The Great Ace Attorney Chronicles (Switch) promete trazer novamente o gostinho dos tribunais com um toque de drama de época

Tivemos a chance de jogar três dos casos da coletânea antecipadamente.

em 30/06/2021
The Great Ace Attorney Chronicles
é uma coletânea com dois jogos da franquia Ace Attorney originalmente lançados apenas no Japão para 3DS. Agora a Capcom finalmente traz as obras para o Ocidente no Switch, assim como PC e PS4.

Tive a chance de testar três casos presentes no primeiro jogo da coletânea, The Great Ace Attorney: Resolve. Foi concedido acesso aos casos 1, 3 e 4 para elaborar este texto de primeiras impressões. Assim como nas análises que escrevo, evitarei entrar em detalhes que são spoilers da história.

Uma viagem entre Japão e Inglaterra

O primeiro detalhe que chama atenção em The Great Ace Attorney Chronicles é certamente o seu contexto. Enquanto a trilogia original da franquia Ace Attorney e alguns de seus outros jogos foram localizados para um contexto norteamericano, o mesmo simplesmente não é possível para a nova duologia.

O jogo conta a história de um antepassado de Phoenix Wright, Ryunosuke Naruhodo. O jovem japonês é estudante de direito em um momento em que as fronteiras do Japão são abertas para os outros países. Pelo que foi possível observar nos casos, esse contexto cultural é fundamental para a narrativa.

Falando ainda um pouco sobre a história, é curioso ver as reações de Ryunosuke durante o tribunal. Ainda novato, ele reage de formas similares a Phoenix e Apollo, mas é ainda pior no caso dele. Devido à época e às formalidades, Ryunosuke é bastante sério e tem dificuldade de demonstrar sua convicção.

Vê-lo se tornar mais confiante deve ser um ponto bastante relevante para os jogos. Confesso que me interessei bastante em ver como o personagem será desenvolvido nos outros casos a que ainda não tive acesso.

Além disso, existe uma atmosfera mais pesada na obra. Mesmo ainda tendo os característicos excessos da franquia, elementos como xenofobia e aspectos mais sujos dos tribunais vieram à tona mais cedo do que eu esperava. Esse aspecto também me deixou bastante curioso tendo em vista alguns elementos de discussão apresentados em jogos anteriores da série.

Indo além do tribunal tradicional

Em termos de gameplay, a premissa do jogo envolve Ryunosuke agindo como advogado de defesa. Para evitar que seus clientes sejam considerados culpados pelos crimes, ele terá que analisar as evidências e encontrar inconsistências nos argumentos das testemunhas.

Tradicionalmente, os títulos principais da série Ace Attorney podem ser divididos em dois momentos: investigação e tribunal. Apesar de não estar presente em todos os casos, uma etapa importante do jogo é a investigação da cena do crime. Nesses momentos, é possível obter itens que servirão como provas, assim como questionar pessoas, sejam elas testemunhas ou outros indivíduos capazes de elucidar o que transcorreu.

A parte de investigação inclui momentos de point-and-click em que o jogador pode vasculhar as localidades. Além de obter novas pistas e adicioná-las ao Court Record, o jogador também encontrará diálogos sobre os objetos vistos no cenário. Muitos desses contam com piadas ou descrições engraçadas que ajudam a dar vida aos personagens, como o protagonista e Susato.

Especificamente em The Great Ace Attorney, há também momentos de Logic and Reasoning Spectacular. Herlock Sholmes tenta deduzir o que aconteceu fazendo análises de detalhes bastante específicos. No entanto, ele tem uma imaginação muito fértil e acaba pensando em explicações fora da realidade.

Cabe a Ryunosuke corrigir as interpretações e apresentar uma lógica mais coerente utilizando o cenário ao seu redor. Essa análise é tratada como um verdadeiro espetáculo, com Herlock usando holofotes para apontar para os objetos e pessoas de interesse. Isso também combina bastante com o detetive, que é uma figura excêntrica.

No entanto, há alguns casos, como o primeiro, que são mais corridos. Eles incluem apenas a parte do tribunal, mas ainda há um elemento de investigação no Court Record. É importante que o jogador fique de olho nas pistas que são adicionadas, já que em alguns momentos um objeto pode ter detalhes escondidos que só podem ser revelados se o jogador examiná-los com cuidado.

Durante o tribunal, a promotoria irá chamar testemunhas que corroboram com a acusação. Cabe ao jogador prestar atenção nas falas, pressionar as pessoas para obter mais informações e apresentar provas de que as afirmações contradizem os autos do caso. Novas pistas são adicionadas conforme o jogador avança no tribunal, chegando mais perto da verdade até o final.

Esse é o conceito básico de gameplay da série. No entanto, The Great Ace Attorney também conta com algumas características especiais. Primeiramente, em alguns momentos, múltiplas testemunhas podem estar presentes ao mesmo tempo. Enquanto uma delas fala, outra pode demonstrar uma reação específica e Ryunosuke tem a chance de desviar a conversa para ouvir essa pessoa. Esse elemento também esteve presente em Professor Layton vs. Phoenix Wright: Ace Attorney, mas não nos jogos principais da série.

Outro elemento de gameplay que chama a atenção é a presença de jurados. Em um dos momentos da história, Ryunosuke vai para a Inglaterra e lá os julgamentos seguem um modelo diferente. Além do juiz que define a sentença, seis jurados podem votar se consideram o réu culpado ou inocente.

Isso acontece durante o próprio julgamento, com os jurados atirando fogo na balança da justiça atrás do juiz. Um movimento bem exagerado, como esperado da série. Caso todos os jurados assumam uma postura a favor ou contra o acusado, o juiz deve dar o seu veredito, mesmo que todas as provas ainda não tenham sido avaliadas.

Para evitar a derrota, Ryunosuke pode usar uma técnica chamada Summation Examination. Basicamente, ele irá perguntar aos jurados os motivos que justificaram a escolha do veredito. É necessário então apontar conflitos de argumentos entre os próprios jurados, demonstrando como o caso ainda não foi satisfatoriamente destrinchado pelo tribunal.

Apesar de na prática esse elemento ser bastante similar à examinação dos testemunhos, é uma mecânica que me pareceu uma boa quebra do fluxo tradicional. Junto com a presença de mais pessoas no tribunal e com as animações 3D detalhadas, o tribunal parece bastante vivo e interessante. A sensação é a de uma evolução natural da série, explorando algumas novidades sem esquecer as suas raízes.

De volta aos tribunais com estilo

Tendo jogado antecipadamente três casos de The Great Ace Attorney Chronicles, minha impressão da obra foi bastante positiva. Apesar de ainda ser cedo para apresentar julgamentos em relação à narrativa, o que vi da história me deixou bastante intrigado. A experiência de gameplay também ofereceu uma boa diversidade ao mesmo tempo em que é uma evolução natural para fãs da série. Definitivamente um jogo para ficar de olho.

The Great Ace Attorney Chronicles será lançado para Switch, PC e PS4 no dia 27 de julho. O título já está disponível para pré-venda na eShop no valor de R$ 169,90.

Revisão: Icaro Sousa
Texto de impressões produzido com demo gentilmente cedida pela Capcom


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.