Jogos nem sempre jogos precisam ser extensos ou complexos para garantir boas horas de diversão. Às vezes, nós, jogadores, só queremos uma boa desculpa para continuar jogando — algo que Overboard!, da inkle, tem de sobra e, de quebra, ainda conta com uma história que poderia muito bem ser de autoria de Agatha Christie.
Homem ao mar!
Se fôssemos seguir a lógica dos jogos de detetive, nosso trabalho aqui seria descobrir quem está por trás do crime. Porém, quando Veronica Villensey atira seu até então marido, Malcom, ao mar, junto com ele vão todas as características ligadas ao gênero.
A primeira reviravolta de Overboard! é ter a história narrada sob a ótica de ninguém menos que Veronica. Em oito horas, ela tem apenas uma missão: desembarcar em segurança nos Estados Unidos com o dinheiro do seguro de vida de seu “pobre Malcolm” em sua conta bancária.
A princípio, parece uma tarefa um tanto quanto simples — afinal, não teriam por que suspeitar de Veronica. Contudo, quando Clarissa Turpentine, amante assumida de Malcom, insiste em acusar a viúva de homicídio e Carstairs, um espião, acha um dos brincos da protagonista na cena do crime, escapar ilesa prova ser uma missão quase impossível — a não ser que a anti-heroína consiga chantagear, dopar ou até mesmo matar outros companheiros de viagem.
Rejogabilidade para dar e vender
Overboard! tem as características de uma visual novel, mas as escolhas podem ser feitas livremente, sem seguir uma linearidade específica. Assim como em Gnosia, salvo exceções, a grande sacada é reconhecer o comportamento de cada um dos personagens e saber como agir em dados momentos.
A IA do jogo memoriza cada uma das respostas e ações escolhidas durante a campanha atual e os tripulantes do SS Hook, navio no qual se passa a história, se comportam baseando-se nelas. Ao iniciar uma nova partida, as escolhas anteriores ficam sinalizadas em verde, facilitando a progressão na nova trama e até mesmo evitando os mesmos erros anteriores. Vale até mesmo pedir uma mãozinha para Deus, hein!
Dependendo da ordem das ações escolhidas, algumas opções e diálogos sofrem ligeiras mudanças, fazendo com que cada partida seja única. Infelizmente, a jogatina se torna repetitiva às vezes, mas este é o único ponto fraco deste adventure da inkle. Uma coisa é certa: alguns finais podem até ser os mesmos, porém os meios não.
Ambientação dos anos 30, jogabilidade do século XXI
A história de Overboard! se passa nos anos 30, alguns anos antes do início da Segunda Guerra Mundial. Os tripulantes do SS Hook navegam rumo aos Estados Unidos e cada um deles tem um motivo para pisar em solo estadunidense — em especial Veronica, claro.
Dada a ambientação da trama, as vestimentas e até mesmo o comportamento de Clarissa, Carstairs e dos demais tripulantes são característicos da época. A trilha sonora é embalada por jazz e combina perfeitamente com o estilo cartunesco da arte do jogo.
Por ter sido pensado também para iOS, Overboard! faz uso total da tela sensível ao toque do Switch, além de ser completamente jogável com um controle compatível com o Switch, ambos os Joy-Con ou apenas o Joy-Con direito. O jogo flui bem em todos os modos do console híbrido, mas fazer uso da função touchscreen deixou a jogatina muito mais confortável.
A versão de Switch, se comparada com a de PC e iOS, deixa a desejar no sistema de conquistas (achievements), que podem servir como “guias” para as ações durante a jogatina. De um jeito ou de outro, começar a jogar é fácil, o difícil mesmo é parar.
Como defender um assassino
Apesar de não seguir a a mesma linha de How to Get Away with Murder, Overboard! conta com uma trama com diversos finais que variam de acordo com as ações escolhidas durante a campanha. Com humor e suspense dosados na medida certa, trilha sonora envolvente e estilo artístico único, este jogo de aventura desafia o pensamento lógico do jogador a cada partida. Será Veronica capaz de conseguir o dinheiro de seu falecido esposo viver em liberdade em Nova Iorque?
Prós
- Apresentação audiovisual única e condizente com os anos 30;
- Humor e suspense dosados na medida certa;
- Totalmente compatível com a tela sensível ao toque do Switch;
- Alta rejogabilidade.
Contras
- Jogabilidade repetitiva de tempos em tempos.
Overboard! — PC/iOS/Switch — Nota 9.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela inkle