Shadowverse, a febre do momento
A aventura começa em Nekome, quando o jogador, assumindo o papel de um aluno de ensino médio recém-transferido para a Tensei Academy, chega à cidade. Atrasado para o primeiro dia de aula, o protagonista logo se entrosa com Hiro Ryugasaki, um de seus colegas de classe fissurados no jogo eletrônico Shadowverse.
Kazuki Shindo e Mimori Amamiya, amigos de Hiro, também adoram o jogo de cartas. Os três ficam espantados quando o novo aluno, que a princípio desconhecia o TCG e suas regras, demonstra rapidez e facilidade para aprender as manhas do card game. Admirado, o sempre enérgico Hiro diz que está buscando integrantes para reviver o clube de Shadowverse da escola e, dessa maneira, o protagonista acaba se tornando o quarto membro desse grupo de personalidades distintas.
Um card pack para quem adivinhar qual é a minha classe favorita |
Aprendendo na prática
Apesar de não ser opcional, o tutorial em Shadobato (como é conhecido o jogo no Japão) está longe de ser entediante. É dada ao jogador a oportunidade de aprender o how-to na prática, sem deixar nenhuma informação importante escapar. Como um dos pontos fortes do TCG é a presença de sete classes distintas — Forestcraft, Swordcraft, Runecraft, Dragoncraft, Shadowcraft, Bloodcraft e Havencraft —, esse passo a passo guiado por Hiro consiste em duelar com jogadores de diferentes especialidades.
Hiro também ensina o protagonista a usar o Shadowvendor, uma espécie de caixa automático no qual é possível comprar cartas avulsas, protetores para as cartas (sleeves) e card packs. Existem Shadowvendors espalhados por todos os lugares e cada um deles oferece cartas e sleeves diferentes, incentivando o jogador a explorar todos os mapas.
Fazer decks em homenagem aos amigos, por que não? |
Não sei montar decks, e agora?
Outro acerto da Cygames foi incluir a possibilidade de montar os baralhos que os personagens e NPCs usam durante o jogo. Ao vencer as partidas, o jogador recebe o deck code do baralho usado pelo perdedor e, caso tenha as cartas necessárias, poderá criá-lo automaticamente.
É nesse momento que as características típicas de RPGs entram em cena. Além dos card packs, pode-se obter cartas ao derrotar os oponentes, completar missões ou atingir determinados níveis nas classes. O foco continua sendo o embate no TCG, mas o grinding, apesar de carregar uma conotação negativa já advinda de outros inúmeros jogos, acaba conferindo várias horas de rejogabilidade positiva a Champion's Battle.
Uma fada brilhante para uma garota cintilante |
Salvo exceções, pode-se comparar Shadobato com Pokémon no quesito colecionismo. Para conseguir novas cartas e montar baralhos ainda mais poderosos, é necessário duelar, subir de nível e conseguir rupies (a moeda do jogo) para comprar card packs e cartas avulsas.
Ao todo, são 138 deck codes e 662 cartas para coletar, sendo algumas exclusivas da animação. Mesmo que a quantidade de NPCs seja escassa, muitos deles passam a usar novos baralhos (alguns com nomes muito engraçados, diga-se de passagem) conforme o jogador progride nos ranks, atingidos após completarmos os campeonatos na campanha principal.
Esse fato de personagens não jogáveis também “evoluírem” durante o jogo é mais um ponto positivo para a rejogabilidade em Shadobato. No entanto, a maior variedade está na Underverse Arena, local desbloqueado no capítulo 7 da campanha, onde alguns personagens possuem habilidades especiais que colocam à prova o pensamento estratégico do jogador durante os duelos.
Só mais 138.000 Umbra Coins |
Por exemplo, o Hiro’s Ultimate Dragoncraft Deck precisa de três cópias de Dragon Blitz e de Ignis Dragon, duas Prize Cards, para ser criado. Dessa maneira, é necessário coletar Umbra Coins e usufruir dos serviços do Card Copier, que só pode ser encontrado na Underverse Arena. E dá-lhe grinding!
Muito além de um jogo de cartas
A campanha de Champion's Battle tem, aproximadamente, 40 horas, divididas em uma história composta por nove capítulos principais e um décimo que serve como pós-jogo. Para os complecionistas de plantão, a jogatina pode se estender para além de 100 horas, uma vez que Shadobato conta com 126 conquistas (achievements) dos mais variados requerimentos, como completar missões paralelas (side quests) e atingir o nível máximo nas classes.
Algumas dessas side quests também são desbloqueadas conforme se avança na campanha, como as dos oito personagens principais: Hiro, Kazuki, Mimori, Kai, Alice, Luca, Kagura e Mauro. Mesmo opcionais, pode ser uma boa ideia tirar um tempinho para completá-las para conhecer um pouco mais sobre os personagens em questão e obter skins exclusivas para usar no modo multiplayer (local ou online), entre outros prêmios cosméticos.
