Análise: Prinny Presents NIS Classics Vol. 1 (Switch) reúne dois RPGs estratégicos curiosos

Apesar de seus jogos interessantes, a falta de carinho do relançamento faz com que o título seja mais indicado apenas para fãs fervorosos de SRPGs.

em 30/08/2021
A Nippon Ichi Software é uma empresa conhecida por seus RPGs estratégicos, sendo famosa em particular pela série Disgaea. Com Prinny Presents NIS Classics Vol. 1, a empresa tem a chance de resgatar dois títulos curiosos de sua longa história e relançá-los numa plataforma mais nova.

Dois RPGs estratégicos curiosos

Em NIS Classics Vol. 1, temos acesso a dois jogos: Phantom Brave e Soul Nomad. Ambos os títulos foram lançados originalmente para PS2, mas Phantom Brave já havia recebido versões para PSP, Wii e PC com conteúdo adicional. No caso de Soul Nomad, trata-se do seu primeiro relançamento.

Phantom Brave conta a história da jovem Marona que, após a morte de seus pais, precisa trabalhar e conseguir dinheiro para comprar a ilha em que vive junto com Ash, o fantasma de um amigo de seus pais. Juntos, os dois e outros aliados criados pelo jogador realizam missões para ajudar pessoas com necessidades variadas.

Mesmo sendo uma pessoa muito gentil, Marona sofre preconceito. Isso se deve ao fato de que a garota tem um poder especial de se comunicar com fantasmas (Phantoms) e ficou conhecida como “possuída” e mesmo seus clientes tratam a personagem de forma rude constantemente.
 
Em termos de gameplay, o RPG tático utiliza esse conceito da história de forma bem interessante: Marona pode invocar esses fantasmas como aliados para o combate usando objetos do cenário como pedras, árvores, armas, entre outros. Dependendo do objeto selecionado, os atributos do personagem recebem bônus e penalidades variadas.
 
Entre si, os itens também podem ter efeitos especiais chamados de Protection. Apesar do nome, eles não se resumem a buffs de defesa e resistência, já que também é possível que eles transportem os personagens de um lado para o outro do mapa ou tornem um personagem invencível, por exemplo. Os efeitos podem já estar ativos para inimigos, sendo importante avaliar se eles são positivos ou negativos e se há necessidade de lidar com eles de alguma forma.
Vários outros aliados podem ser adicionados à equipe, aumentando as capacidades do jogo. São eles que gerenciam as lojas que curam personagens, vendem equipamentos, fazem upgrades, criam dungeons, etc. Em particular, vale destacar as fusões, que permitem combinar itens e personagens para fortalecê-los.
 
Também é interessante que, em vez de usar os grids precisos tradicionais do gênero, Phantom Brave opta por trabalhar com uma área circular de movimentação. Se por um lado isso é diferente do usual, por outro, vale destacar que os movimentos são mais imprecisos também. Por vezes, determinados personagens acabam escorregando sem realizar o golpe desejado pelo jogador.

Por fim, vale destacar que o jogo oferece muita liberdade para criar sua própria equipe, fortalecê-la e explorar o combate. Além da história principal, Phantom Brave conta com New Game+ e o epílogo Another Marona.

Gig e os World Eaters

Já o outro título, Soul Nomad & The World Eaters, conta a história de um jovem que pode ser um rapaz ou uma moça. Sem seus pais, o personagem cresce em uma vila isolada do resto do mundo. Junto com sua amiga Danette, os dois finalmente alcançam a maioridade e a líder Layna finalmente lhes entrega armas para que possam proteger a vila.
 
Porém, o protagonista recebe uma arma especial: nela está selado Gig, um indivíduo responsável pela grande calamidade que aflige o continente. Agora, os dois são unidos por um mesmo destino conforme o protagonista luta para destruir as criaturas gigantescas chamadas World Eaters, antigas aliadas de Gig na destruição.
O mundo fora da vila carrega um tom apocalíptico. São poucas as áreas em que grupos de humanos e outras criaturas humanoides vivem e, tendo em mente que resistir implica em mais calamidade, a maior parte desses grupos desistiu de ser livre. O tom geral da obra pode ser considerado sóbrio, apesar de haver elementos de humor com certa frequência.

