A era do Nintendo DS foi definitivamente marcante para vários jogadores pelo mundo afora que puderam somar incontáveis horas em sua premiada biblioteca de mais de 500 títulos, dentre os mais variados tipos e gêneros. O console soma um total de 155 milhões de unidades vendidas entre todas as versões e é o segundo console mais vendido da história da indústria de games, atrás apenas do PS2.
Mesmo que o portátil de duas telas fosse capaz de rodar games em 2D e 3D com bastante fluidez, ele fora bastante rechaçado em seu lançamento pela diferença no poderio gráfico da concorrência. Com o passar dos anos, a opção de uma entrada mais barata se mostrou uma decisão acertada com o expressivo número de vendas obtido em seus quase 10 anos de prevalência, superando as marcas do portátil adversário.
Com tantas memórias coletadas neste que foi o console de infância de muitas pessoas — e aqui eu me incluo — resolvemos destacar alguns games que puderam trazer o aparelho ao seu máximo no quesito de performance gráfica e encontramos algumas surpresas nesse processo. Cabe destacar que o texto reflete a minha opinião e certamente faltarão outros belos títulos que fizeram a infância e adolescência de muitos lares brasileiros.
10 - The World Ends With You
Neste marcante game que acabou de receber uma sequência para o Switch, não poderíamos esperar menos da mesma equipe da Square Enix que desenvolveu Kingdom Hearts, liderada por Tetsuya Nomura. A arte e os gráficos ficaram surpreendentes e “estilo” é a palavra que usamos para definir o game.
A estrutura em ambas as telas do portátil permite uma mistura de personagens em 2D com um mundo em 3D que simplesmente dá certo, figurando também com batalhas com efeitos impressionantes para o Nintendo DS, tudo com uma fluidez realmente impressionante e orgânica. Não à toa, mesmo com o lançamento para outros dispositivos ao longo do tempo, essa é até hoje a melhor versão segundo a comunidade de fãs.
9 - Super Mario 64 DS
Super Mario 64 DS foi anunciado primeiramente como uma demo técnica do DS na E3 de 2004 — deixando todos com um gosto de “quero mais” — e até então a Nintendo não confirmava o desenvolvimento do game. Próximo ao lançamento do portátil, no entanto, a Nintendo realizou uma conferência que confirmou que o remake estaria disponível logo no primeiro dia do DS.
O anúncio levou muitos fãs à extrema satisfação, haja vista o reconhecimento do jogo original como um dos melhores games já feitos de todos os tempos e a possibilidade de se jogá-lo em qualquer lugar brilhava os olhos dos amantes do clássico.
A primeira sensação que se tem ao jogá-lo é de como a Nintendo foi caprichosa na criação desta versão. Todos os elementos presentes no game original (bem como movimentos, estrelas, moedas, chefes, inimigos) estão presentes, mas os gráficos foram repaginados quase que por completo, trazendo novas paletas de cores, texturas e, principalmente, mais polígonos nos modelos tridimensionais.
8 - GTA: Chinatown Wars
Na premiadíssima versão portátil da série Grand Theft Auto, se há algo que pode muito bem ser dito em favor de Chinatown Wars são os lindos gráficos: desenvolvido em cel shading com gráficos 2.5D e visão isométrica, o jogo é de longe um dos mais bonitos para o portátil da Nintendo.
O nível de detalhes mesmo em um sistema de hardware limitado é impressionante: capôs danificados voam, faíscas se soltam de motores defeituosos, movimentos humanos quando correm, lutam, quando são lançados contra o asfalto ou “voam” pelo ar ao serem atingidos por jatos de água, todos transmitem realidade. Detalhes em veículos, estruturas físicas, ruas e avenidas são um show à parte.
Chinatown Wars fez história no DS e seu visual envelheceu bem ao ponto desta versão de Liberty City ser praticamente um transporte perfeito para o portátil, sendo um fator importante para uma das mais queridas cidades da franquia.
Com o relançamento do game para smartphones, a versão do DS ainda se mantém relevante e mostra um dos pouquíssimos casos de sucesso de um jogo do gênero de mundo aberto no portátil de duas telas.
7 - Mario Kart DS
Neste que é o segundo jogo mais vendido da história do console, os gráficos estão muito bons ao ponto de finalmente trazer os corredores em modelos tridimensionais e pistas para lá de coloridas e icônicas, ainda que remetam muito a Mario Kart 64 (N64).
