Quem é “a maior mente da Europa”?
Em sua autobiografia, nem mesmo Agatha Christie soube dizer o que realmente a inspirou para criar Poirot. Sobre o detetive, ela apenas afirmou que ele seria belga — inspiração que veio dos refugiados belgas que procuraram na Inglaterra um novo lar após a Primeira Grande Guerra —, meticuloso, organizado, muito inteligente e, acima de tudo, excêntrico.
Em O Misterioso Caso de Styles, Poirot é apresentado como sendo um homem de 1,62m de altura, com cabeça em formato de ovo ligeiramente inclinada para um lado, olhos verdes, um espesso bigode típico dos oficiais do Exército, sempre posando com grande dignidade e em posse de uma bengala.
O detetive não é nada modesto e afirma que é capaz de resolver os mistérios apenas sentado em sua cadeira, diferentemente dos detetives da Scotland Yard, comparados por ele a “cães de caça humanos” que vão atrás das pistas para solucionar os crimes. Poirot se autointitula “a maior mente da Europa” e se gaba de sua capacidade para ligar os fatos como se fossem peças de um quebra-cabeça, utilizando sempre ordem, método e suas “células cinzentas” — modo como ele se refere ao seu cérebro.
Obituário de Poirot no jornal The New York Times |
Mesmo que em O Misterioso Caso de Styles Poirot seja visto procurando por pistas para solucionar os crimes, método tradicional que ele viria a criticar posteriormente, o detetive já mostrava traços de seu autêntico modus operandi baseado na psicologia. Investigando os envolvidos e suspeitos, Poirot se mostrava capaz de identificar o responsável pelo crime apenas observando as reações das pessoas com quem falava.
É bem comum, também, vê-lo inventando histórias para conseguir as informações que queria; inclusive, o detetive sempre procurava manter sua identidade em sigilo até o último momento. Essa característica é muito bem explorada no fechamento de seus casos, quando Poirot revelava, de maneira bastante dramática, o culpado pelo crime e o que o levou a cometê-lo.
Em 1975, ano da morte da escritora, foi publicado o livro Cai o Pano, no qual o detetive morre. Embora tenha sido escrito na década de 1940, a Rainha do Crime tomou essa decisão para evitar que explorassem seu personagem — agora já famoso mundialmente — depois que ela morresse. Poirot foi o único personagem fictício que teve sua morte anunciada na primeira página do The New York Times, tamanha a sua importância no mundo todo.
Poirot também foi protagonista em diversos seriados para TV e filmes, além de um anime. O filme mais recente no qual o detetive aparece é o reboot de Assassinato no Expresso Oriente, de 2017.
Agatha Christie — Hercule Poirot: The First Cases explora um Poirot mais novo que, apesar de seguir o estilo tradicional de investigação, já dá indícios de suas características mais marcantes para a resolução de casos. O jogo conta uma história original baseada no estilo consagrado de Agatha Christie e promete diversas reviravoltas durante a trama.
Já disponível para PC (via Steam), o jogo chega aos demais consoles em outubro.
Revisão: Thais Santos