O Game Boy é ainda para muitos o console portátil mais amado de todos os tempos. Não apenas o pequeno tijolo da Nintendo revolucionou a indústria trazendo jogos competentes para serem jogados em qualquer lugar, mas consolidou o nome do seu aparelho como sinônimo de videogame portátil— afinal, quem nunca teve que responder que o seu DS/3DS não era um Game Boy para alguma tia?
Para essa lista, estou utilizando o mesmo critério utilizado pela Nintendo de colocar Game Boy e Game Boy Color em uma mesma categoria (assim como o DSi é para o DS e o New 3DS para o 3DS). É uma decisão polêmica, uma vez que muitos jogos foram lançados com a logo exclusiva do Color, ainda que 30% de todos eles também funcionavam no Game Boy original sem problemas.
Juntos, os consoles venderam mais de 115 milhões de unidades, se consolidando até o momento como o segundo sistema de maior sucesso financeiro da Big N, atrás apenas da linha Nintendo DS, com mais de 150 milhões.
Dentre tantos jogos fantásticos que tiveram suas estreias no portátil e a vasta variedade de sua biblioteca, pudemos encontrar muitos games que impressionaram em seus gráficos, principalmente se levado em conta a tela de qualidade questionável da primeira versão e a CPU limitada compartilhada entre ambas.
Tendo em vista esta relíquia da história dos videogames, resolvemos destacar alguns games que puderam trazer o aparelho ao seu máximo no quesito de performance gráfica trazendo uma otimização de seus recursos visuais digna de surpresa, não se tratando dos melhores games ou de melhores gráficos.
Cabe destacar que o texto reflete também apenas a minha opinião e sem dúvidas faltarão outras entradas que fizeram parte da trajetória de vários jogadores e sua trajetória enquanto fãs da Nintendo.
10. V-Rally Championship Edition
Possuindo vários jogos de corrida interessantes que conseguiram ultrapassar as barreiras das limitações gráficas do Game Boy de maneira até mais surpreendente, como em Race Drivin’ (GB), mas é em V-Rally Championship Edition que a fórmula funciona muito bem, tanto na versão original, quanto na sua variante com cores.
Além da estética simuladora de profundidade, há ainda uma variedade interessante de elementos nos cenários, com figuras no plano de fundo e características cênicas bacanas, ainda que falte um pouquinho de identidade para cada uma das áreas da aventura se distinguirem. De qualquer forma, o jogo dispensa apresentações para as limitações do portátil, oferecendo de quebra uma das melhores experiências do efeito 3D em um título 2.5D.
9. Lufia: The Legend Returns
Dentre a vasta coleção de títulos de aventura e RPGs disponíveis na biblioteca do portátil, em Lufia: The Legend Returns, encontramos uma aventura para lá de bonita visualmente, com direito ao uso e abuso de texturas e sprites bem elaborados para os padrões da época.
Com destaque especial para os backgrounds em cada fase e cenário, o mundo aparenta ser muito mais vivo graças ao belo trabalho feito pela equipe da Neverland e Netsume, consolidando em uma aventura sólida para o console.
8. Prehistorik Man
Mais conhecido pela sua versão para SNES, o nosso querido homem das cavernas retorna no GB, com um jogo de encher os olhos. Não apenas a estrutura de plataforma consagrada no título original está presente, como também somos colocados em trechos de jogabilidade tridimensional de uma forma totalmente integrada com os demais trechos do jogo, mantendo a beleza e riqueza de seus sprites.
Mesmo sofrendo com a dificuldade do Game Boy em oferecer diferenças de cores em seus pixels, o que acarretou em diversos fundos de cenário totalmente brancos, o game aproveita para caprichar em cada elemento que aparece na tela.
7. PERFECT DARK
A Rare foi colocada para trabalhar em suas adaptações de clássicos para o Game Boy e a famosa franquia de fps, foi mais um trabalho de adaptação impressionante. Apesar da alternância no gênero de tiro, essa versão de Perfect Dark é construída em torno do motor gráfico de Metal Gear Solid da Konami, que veremos mais à frente na lista, e consegue adaptar muito bem a estética e atmosfera da série, ainda que com as limitações do hardware.