Os personagens estão bem desenhados, as pistas ricamente detalhadas, com visual bastante limpo e as retrôs são bastante fiéis às clássicas, mesmo que replanejadas. A trilha sonora e a sonoplastia também não deixam a desejar e colocam os pequenos alto-falantes do DS para trabalharem pesado e complementam o trabalho excepcional feito pelo título de 2005.
6 - Okamiden
Okamiden é o típico game incrível que saiu nos últimos suspiros do console e oferece uma das experiências mais interessantes que já apareceram no DS. Além de evidenciar a união cada vez mais presente em videogame e arte, ainda conta com um roteiro que provoca reflexões e faz pensar, trazendo várias mecânicas diferentes de jogabilidade e muita diversão.
Se o primeiro Okami se destacou essencialmente pela exploração de ambientes, simplicidade nos controles e belíssimos visuais inspirados em pinturas artísticas japonesas, essas mesmas características foram mantidas na continuação graças a um apreço todo especial da equipe, que conseguiu utilizar o hardware limitado do DS sem maiores problemas.
É incrível ligar o DS e perceber a fluidez das animações, o cuidado com cada pequeno detalhe, a movimentação e a “vida própria” que cada personagem possui e o mesmo visual rico de sutilezas e significações que todo mundo esperava. Cada elemento que compõe a parte técnica – e isso inclui os menus bonitos e intuitivos – está bem próximo do máximo que o portátil da Nintendo pode oferecer, evidenciando um cuidado com o aparato técnico não muito comum.
5 - Sonic & SEGA All-Stars Racing
Games multiplataforma foram, em sua maior parte, produtos de qualidade sofrível para o DS, mas graças ao bom trabalho da SEGA, Sonic & SEGA All-Stars Racing é uma grande estrela no portátil, colocando o próprio título de gênero semelhante ao da Nintendo em uma posição abaixo no ranking.
Personagens, pistas e outros elementos da versão para consoles não deixam em nada a desejar no portátil e chamaram atenção pela quantidade de conteúdo e fluidez, ainda com gráficos impressionantes e qualidade de texturas extremamente raras no console.
4 - The Wizard of Oz: Beyond The Yellow Brick Road
Inicialmente conhecido como Riz-Zoawd, no Japão, o game baseado na obra "O Mágico de Oz" chegou ao ocidente graças à XSEED e apesar de não contar com ótimas reviews, mostram visuais de cair o queixo de qualquer dono do portátil nintendista.
Sob o título de "The Wizard of Oz: Beyond the Yellow Brick Road", o game é um competente RPG que mostra as aventuras da garotinha Dorothy e seu fiel cãozinho ao lado Espantalho, ao Homem-de-Lata e ao Leão Covarde pelo reino de Oz, que aparece tão bonito quanto poderia ser no console.
3 - Kingdom Hearts 358/2 Days/Kingdom Hearts Re:Coded
Depois do sucesso no PlayStation e o impressionante Chain of Memories no GBA, a franquia retornou aos consoles da Nintendo. Da mesma forma que seu antecessor, os mundos Disney divididos em várias áreas são muito próximos aos vistos nos jogos para o PlayStation 2 e fizeram desse game uma experiência sólida na série.
É óbvio que o trabalho com polígonos em 358/2 Days não é o mesmo, ao passo que os níveis de detalhes também não são tão altos, mas a Square Enix definitivamente tem o seu mérito no que diz respeito aos gráficos.
Com direção mais uma vez de Tetsuya Nomura (dessa vez com a ajuda de Tomohiro Hasegawa), é possível ver todo o cuidado visual e sonoro que a equipe teve com 358/2 Days. O acabamento visual das cutscenes e dos gráficos de batalha são impressionantemente acima da média. O uso de cores, a construção poligonal e os efeitos especiais estão no mesmo nível que os melhores games do DS. O trabalho realizado pela Square Enix é simplesmente impecável.
Kingdom Hearts Re:Coded, por sua vez, conta com a mesma engine gráfica da entrada anterior no portátil de duas telas. A ação roda de forma lisa, com raras quedas na taxa de quadros por segundo e muitos efeitos visuais altamente brilhantes, possivelmente superiores do que em 358/2 Days, ainda que muito semelhantes.
A ambientação digital do jogo também é muito bem feita e dá um charme único a esse capítulo da série. Por outro lado, sendo esse um remake de um game exclusivo para celulares japoneses, o seu escopo é menor, o que leva a poucos cenários complexos — a maioria possui pouquíssimos elementos complicados.
