A importância de jogos 2D na indústria atual

Ainda existe espaço para os clássicos 2D em um mercado dominado por mega produções 3D?

em 14/10/2021
















Jogos 2D sempre foram parte da indústria de games, sendo os pioneiros de todos os gêneros, pavimentando o caminho para o que seria a indústria atual. Entretanto, o recente lançamento de Metroid Dread trouxe de volta uma discussão sobre o estilo, produção e precificação de games na atualidade. Necessariamente, todo jogo 2D deve ser considerado um jogo mais "fraco" e seu preço deve ser reduzido?

Um pouco de história

O primeiro jogo do mundo surgiu oficialmente no ano de 1958, criado por Willy Higinbotham. O game, chamado de Tennis Programing, depois conhecido como Tennis for Two, era simplesmente um software que simulava uma partida de tênis por um osciloscópio.
Game Tennis for Two criado em 1958
Tempos depois, com a oportunidade e evolução certa, surge o famoso Pong, em 1972. Criado pela Atari, o jogo foi um dos primeiros a ser comercializado e jogado em casa. Os principais fatores de seu sucesso eram sua "jogabilidade" e sua simplicidade: nada mais que um placar, dois traços e uma bola.

A sequência de eventos já é bem conhecida: Shigeru Miyamoto revolucionou o mercado com Donkey Kong e Mario Bros. Os jogos começam a se diversificar e expandir conceitos, e, no cerne de tudo isso, os jogos 2D.
Game de arcade Donkey Kong lançado em 1981

Por que jogamos?

Um fator em comum entre os primeiros e mais clássicos jogos feitos é a diversão. As pessoas não jogavam Pong porque adoravam seu enredo cinematográfico, seus gráficos de última geração ou seu mundo aberto vasto. As pessoas só queriam se divertir.

Diversão é o ponto chave do porquê nós jogamos. Claro, com ressalvas para o que lhe traz diversão, diversas pessoas se divertem com um game simples de história cativante, outros, com gameplay apenas, mas o que move o gamer sempre é o fator diversão.

Como este é um conceito muito relativo, como trazer a diversão para diversos públicos? É nesse contexto que nascem os gêneros, estilos e tipos de jogos e consoles. Em um mercado tão amplo, a diversidade é ponto chave para a sobrevivência das empresas.

O 2D ainda vive

É comum que a comunidade hoje seja bombardeada por games em 4K, com ultra gráficos em um mundo aberto infinito com mais de 1000 quests e personagens em um enredo de mais de 80 horas. Isso vende e domina o mercado, de fato, mas, como dito anteriormente, o conceito de diversão é diverso e se modifica de pessoa para pessoa. 

Mesmo que os games 3D tenham dominado o mercado, ainda existe uma boa parcela que se volta para esse estilo clássico. A própria Nintendo reviveu o mercado 2D com títulos com alto número de vendas como New Super Mario Bros (DS) no Nintendo DS. Diversos jogos indies também tiveram importância no gênero, como Hollow Knight (Switch) e Celeste (Switch).
Eu, pessoalmente, não tenho tanto apreço por um novo Assassin's Creed ou qualquer lançamento AAA com suas 100h de exploração e diálogos (geralmente para prencher tempo e tentar justificar seu preço cheio). Nem sempre é isso que o público quer. Com a vida corrida e as preocupações do dia a dia, jogar um game requer um certo sacrifício de tempo, e ficar preso em mais de 100h de jogatina pode levar um mês inteiro. O que mais procuro atualmente é o pilar que aprecio em um bom jogo: jogabilidade.

A polêmica de Metroid Dread

Metroid nasceu no 2D e teve sua participação nos jogos 3D com a série Prime, mas seu legado se faz valer até hoje com o seu próprio subgênero, o Metroidvania, algo que por si só já difere a franquia de um indie que, apesar de poder ter tantas qualidades quanto, não carrega o peso de uma franquia pioneira consagrada.

A discussão recente sobre os custos de um jogo 2D e sua precificação tomou conta da internet. Com argumentos como "eles têm um custo menor, logo, devem custar menos". Ora, desde quando se estabeleceu que games são qualificados em seus custos de produção?

Seguindo essa lógica, as pessoas deveriam pagar mais para ver Vingadores no cinema, e menos em um filme independente, mas não é o que acontece nos grandes cinemas mundiais. A arte tem um impacto muito mais abstrato em seus consumidores, seu real valor para um indivíduo é medido em seu nível de satisfação. Pra mim, ele está no quanto eu me diverti com a experiência e me senti recompensado pelo dinheiro investido. 
Existem até aqueles que afirmam que Metroid é inferior, por ser 2D em um mercado dominado pelos 3D AAA. Um bom argumento contra isso é comparar Super Mario World com um jogo como Call of Duty: Advanced Warfare. Apesar da diferença de época e de suas produções, é impensável imaginar que alguém ache que um COD genérico valha mais que um dos maiores clássicos que ditou uma era nos videogames, independente do custo alto, grandes cenários e explosões da franquia militar.

Entre 2D e 3D, o que você acha dessa discussão? Os jogos 2D deveriam ser mais baratos apenas por seu estilo e custo? O mercado ainda tem espaço para esse tipo de jogo ou deveria se render ao padrão vigente de mega produções? Deixe sua opinião e vamos conversar um pouco sobre esse assunto!

Revisão: Thais Santos

Redator publicitário em tempo integral e amante de games nas horas vagas. Provavelmente aprendi a segurar um controle mais rápido do que uma mamadeira. Cresci com os maiores clássicos da Big N como Zelda, Mario e Pokémon. Hoje aproveito os pequenos momentos de descanso da vida corrida para me perder em Hyrule, em uma Tóquio pós-apocalíptica ou em um mundo de encanadores e cogumelos.
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