto, lembre-se de usar isso em seu favor, especialmente nas missões mais duras, que podem ser relacionadas à campanha principal ou esporádicas.

Afinal, conforme acessamos novos locais do mapa, como a Vila Cauda Longa e o Acampamentos dos Patrulheiros, podemos aceitar side quests nos murais da cidade. De certa forma, pode-se dizer que estas missões acabam se tornando praticamente obrigatórias em dados momentos, pois elas se apresentam como um dos únicos modos de se conquistar grandes quantidades de moedas — itens obrigatórios para se cumprir a campanha principal. Entretanto, isso não chega a ser um problema, pois experienciar o universo de Tails of Iron é um deleite, especialmente se considerarmos sua bela estética. 

Narração de uma aventura exuberante

Desde o primeiro contato com Tails of Iron, pode-se perceber como ele é um jogo bastante único, apresentando uma temática que engloba espécies e situações únicas. Mas, essa característica é ainda mais saliente ao tratarmos de sua apresentação: com traços desenhados a mão, sua estética é exuberante do início ao fim, mas sem fazer isso de um jeito óbvio. 

Essa façanha ocorre pois os personagens ostentam desenhos que são, ao mesmo tempo, insólitos e exuberantes, com detalhes que se destacam com grande criatividade. Dessa forma, a arte feita pelos desenvolvedores consegue deixar todo o enredo com características adoráveis — incluindo os ratos e sapos, duas espécies que, convenhamos, não costumam ser referenciadas positivamente por sua aparência.

Enquanto isso, os cenários podem não ser muito variados em termos de cores, mas conseguem ser igualmente cativantes. Um dos sentimentos mais gratificantes da jornada é observar os vilarejos sendo reconstruídos no plano de fundo, por onde os moradores circulam e trazem muita vida aos ambientes. 

Além do mais, a apresentação de Tails of Iron também é agraciada por uma trilha sonora marcante, composta por temas épicos e efeitos ímpares. Entre eles, temos os barulhos emitidos pelos ratos durante os diálogos – os quais ocorrem sem palavras, apenas através de pictogramas –, e a narração da história, performada por Doug Cockle, conhecido por ser o dublador de Geralt de Rivia na franquia The Witcher.

Todo esse pacote elegante torna a nossa jornada ainda mais envolvente. Diante disso, eis que Tails of Iron se mostra como um indie bastante completo, sendo composto por uma campanha consistente com muito a se fazer, mesmo que, em alguns momentos, tenhamos contextos genéricos ou repetitivos.

Falhas secundárias presentes no reino

Conforme o fim de minha trajetória em Tails of Iron se aproximava, confesso que algumas das missões secundárias começaram a perder um pouco do brilho característico do jogo. Por mais que surjam novos NPCs em situações distintas, é fácil de sentir que os eventos estão se tornando relativamente genéricos, destoando, portanto, do resto da obra.

Embora recompensadoras, a ponto de render itens úteis, as side quests raramente variam de modo de operação, o qual envolve exterminar criaturas em porões e esgotos dos vilarejos em troca de dinheiro. Para piorar, as tarefas não ganham nenhuma expressividade na medida em que os personagens secundários não contam histórias ou argumentam sobre os acontecimentos, pois não há diálogos discursivos na aventura. Desse modo, surgem momentos genéricos e missões repetitivas, passando batido em comparação ao resto de Tails of Iron, que é altamente divertido em suas demais interfaces. 

O Rei Redgi devidamente coroado

Apresentando-se como um jogo único em muitos aspectos, Tails of Iron é capaz de entregar horas de diversão no Switch. Entre os destaques da aventura, temos combates desafiadores e uma belíssima apresentação em termos visuais e sonoros. Dessa forma, o título se mostra imponente e é capaz de resplandecer, bem como a lustrosa coroa do Trono dos Ratos, usada pelo bravo Redgi na eterna guerra entre ratos e sapos.

Prós

  • História carismática sobre uma rivalidade inusitada;
  • Dificuldade instigante em um setor de batalhas envolvente;
  • Jogabilidade responsiva;
  • Apresentação impecável, com uma narração marcante e lindos visuais;
  • Ter um rato espadachim como protagonista é extremamente divertido.

Contras

  • Missões secundárias podem se tornar genéricas e repetitivas.
Tails Of Iron — Switch/PC/PS4/PS5/XBO/XBX — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Felipe Fina Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela United Label
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Jornalista, colaborador no Nintendo Blast e doutorando em Comunicação Social.
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