Embora não seja realmente tridimensional, a posição de 45º de câmera favorece os gráficos em Perfect Dark, com várias animações extremamente suaves sendo exibidas na telinha. A protagonista Joanna é renderizada de forma bastante natural in-game quanto durante as “cutscenes” com animações e grandes sprites que definitivamente fizeram valer a potência extra da versão Color, consagrando a solidez do título.
6. Metal Gear Solid
Neste que é um dos mais improváveis games a serem trazidos para o portátil, o seu dever era muito grande e a entrega conseguiu ainda assim ser muito acima da média. A franquia Metal Gear Solid é sinônimo de referência visual desde o seu lançamento e conseguir trazer uma experiência, ainda que limitada, para o aparelho Nintendo foi notável.
Também conhecida como Metal Gear Solid: Ghost Babel no Japão, a estreia da série em um console portátil foi recebida com aclamação pela crítica especializada, a qual elogiou que a conversão de uma experiência 3D em um jogo 2D foi perfeita sob medida. O título retornou às origens da série com ênfase no combate furtivo muito antes dele retornar com toda força na 7ª geração de consoles e a mistura de elementos gráficos, animações quase em quadrinhos e a sua seleção diversificada de gadgets e design visual fazem dele ainda hoje um queridinho dos fãs.
5. Alone In The Dark: The New Nightmare
Logo de cara, é impressionante ver toneladas de gráficos pixelados complexos de goblins e afins, mas Alone in the Dark vai totalmente ao limite quando se trata dos tipos de gráficos que estamos esperando ver na tela de um Game Boy. Para os padrões atuais, há quem diga que eles são confusos e meio feios em alguns casos, mas a versão para Game Boy Color deste clássico do horror de sobrevivência, ele dá o seu melhor para simular a versão consagrada dos consoles de mesa e PC.
Dentre tantos aspectos gráficos dignos de elogios, os ambientes intensamente sombreados, renderizados o mais fielmente possível no console conseguem entregar uma verídica experiência da série. A Pocket Studios criou um ambiente pseudo-3D com mais de 300 ambientes de cores elevadas e seis ângulos de câmera diferentes para surpreender os jogadores com várias artimanhas técnicas para superar as dificuldades do hardware que realmente vale a pena, ainda que muito curto.
4. Resident Evil Gaiden
Dentre os amantes dos grandes arrasta-quarteirões da indústria, a série Resident Evil também sempre foi sinônimo de jogaço, principalmente em suas entradas para os consoles de mesa, ainda que com várias reticências ao longo de suas meia-dúzias de jogos.
Em Gaiden, a perspectiva top-down escolhida segue a mesma linha dos demais títulos foto-realistas, mudando para a visão em primeira pessoa durante o combate na pele de Leon Kennedy. O estilo de jogo foi uma tomada única da série Resident Evil, e que dividiu muito os fãs e críticos, mas sem deixar de ser relembrado como um excelente trabalho de arte para um jogo de Game Boy Color.
3. X
Dentre os diversos games que buscaram usar e abusar do efeito tridimensional em seus jogos, Faceball 2000 é geralmente um dos mais lembrados de toda a biblioteca do portátil, mas X se difere e muito de todo o resto ao trazer um gameplay funcional e caprichado.
Com o mesmo programador e designer-chefe que trabalhou no Star Fox, Dylan Cuthbert,o jogo merece a sua alcunha de “O Starfox do Game Boy”. Assim como as aventuras de Fox, o jogo coloca o jogador nos controles de uma nave, ultrapassando diversos ambientes em 3D, que fazem se questionar como o game deveria ser revolucionário na tela de um portátil noventista.
2. Donkey Kong Land/ Donkey Kong Country
Milagrosamente ou não, a série Donkey Kong conseguiu se estabilizar no aparelho com formas bastante semelhantes de gameplay aos seus queridinhos de SNES. Os próprios sprites, sobredimensionados para preservar os detalhes dos originais tridimensionais, eram compostos de vários sprites empilhados juntos e animados independentemente. Este foi um truque comum usado em muitos jogos graficamente intensos feitos para o hardware, mas a sua execução impecável e sem engasgues aqui no Game Boy, no entanto, é inigualável.