Em termos do gameplay, Soul Nomad envolve a criação de grupos de personagens em pequenos tabuleiros chamados de “quartos” que podem ter entre 4 e 9 vagas. A ideia é que existem três camadas (frente, meio e trás) e as posições disponíveis variam de acordo com um fator aleatório, sendo possível trocar o tabuleiro no menu Change Room. Infelizmente, o fato de que o jogador não tem controle para escolher a formação e precisa confiar na sorte pode fazer o processo ser mais tedioso do que deveria.

A posição no tabuleiro é importante pois ela muda o golpe específico que o personagem utiliza. Por exemplo, um lutador pode ter um ataque de curta distância na frente e um de longo alcance no meio, sem nem poder fazer nada se for colocado na parte de trás; já um curandeiro pode curar apenas um personagem se estiver no meio, mas sua magia atinge todos se ele estiver na camada de trás.
 
No campo de batalha o jogador começa apenas com a equipe que se encontra junto ao protagonista. Tropas de aliados que estão em outros “quartos” precisam ser invocadas usando dinheiro e também é necessário que a área esteja vazia o suficiente para que todos os personagens apareçam no mapa antes de assumir uma única posição como equipe.

Ao atacar um inimigo, os personagens da equipe irão todos realizar os golpes definidos pela sua posição automaticamente. Caso um ou mais oponentes sobrevivam, eles terão a chance de contra-atacar. O mesmo é válido para as vezes em que um personagem controlado pelo jogador é atacado pelo inimigo. Porém, é importante ter em mente que as áreas de efeito variam de acordo com o líder, sendo possível que um ataque seja feito à distância, o que impede a ativação de contra-ataques corpo-a-corpo.
 
Além das missões realizadas na história, o jogador também pode treinar fazendo Inspections, que permitem melhorar as Rooms, além de obter experiência e dinheiro. Aliados podem ser invocados a custo 0 e há duas formas de vencer as fases: derrotando o líder ou sobrevivendo a uma certa quantidade de turnos. Assim como nas fases normais, se o protagonista for derrotado é game over.

Nada para comemorar

Sprites e interface de Soul Nomad ficaram bem borrados no Switch.
Infelizmente, a coletânea não faz um trabalho de atualizar os jogos para a nova plataforma. Enquanto a versão de Phantom Brave é baseada na que está disponível no PC desde 2016, Soul Nomad é simplesmente um port do jogo de PS2. No caso de Soul Nomad, há apenas opções de esticar a tela ou manter no formato 4:3 e aparentemente os textos estão um pouco mais delineados para ampliar a sua legibilidade, porém, graficamente, o jogo é extremamente borrado. Isso é especialmente perceptível nos sprites. Há também um pouco dessa baixa definição nas artes de personagens de Phantom Brave, mas a interface desse título teve melhorias nítidas advindas dos relançamentos anteriores.

Se nem visualmente Soul Nomad foi melhorado, também não há nada a dizer em termos de outras mudanças. Nem adições que possam tornar as experiências mais ágeis, nem uma galeria comemorativa para celebrar o relançamento desses títulos clássicos da empresa. Infelizmente, parece ser um trabalho feito às pressas, não agregando valor a títulos que mereciam mais carinho.

Uma coletânea que merecia mais


De forma geral, Prinny Presents NIS Classics Vol. 1 é uma coletânea de bons jogos estratégicos que, para fãs do gênero, vale a pena conferir. Infelizmente, a falta de polimento faz com que os títulos não estejam tão bem quanto deveriam em um relançamento, especialmente o port de Soul Nomad, mas ainda assim são títulos de alta qualidade do acervo da Nippon Ichi Software.

Prós

  • Mecânicas diferenciadas exploram as possibilidades dos RPGs táticos;
  • Personagens e histórias carismáticos.

Contras

  • Disparidade visual entre elementos gráficos em ambos os jogos, mas especialmente no port de Soul Nomad;
  • Ausência de melhorias ou algum extra que agregasse valor à coletânea.
Prinny Presents NIS Classics Vol. 1 - Switch - Nota: 7.0
Revisão: Thais Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela NIS America
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é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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