Visualmente, o game é muito acima da média do que estamos acostumados a ver no DS. É possível perceber que os inimigos, personagens e cenários possuem uma gama de detalhes muito grande que ficaram melhores quando vistos diretamente da tela do aparelho. Embora as cenas em CG tenham sido substituídas por cenas de movimentação, na prática, pouco é alterado.
A verdade é que Re:coded, ainda que muito semelhante, parece renderizar tudo de forma mais limpa e fluida do que em 358/2 Days, mostrando que a Square Enix aprimorou a fórmula e caprichou nos detalhes.
2 - Solatorobo - The Red Hunter
Contando a história de Red Savarin, um caçador que pertence a raça Caninu, o jogador controla um robô — junto ao que conhecemos como um cão — e explora diversas ilhas aéreas.
O game, que mistura ação e RPG, foi um dos mais esperados antes do seu lançamento no Japão e era conhecido exatamente pelo belo visual artístico e história cativante. Seja em ambientes de luta, em cutscenes ou mesmo na ambientação, é tudo uma verdadeira obra de arte.
Desenvolvido pela mesma equipe responsável pela franquia de anime e mangá .Hack, o game tem como principal destaque a presença de cenas de animação feitas pelo estúdio japonês Madhouse. Considerado sequência espiritual de Tail Concerto (Multi), Solatorobo mistura RPG e ação para criar uma atmosfera específica.
Bônus: Moon
Moon foi um dos grandes FPS do Nintendo DS, produzido pela talentosa Renegade Kid, responsável por Dementium (DS) e Mutant Mudds (Multi). Por se tratar de um ótimo First Person Shooter, gênero tão escasso no portátil, o título foi merecidamente aclamado e justificou um relançamento no eShop do Nintendo 3DS com o nome de Moon Chronicles.
O game consegue apresentar um visual sólido (com uma engine que está entre as melhores do aparelho), uma apresentação muito bem produzida e transporta o jogador à atmosfera lunar de maneira excepcional, principalmente por causa da ótima trilha sonora.
1 - Metroid Prime Hunters
Quando finalmente Metroid Prime Hunters chegou às lojas em 2006 como um dos poucos, senão o único até então, Metroid a ser focado quase que exclusivamente no multiplayer, ele trouxe um padrão para FPS no DS, usando a stylus para suprir uma das maiores necessidades do portátil: um bom analógico!
Definitivamente, há muito o que explorar nos cenários do jogo e é preciso dizer que os gráficos estão realmente acima de quase tudo o que já vimos no DS, mesmo sendo um game lançado nos primórdios do portátil.
Enquanto o jogador conduz o jogo pela tela de toque, é na tela de cima que o jogo dá um banho de texturas lindas e efeitos de luz de primeira. É incrível como os ambientes do planeta Alinos de Metroid Prime Hunters e Magmor Caverns de Metroid Prime (GC) se assemelham tanto, mesmo tendo uma diferença técnica absurda entre as duas plataformas.
Cutscenes são um ponto alto, todas elas estão no padrão de um console de mesa, mas com uma resolução baixa e um pouco esfumaçadas por conta do hardware do DS. Talvez a sonoplastia decepcione um pouco, mas consegue ambientar bem os variados cenários que vão de construções em lugares nevados a bases espaciais, passando por cavernas vulcânicas e muito mais.
O jogo é simplesmente um marco para o Nintendo DS e é um show à parte para todos que puderam colocar suas mãos nessa entrada na franquia, mostrando o real poderio gráfico do portátil de duas telas.
O Nintendo DS certamente marcou a vida de muitas pessoas, sendo o console da Big N mais bem sucedido de todos os tempos no mérito de vendas. Entre tantos jogos surpreendentes na biblioteca do console, vale relembrar que visuais bonitos não significam se tratar de um bom game e vemos isso também com certa frequência no caso do Nintendo DS.
Ainda que inferior em sua capacidade de produzir gráficos tridimensionais se comparado à concorrência, o DS marcou toda a geração do início dos anos 2000 e foi figura carimbada em vários segmentos da cultura pop e nos lares de tantas famílias ao redor do globo. Cada aventura, pixelada ou tridimensional, certamente revolucionou e embelezou a maneira de se jogar videogames.
Confira as demais listas desta série
- Nintendo 3DS
- Nintendo DS
- Game Boy Advance
- Game Boy
E você? Já pôde curtir esses games no seu Nintendo DS? Se lembra de algum jogo que possamos ter esquecido? Conte-nos nos comentários abaixo!
Revisão: João Pedro Boaventura