Análise: Disgaea 6: Defiance of Destiny (Switch) alia o exagero tradicional à comodidade dos jogos mobile

Confira nesta análise como o mais recente título da franquia é uma boa pedida para veteranos e novatos em Netherworld.

em 25/06/2021

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Disgaea 6: Defiance of Destiny, de inicío, causou muita polêmica em sua fanbase devido a algumas novidades apresentadas logo nos primeiros teailers. Afinal, para muitos, Disgaea é sinônimo de alguns memes; para outros, o jogo significa grinding eterno, especialmente no Item World. E para os desavisados, as aventuras em Netherworld são a encarnação do demônio, muitas vezes afastando e desmotivando jogadores.

A mais nova adição da franquia, porém, parece ter sido pensado da maneira correta. Sem abrir mão das características da série que é o carro-chefe da NIS, ela abraçou também algumas comodidades dos jogos mobile, fazendo com que a franquiaa finalmente saia da categoria de “jogo de nicho só para fãs”. 

Sem Laharl, Adell e companhia: agora é a vez de Zed

Uma coisa em comum em todos os jogos da série é ter um protagonista que precisa se aventurar em Netherworld. Para Zed, o protagonista do sexto título da franquia, o motivo é simples: derrotar o Deus da Destruição e se tornar o ser supremo por meio da Super Reencarnação.

À medida que avança em sua jornada, Zed e seu “cãopanheiro” zumbi, Cerberus, conhecem novos aliados e inimigos — muitos deles com alguns parafusos soltos. No mapa final de cada capítulo, o esquadrão do garoto-zumbi precisa enfrentar o Deus da Destruição.

Se até aqui nada parece novo, não se preocupe, porque não é mesmo. Disgaea 6 segue a fórmula tradicional de seus antecessores: uma história rasa com humor bastante questionável e personagens excêntricos, que serve como propósito para justificar o grinding por trás dela.

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Sem tempo pra isso, irmão

A grande novidade em Defiance of Destiny é a introdução do sistema de Auto-Battle e Auto-Repeat, que até então só existia no título mobile da franquia. Do primeiro ao quinto jogos, o modo manual predominava, fazendo com que o Item World fosse praticamente o endgame de Disgaea — afinal, quem aguenta avançar mais de 100 andares de uma só vez?

Para facilitar ainda mais os combates automáticos, foi implementada a Demonic Intelligence (D.I.). A mecânica, que antes precisa ser aprovada na Dark Assembly por 100 Mana, conta com três configurações pré-definidas — All Out Attack, Heal When In Danger e Prioritize Chests —, mas também dá ao jogador a possibilidade de criar mais cinco arranjos de acordo com suas necessidades, além de copiá-los e transferi-los para outros personagens.

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Por falar em personagens, em Disgaea 6 pode-se escolher apenas alguns para participar das Auto-Battles. Aqueles que estiverem com a função desligada não serão enviados para os mapas, mas também não receberão EXP após as batalhas.

Trapacear também ficou mais fácil do que nunca. Se em jogos anteriores a Cheat Shop só podia ser habilitada quando aprovada na Dark Assembly, agora ela está disponível desde o início do jogo. Como seu nome implica, a mecânica permite que o jogador altere algumas configurações de batalha a seu bel-prazer, podendo facilitar a vida de quem não gosta de grinding fest com um aumento de até 200% na experiência ganha — ou até mesmo o contrário, diminuí-la para 80% e deixar Disgaea 6 mais próximo de seus antecessores.

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Outra função pensada para aliviar o trabalho dos aventureiros é o Juice Bar. Neste novo estabelecimento do Netherworld, os personagens podem ter seus parâmetros aumentados fora de combate, incluindo o rank de suas classes, em troca de Mana e EXP acumuladas nas lutas combate. É o adeus ao grinding manual que predominava até então, um adeus muito mais que bem-vindo, por sinal.

Mecânicas antigas, como General Store, Skill Shop e Hospital continuam presentes. Esta última, no entanto, só funciona de maneira tradicional nas Innocent Towns no Item World, porque, no geral, tornou-se uma “fábrica de recompensas” baseadas no total de HP e SP gastos e nas vezes em que os personagens foram derrotados (revives) em combate.

Por fim, permanecem presentes os sistemas de batalhões (squads) e missões (quests), além da possibilidade de selecionar personagens para explorar o Item World de maneira automática, imitando o sistema de errands de muitos títulos mobile. A única diferença é que essas expedições são atualizadas conforme mais mapas são completados pelo jogador — ou de modo automático, claro.

