Jogos 2D sempre foram parte da indústria de games, sendo os pioneiros de todos os gêneros, pavimentando o caminho para o que seria a indústria atual. Entretanto, o recente lançamento de Metroid Dread trouxe de volta uma discussão sobre o estilo, produção e precificação de games na atualidade. Necessariamente, todo jogo 2D deve ser considerado um jogo mais "fraco" e seu preço deve ser reduzido?
Um pouco de história
O primeiro jogo do mundo surgiu oficialmente no ano de 1958, criado por Willy Higinbotham. O game, chamado de Tennis Programing, depois conhecido como Tennis for Two, era simplesmente um software que simulava uma partida de tênis por um osciloscópio.
Game Tennis for Two criado em 1958 |
Tempos depois, com a oportunidade e evolução certa, surge o famoso Pong, em 1972. Criado pela Atari, o jogo foi um dos primeiros a ser comercializado e jogado em casa. Os principais fatores de seu sucesso eram sua "jogabilidade" e sua simplicidade: nada mais que um placar, dois traços e uma bola.
A sequência de eventos já é bem conhecida: Shigeru Miyamoto revolucionou o mercado com Donkey Kong e Mario Bros. Os jogos começam a se diversificar e expandir conceitos, e, no cerne de tudo isso, os jogos 2D.
Game de arcade Donkey Kong lançado em 1981 |
Por que jogamos?
Um fator em comum entre os primeiros e mais clássicos jogos feitos é a diversão. As pessoas não jogavam Pong porque adoravam seu enredo cinematográfico, seus gráficos de última geração ou seu mundo aberto vasto. As pessoas só queriam se divertir.
Diversão é o ponto chave do porquê nós jogamos. Claro, com ressalvas para o que lhe traz diversão, diversas pessoas se divertem com um game simples de história cativante, outros, com gameplay apenas, mas o que move o gamer sempre é o fator diversão.
Como este é um conceito muito relativo, como trazer a diversão para diversos públicos? É nesse contexto que nascem os gêneros, estilos e tipos de jogos e consoles. Em um mercado tão amplo, a diversidade é ponto chave para a sobrevivência das empresas.
O 2D ainda vive
É comum que a comunidade hoje seja bombardeada por games em 4K, com ultra gráficos em um mundo aberto infinito com mais de 1000 quests e personagens em um enredo de mais de 80 horas. Isso vende e domina o mercado, de fato, mas, como dito anteriormente, o conceito de diversão é diverso e se modifica de pessoa para pessoa.
Mesmo que os games 3D tenham dominado o mercado, ainda existe uma boa parcela que se volta para esse estilo clássico. A própria Nintendo reviveu o mercado 2D com títulos com alto número de vendas como New Super Mario Bros (DS) no Nintendo DS. Diversos jogos indies também tiveram importância no gênero, como Hollow Knight (Switch) e Celeste (Switch).
Eu, pessoalmente, não tenho tanto apreço por um novo Assassin's Creed ou qualquer lançamento AAA com suas 100h de exploração e diálogos (geralmente para prencher tempo e tentar justificar seu preço cheio). Nem sempre é isso que o público quer. Com a vida corrida e as preocupações do dia a dia, jogar um game requer um certo sacrifício de tempo, e ficar preso em mais de 100h de jogatina pode levar um mês inteiro. O que mais procuro atualmente é o pilar que aprecio em um bom jogo: jogabilidade.
A polêmica de Metroid Dread
Metroid nasceu no 2D e teve sua participação nos jogos 3D com a série Prime, mas seu legado se faz valer até hoje com o seu próprio subgênero, o Metroidvania, algo que por si só já difere a franquia de um indie que, apesar de poder ter tantas qualidades quanto, não carrega o peso de uma franquia pioneira consagrada.
Seguindo essa lógica, as pessoas deveriam pagar mais para ver Vingadores no cinema, e menos em um filme independente, mas não é o que acontece nos grandes cinemas mundiais. A arte tem um impacto muito mais abstrato em seus consumidores, seu real valor para um indivíduo é medido em seu nível de satisfação. Pra mim, ele está no quanto eu me diverti com a experiência e me senti recompensado pelo dinheiro investido.
Existem até aqueles que afirmam que Metroid é inferior, por ser 2D em um mercado dominado pelos 3D AAA. Um bom argumento contra isso é comparar Super Mario World com um jogo como Call of Duty: Advanced Warfare. Apesar da diferença de época e de suas produções, é impensável imaginar que alguém ache que um COD genérico valha mais que um dos maiores clássicos que ditou uma era nos videogames, independente do custo alto, grandes cenários e explosões da franquia militar.
Entre 2D e 3D, o que você acha dessa discussão? Os jogos 2D deveriam ser mais baratos apenas por seu estilo e custo? O mercado ainda tem espaço para esse tipo de jogo ou deveria se render ao padrão vigente de mega produções? Deixe sua opinião e vamos conversar um pouco sobre esse assunto!
Revisão: Thais Santos