Hoa é sobre a delicadeza e a beleza dos pequenos detalhes ao nosso redor. Remetendo à sensação de explorar um belo jardim florido durante a infância, o plataforma deleita os olhos e os ouvidos a cada instante de sua curta e descompromissada aventura. Embora simples mecanicamente, o título com certeza irá agradar quem procura uma jogatina mais tranquila e um momento para relaxar.
Um jardim de momentos
Assim como o próprio game, esta análise provavelmente não será muito longa ou complicada. Desde o minúsculo protagonista até os insetos e seres da floresta que você encontra, Hoa não deixa de mostrar que trabalha com minúcias. "Detalhe" é a palavra-chave da experiência. A aposta para conquistar o jogador não se encontra em comandos complicados ou em uma narrativa densa. Mas na apresentação de elementos pequenos, cativantes e muito bem embalados pela beleza nostálgica do visual, além do poder melódico da trilha sonora.Em certas horas, se você piscar o olho por um segundo a mais do que o necessário, é possível que algum momento grandioso do jogo passe totalmente despercebido — algo que se dá graças à natureza singela e aconchegante dos eventos. Nada realmente tenso ou dramático acontece em algum ponto isolado. No entanto, momentos singelos e cativantes se desenrolam durante a maior parte do tempo.
A magia de Hoa vive em elementos como a movimentação do protagonista, que gira pelos ares com fluidez, saltando em flores coloridas e encontrando seres impressionantes pelo caminho. Da mesma forma, a beleza dos cenários e os suaves toques de piano, que conduzem a valsa da aventura, ajudam a comprovar que a força do título se encontra em sua belíssima apresentação audiovisual.
Os lindos gráficos pintados à mão chamam a atenção de imediato. Basta um segundo com o jogo para se encantar com ambientes em toques leves de aquarela que abrigam expressivos personagens cheios de cor. É fácil associar essa estética aos filmes do Studio Ghibli, ou com o visualmente agradável Ni No Kuni (criado em parceria com o Ghibli). Uma comparação bastante fortuita para Hoa, afinal, é difícil não amar esse adorável estilo de desenho e animação que trata de aquecer o coração de qualquer um.
Visualmente, Hoa lembra um livro infantil dos melhores, ou um desenho de animação incrível, assim como as inspirações citadas acima. A trilha composta pelo virtuoso pianista Johannes Johansson, conhecido por Akmigone, também se encaixa como uma confortável luva de lã quentinha à atmosfera relaxante do título. Realmente, há pouco o que reclamar no quesito apresentação do título. O problema começa quando partimos desse aspecto para a jogabilidade.
Como jogo, Hoa simplesmente não tem muito o que oferecer. Seguindo uma linha bastante padrão dos sidescrollers 2D, o game entrega um gameplay competente, com pulos precisos aliados a uma movimentação que funciona bem. No entanto, indo um pouco além, as opções de jogabilidade ficam limitadas.
Com a exceção de saltos que devem ser bem executados e algumas caixas que precisam ser empurradas em momentos-chave, não há qualquer puzzle ou interação mais interessante para motivar o jogador a conhecer esse mundo tão agradável. Apenas a última área do jogo (e meio que de repente), resolve inovar um pouco e apresenta elementos de quebra-cabeça mais interativos e desafiadores. Algo que é muito bem-vindo, porém, infelizmente, chega tarde demais.
A progressão é dividida em quatro subáreas em que, com a exceção da última, você sempre irá seguir o mesmo processo de coletar algumas borboletas para receber uma nova habilidade e poder seguir em frente. Existem alguns traços de exploração que lembram um pouco o gênero Metroidvania, com um limitado acesso ao mapa que mostra a direção dos itens coletáveis em cada lugar. Mas o recurso também é pouco explorado.
Não há problema na aventura ser curta, fácil e descomplicada. A questão é a falta de aproveitamento desse mundo tão rico e interessante. O que realmente entristece no resultado final de Hoa é pensar no que o jogo poderia ter sido. Seu tempo de duração poderia continuar o mesmo, mas a adição de elementos como caminhos distintos, habilidades variadas e um maior número de segredos e interações específicas enriqueceria ainda mais esse jardim de momentos.
Infelizmente, alguns problemas técnicos também atrapalham a experiência da jogatina. A taxa de quadros por segundo, por exemplo, como é típico no Switch, não se mantém fixa. Algo que, no caso específico desse jogo, atrapalha bastante o belo visual do cenário e quebra a imersão nesse mundo.
Outras questões técnicas mais estranhas também se apresentaram, como o personagem se movimentando sozinho ou congelando completamente em alguns momentos. O botão que ativa a habilidade de voo chegou a parar de funcionar completamente por nenhuma razão. Entretanto, o mais estranho é que eu não consigo nem acessar mais o game graças a uma constante tentativa do jogo de fazer um update que não parece existir.
Por fim, há uma interessante analogia para Hoa. O game vem e passa como uma brisa de primavera: agradável e reconfortante. Mas talvez você se esqueça da experiência em pouco tempo. Se o sentido da vida é o caminho, e não o destino final, talvez exista uma lição aqui. No entanto, por mais que a jornada seja bela e edificante, em um jogo de videogame, às vezes, nós precisamos de um pouco mais. Se você se sentiu atraído pelo visual do título, é válido dar uma chance a ele, mas lembre-se de aproveitar os pequenos momentos e não esperar muita coisa no final.
Prós
- Visual estupendo desenhado à mão;
- Trilha sonora fenomenal.
Contras
- Curto e um tanto fácil demais;
- Mecanicamente simples;
- Alguns bugs e problemas técnicos.
Hoa - Switch/PC - Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Janderson Silva
Análise produzida com cópia digital cedida pela PM Studios
Análise produzida com cópia digital cedida pela PM Studios