Análise: Flynn: Son of Crimson (Switch) é um platformer clássico digno de aplausos

Na companhia da cachorra Dex, aventure-se em uma jornada intensa marcada pelos poderes da energia Crimson.

em 25/09/2021
Narrando a história das terras de Rosantica, Flynn: Son of Crimson chega ao Switch como um jogo de plataforma muito atraente. Além de ter uma estética belíssima, projetada com traços delicados feitos a mão, o título diverte com uma jogabilidade bidimensional que beira a perfeição. Assim, com combates enérgicos e breves puzzles em momentos de exploração, a aventura é uma grande pedida aos fãs de platformers no formato clássico, mesmo com alguns problemas na condução de sua trama linear. 

Salvando Rosantica das sombras

Caracterizado por um cabelo desgrenhado na cor carmesim (crimson, em inglês), Flynn é habitante da região mágica de Rosantica, a qual foi assolada recentemente por investidas sombrias de forças conhecidas como Scourge. Todavia, durante o processo de reconstrução de seu vilarejo, o garoto ruivo descobre que o conflito está longe de ser resolvido, já que ele sofre um ataque de um mago chamado Rozia. 
 
Flynn, apesar de seus dotes de espadachim, acaba sendo derrotado e vê o antagonista ferir Dex, uma cachorra que é considerada uma das guardiãs da região. Em uma reviravolta surpreendente, o protagonista é agraciado com os poderes lendários da energia Crimson, que foi herdada por ele de sua família, mas nunca havia se manifestado em sua pessoa. Com eles, o garoto consegue proteger o animal sagrado e desfere um ataque em Rozia, que se revela como um guerreiro Scourge antes de fugir do local do embate.

Com isso, Flynn inicia uma jornada para recuperar a vitalidade de Dex, enquanto também investiga os próximos planos da tribo Scourge. Isso implica em conseguir itens e avançar por fases bidimensionais de diferentes estilos, as quais podem ser acessadas através de um hub tradicional. Dentro delas, somos instigados a conhecer mais sobre os poderes da energia Crimson, que, em guerras passadas, já foram usufruídos por guerreiros de nossa região, como os próprios pais de Flynn. Eis que tais forças apresentam um grande potencial para os desafios que aguardam o protagonista no enredo que está começando.

Um gameplay de ação clássico e categórico

Desde o princípio, Son of Crimson se manifesta como um jogo de plataforma efetivamente clássico: em fases com início e fim, devemos controlar Flynn para atravessar cenários dispostos bidimensionalmente. Neles, somos desafiados com setores que exigem saltos precisos e ações para resolver puzzles, como encontrar chaves e empurrar blocos. Da mesma forma, os espaços também nos revelam incontáveis inimigos que devem ser derrotados, como aranhas, elfos, lobos e outras criaturas tomadas por forças malignas. 

Tratando-se da jogabilidade, tudo funciona de maneira primorosa, especialmente nos combates: os comandos, que envolvem golpes de espada e esquivas, são precisos no Switch, permitindo que os momentos de ação sejam divertidos. Para complementar este segmento, também temos a possibilidade de adquirir outros armamentos, novos movimentos e demais melhorias, o que dá uma profundidade interessante à jogatina. Entre as adições, minhas preferidas foram a possibilidade de usar um machado e a capacidade de lançar magias elementais.

No entanto, apesar desta liberdade para adquirir melhorias, cabe ressaltar que estamos falando de um jogo bastante linear em termos de progressão. Afinal, devemos seguir um caminho de fases pré-determinado até chegarmos aos objetivos definidos, uma característica que pode incomodar jogadores de certos estilos. A única quebra presente nesse quesito se dá pelo fato de que alguns estágios podem apresentar duas saídas. Porém, elas não chegam a influenciar completamente as encruzilhadas de nossa jornada, visto que temos uma trilha a seguir.

Portanto, Son of Crimson não é exatamente livre como um metroidvania, pois conta com momentos de progressão e exploração consideravelmente tímidos, em comparação a outros títulos do gênero. Mas, isso não é um impeditivo para a diversão; pelo contrário, tive grandes momentos vivenciando a jornada, que me prendeu do início ao fim, especialmente por ter um gameplay mais profundo e perspicaz do que eu esperava.