Rumo aos 100%! |
No meu caso, optei por usar o avatar feminino na história, mas ao duelar contra um amigo no multiplayer local, escolhi a skin da Alice para meu deck Shadowcraft. Por falar nos baralhos, estes também podem ser customizados e renomeados, mesmo que sejam provenientes de deck codes. Em outras palavras, mesmo que o jogador não tenha todas as cartas necessárias para a criação de um deck específico, é possível criá-lo e substituir as cartas faltantes por outras.
Multiplayer = multidiversão
Existem diversos benefícios de experimentar o multiplayer de Champion's Battle. O primeiro deles, obviamente, é duelar contra seres humanos em vez da inteligência artificial da campanha. Isso permite ao jogador experienciar diferentes estilos de jogo e estratégias, mas nem só duelos o modo oferece.
No modo local para dois jogadores, os participantes podem, além de duelar entre si, trocar cartas (aleatórias) e deck codes. Por mais que só seja possível ganhar uma carta por dia de até cinco pessoas diferentes, Shadobato pode armazenar até 99 baralhos conseguidos no modo multiplayer (local ou online) na aba Online do menu dos deck codes.
O modo online, além de oferecer partidas ranqueadas, tem suas próprias missões e recompensas, algumas exclusivas do Battle Pass vendido à parte na eShop. Os jogadores também podem fazer upload de seus próprios baralhos, que ficarão disponíveis para qualquer pessoa baixá-los por meio de um código.
Até o momento de publicação desta análise, não foi possível experimentar o multiplayer online.
Um espetáculo à parte — e alguns probleminhas também
Os diálogos mais importantes de Champion's Battle são dublados, tanto em japonês quanto em inglês, assim como as cartas. Existem muitas cenas em estilo anime e algumas cartas especiais possuem suas próprias cutscenes ao serem colocadas em jogo.
Além disso, cada classe possui uma música-tema própria, fazendo com que a BGM mude de um duelo para outro. Os efeitos especiais também conferem bastante carisma e cor aos embates, então nada é o mesmo em Shadowverse.
Embora nem todos os menus sejam compatíveis com a touchscreen, os duelos podem ser jogados com a tela sensível ao toque do Switch, reproduzindo a sensação de jogar em um smartphone. No modo TV também não foram notados quaisquer problemas em termos de jogabilidade e performance.
Porém, nenhum jogo está a salvo de inconvenientes. Ao jogar por um longo tempo no modo portátil, Champion's Battle começou a apresentar lag nas animações dos duelos e na abertura de packs, mas isso pode ser corrigido ao fechar e abrir novamente o software. Já no multiplayer local, se os dois jogadores estiverem a uma distância considerável um do outro, ocorre erro de comunicação, resultando em um empate.
Pessoas que não são fãs de grinding poderão sentir que a jogabilidade chegou a um ponto repetitivo depois de algumas horas de jogatina. Isso não é um defeito do jogo em si, mas sim de uma das características presentes em diversos RPGs, então pode-se dizer que Shadobato requer bastante paciência para ser aproveitado ao máximo.
Como não consegui testar o multiplayer online, não dá para dizer até que ponto o Battle Pass causa um grande impacto nesse modo. A princípio, a maioria das recompensas premium é cosmética, como emblemas e skins extras, mas o jogador também pode receber algumas cartas lendárias não obtíveis na campanha principal.
A Mimori é um amor |
Tudo se resolve com Shadowverse
Shadowverse: Champion's Battle é um TCG com elementos de RPG bastante newbie friendly. Diferentemente de outras franquias do gênero, a Cygames acertou em cheio ao criar um jogo acessível para todos os tipos de jogadores, sejam eles familiarizados ou não com Shadowverse e suas regras.
Ao mesmo tempo, Shadobato consegue se manter fiel à versão de PC e smartphones, e conta com o atrativo do “estilo anime”, quebrando a seriedade que os TCGs normalmente possuem. Dessa forma, o jogo acaba também dialogando com um público-alvo mais novo, graças ao carisma dos personagens e aos efeitos especiais em cada duelo, mas sem deixar os mais veteranos e complecionistas de lado.
Prós
- Recomendável a jogadores novatos e veteranos;
- Duelos compatíveis com a tela de toque;
- Grande fator de rejogabilidade;
- Personagens e duelos carismáticos e únicos;
- Modo multiplayer online e local com diversas opções de interação.
Contras
- Alguns problemas inconvenientes, como lag nas partidas e erros de comunicação no multiplayer;
- Repetitivo depois de um tempo devido ao grinding excessivo;
- Campanha principal curta se ignoradas as missões secundárias e conquistas.
Shadowverse: Champion's Battle — Switch — Nota: 8.5
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela XSEED Games