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Anteriormente em Disgaea...

A série sempre foi conhecida pela mentalidade “só vai” que ela incentiva os jogadores a ter. Entrar nos mapas, descobrir a melhor maneira de derrotar inimigos, abrir baús, destruir Geo Symbols e conseguir o maior número de recompensas era basicamente o resumo dos combates nos jogos anteriores.

As mecânicas também eram brevemente explicadas e, se o jogador não entendesse muito bem seu funcionamento, era hora de recorrer às wikis e fóruns de discussão. Disgaea 6, por outro lado, pensou no bem-estar dos recém-chegados a Netherworld e disponibilizou tutoriais para tudo, até mesmo para ações básicas como levantar (lift) e arremessar (throw). Também não tem problema se algo não for entendido de primeira de primeira, pois é possível revisitar essas explicações a qualquer momento — afinal, sempre tem um Prinny entre nós, dood.

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Mas não só de tutoriais sobrevivem os Prinnies. Em Defiance of Destiny, o sistema de Super Reincarnation é outro ponto que pode ser considerado como facilitador para quem caiu de paraquedas na franquia ou àqueles que não curtiam muito o antigo sistema do Chara World, uma espécie de Item World para os stats dos personagens.

Embora a Super Reincarnation não seja tão diferente da reencarnação normal já existente desde o primeiro jogo, em Disgaea 6 temos um sistema que vai um pouco mais além. Ele não apenas permite que um personagem tenha sua classe mudada (se o jogador assim quiser), mas pode ter incrementos em seus parâmetros, competência e até mesmo aprender Evilities novas, desde que os recursos para isso sejam suficientes.

O que é um pontinho azul borrado no meio da tela?

Se Defiance of Destiny acertou em cheio nas qualities of life para apostar na acolhida aos novos jogadores, por outro lado deixou a desejar — e muito, por sinal — no aspecto gráfico do jogo. Os sérios problemas, já presentes na demo e que se repetem na versão completa, afetam a jogabilidade em diversos pontos, sobretudo na Auto-Battle.

Chama a atenção a péssima jogabilidade no modo portátil do Switch. Isso não se dá apenas pelos botões nos Joy-Con serem pequenos e de fácil confusão na hora de executar os comandos ou visualizar os elementos na tela de sete polegadas, mas também pelos gráficos.

Existem três modos de configuração de vídeo em Disgaea 6: Graphics, que prioriza os gráficos do jogo; Balanced, que procura balancear performance e gráficos; e Performance, que foca no funcionamento do software.

Priorizar os gráficos no modo portátil eventualmente leva a um superaquecimento de modelos mais antigos do Switch — o meu caso —, enquanto Balanced os deixa ligeiramente borrados. Escolher a performance, então, é pedir para não ver direito o que se passa na tela, de tão indecifráveis que alguns sprites ficam.

No modo TV, por outro lado, as diferenças nos gráficos não são tão aparentes, fazendo com que Disgaea 6 pareça ter sido projetado para ser jogado com o Switch sempre na dock. Contudo, o problema mais sério na jogabilidade se deu pela presença de eventuais travamentos nos três modos de configuração, em testes de quatro a cinco horas de Auto-Battle no Item World.

A Super Reencarnação de uma franquia

Com diversas qualities of life dos jogos mobile atuais e mecânicas facilitadoras, Disgaea 6: Defiance of Destiny mantém os elementos que tornaram a franquia famosa, mas, infelizmente, sofre de sérios problemas de performance decorrentes dos gráficos.

Mesmo com essa grande falha, o título tem de tudo para ser um dos melhores jogos da série até agora, não devido à sua história (que nunca foi o ponto forte de Disgaea), mas sim por permitir que novos jogadores se sintam à vontade em um RPG de estratégia famosíssimo por seus números absurdos e grinding praticamente infinito.

Prós

  • Mecânicas facilitadoras mais que bem-vindas;
  • Jogabilidade pensada nos jogadores menos experientes;
  • Tutoriais sempre presentes;
  • Características principais da série mantidas.

Contras

  • Sérios problemas de performance e de gráficos, especialmente no modo portátil;
  • Eventuais travamentos durante a Auto-Battle;
  • Superaquecimento no Switch, sobretudo nos modelos antigos, decorrente de horas contínuas de jogo.
Disgaea 6: Defiance of Destiny — Switch — Nota: 8.5

Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela NIS America


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Também conhecida como Lilac, é jornalista e atualmente trabalha com assessoria de imprensa. Fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas.
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