Maravilhas desenhadas a mão e outras proezas 

Além das qualidades em sua jogabilidade, há outro setor de Son of Crimson que merece ser exaltado: sua estética. Aqui, além de uma trilha sonora epopeica, composta por temas vigorosos com instrumentos de sopro, também temos visuais extremamente charmosos, veiculados através de detalhes e animações feitas a mão.

Isso torna a proposta da aventura muito carismática, criando atmosferas extremamente agradáveis, as quais se diversificam conforme avançamos. Desse modo, visitamos localidades exuberantes e variadas, como as montanhas geladas de Mistral Peak, a misteriosa cidade aquática de Neptyn Capital e as florestas da Cardinal Island, nosso arquipélago natal.

Ainda quanto às belezas gráficas, outro destaque fica para o design dos elementos, como os próprios armamentos, e a personificação dos heróis do enredo. Nossa companheira Dex, que inclusive pode ser montada em alguns momentos da campanha, apresenta uma pelagem com uma textura incrível, a qual dá vida à cachorrinha e a faz parecer imponente e fofa ao mesmo tempo.

Assim, Son of Crimson formula uma essência carismática, que somada ao seu gameplay, transforma a jornada em uma experiência envolvente. Isso me fez querer aproveitar ao máximo o itinerário, buscando encontrar todos os detalhes das fases, como seus coletáveis. Estes objetos podem ser vendidos para NPCs em troca de moedas, as quais podem ser usadas para comprar upgrades de combate. Ou seja, há uma motivação para se retornar às fases já jogadas, o que eleva o fator replay — uma característica sempre muito bem-vinda.

Problemas em tons carmesim

Em sua totalidade, Son of Crimson não é, exatamente, uma aventura curta. Porém, ela pode ser ligeira dependendo de como se lida com os seus elementos internos. Acontece que não há um grande número de cutscenes ou similares na campanha, fazendo com que a história seja contada, muitas vezes, através de diálogos não obrigatórios com NPCs. 

Forma-se uma adversidade que pode ser problemática especificamente em um ponto: caso o jogador não circule pelas cidades e converse com certos personagens, o conteúdo é encurtado e pode gerar dúvidas quanto aos acontecimentos da trama. Caso isso ocorra, a conclusão do título pode, sim, ocorrer em poucas horas. Ainda por cima, de uma forma prejudicial, que não apresenta maiores explicações sobre o universo de Rosantica.

Desse modo, entendo que a condução da trama pode ser frágil em determinadas situações, acarretando em uma superficialidade momentânea que passa ares de brevidade ao jogo. Cabe ao jogador, portanto, aproveitar ao máximo as situações vividas com os personagens do mundo singular de Son of Crimson. Assim, creio que se possa absorver propriamente a experiência do indie.

Palmas para a saga de Flynn

Com momentos gloriosos que lembram franquias como The Legend of Zelda e Donkey Kong, Flynn: Son of Crimson é um platformer clássico capaz de se destacar na biblioteca do Switch. Além de uma estética que cativa desde o início, sua grande proeza é a jogabilidade: agradável e se desenvolve efetivamente, inclusive com upgrades proveitosos para os combates. Desse modo, o título merece longos aplausos, não apenas durante os créditos finais, como também ao longo de toda sua jogatina.

Prós

  • Uma aventura de plataforma clássica com jogabilidade primorosa;
  • Estilo visual e trilha sonora apaixonantes;
  • História com situações e personagens interessantes;
  • Boa quantidade de melhorias para o protagonista, diversificando as estratégias;
  • Cativante e envolvente em sua totalidade.

Contras

  • Jornada altamente linear;
  • A condução da trama pode simplificar demasiadamente a história.
Flynn: Son of Crimson — Switch/PC/PS4/XBO — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Felipe Fina Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela Humble Games

Jornalista, colaborador no Nintendo Blast e doutorando em Comunicação Social.
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