Ainda que controversa, a decisão de implementar o mesmo estilo gráfico 2.5 na versão do portátil também levou a uma enxurrada de críticas, que consideram o jogo visualmente injogável em algumas telas. No entanto, as escolhas da Rare com as entradas Land, embora talvez não tão sensatas para todos, foram proezas únicas e impressionantes para o hardware do Game Boy.
Toda a discussão motivou a Nintendo a trazer a própria série Country para o portátil, mas com a ênfase em dar à série mais uma tentativa com uma paleta de cores melhor no GBC. Devido às restrições, a principal diferença desta versão de Donkey Kong Country é que o gorilão e Diddy nunca estão na tela ao mesmo tempo — por mais absurda que a decisão possa ser para os fãs mais saudosistas.
Embora pareça melhor que Donkey Kong Land, ele não pressionou tanto o hardware da GBC, ainda que tenha algumas boas animações e modelos em 3D realmente finos. Aprimorando a fórmula da série anterior, ainda que mantendo sua estrutura base, foi aqui que a macacada pôde se manter jogável e surpreendentemente similar à experiência clássica no SNES
BÔNUS: Shantae
Desconhecida pela grande maior parte da indústria, a primeira entrada da série Shantae é um dos exemplos mais citados de primazia técnica logo nos últimos suspiros do Game Boy Color. Os fundos e os gráficos do menu são estilizados e luxuosamente coloridos, o que acompanha todas as animações contidas no jogo, inclusive as da própria meia-gênia.
O melhor é que o game é tão incrivelmente suave que você pode ser enganado ao pensar que se trata de um jogo do início do Game Boy Advance, mas a desenvolvedora WayForward usou todos os truques possíveis para fazer este jogo ganhar vida, incluindo algumas ideias já antes vistas como de diferentes fontes de luz para dar uma maravilhosa ilusão de tempo tanto de dia quanto de noite.
1. Star Ocean Blue Sphere
Em uma das séries de RPG mais esquecidas pela mídia tradicional, Star Ocean: Blue Sphere é um espetáculo visual na telinha do portátil, com incríveis animações, efeitos e jogabilidade fluida durante todo o game.
Diferente da maioria dos jogos que se limitou a utilizar sprites para representar as batalhas em turno, o game usa e abusa de fundos em movimento até mesmo durante o combate e possui uma das melhores adaptações para o Game Boy original, de maneira totalmente orgânica e surpreendente.
De fato, pouco se é comentado a respeito dessa entrada na série e se mantém pouco relevante em diversas rodas de discussão sobre o Game Boy. Ainda assim, experimentar o game com as próprias mãos em um console tão antigo leva a questionar a própria qualidade de outros games mais conhecidos no console, como Pokémon Red/Blue/Gold/Silver (GB) e os demais Super Mario Land (GB).
Jogos de verdade, em qualquer lugar
Com vários jogos se destacando por visuais surpreendentes para o Game Boy vale recordar que possuir belos visuais não significa se tratar de um bom game e diversos jogos sofreram com notas bastante baixas justamente pelos visuais serem o único atrativo do jogo.
De qualquer forma, o portátil marcou sua geração e se consolidou como o maior exemplo de como trazer jogos reais e complexos para as pequenas telas, contrastando com os vários minigames 1000 em 1 que tínhamos como opção de jogos portáteis nos lares brasileiros — e aqui eu me incluo.
Mesmo com diversos títulos envelhecendo mal, há também várias pérolas escondidas na biblioteca do Game Boy que valeriam a pena ser ressuscitadas. Cabe a nós ficarmos na torcida para a confirmação dos rumores e a chegada da família Game Boy ao Nintendo Switch Online em um futuro próximo.
Confira as demais listas desta série
E você? Já pôde curtir algum desses games no seu Game Boy? Se lembra de algum jogo que possamos ter esquecido e vale a pena mencionar? Conte-nos nos comentários abaixo!
Revisão: Diogo Mendes