New Super Mario Bros. (DS), a reinvenção da franquia, completa 15 anos

O capítulo que reimaginou a mais tradicional franquia do bigodudo mostrou que ainda havia níveis, castelos e power-ups relevantes para Mario desbravar

em 21/05/2021

Após 14 anos com a franquia Mario recebendo apenas jogos em 3D, spin-offs ou mesmo relançamentos melhorados dos clássicos do passado, a Nintendo surpreendeu com o anúncio na E3 de 2005 do renascimento da franquia mais tradicional de plataforma do bigodudo, no recém-lançado portátil, o Nintendo DS com New Super Mario Bros. (DS). Hoje, o título ostenta o posto de jogo mais vendido de todos os tempos da plataforma, com mais de 30 milhões de cópias vendidas e é um memorável sucesso mundial, tanto de crítica quanto entre os fãs do Super Mario.

A longa espera chegou ao fim

Após um último lançamento não tão barulhento com Super Mario Sunshine (GC), a franquia passou a ser constantemente questionada, como se a fórmula de gameplay e jogabilidade do gênero plataforma, um dos mais tradicionais da história dos games, houvesse chegado a um limite. Com isso em mente e aproveitando as vantagens tecnológicas possíveis graças ao hardware do novo portátil de duas telas, os desenvolvedores utilizaram uma estética 2.5D, no qual modelos e efeitos tridimensionais fossem utilizados em um plano side-scrolling totalmente bilateral, com ambos interagindo de maneira natural pela primeira vez na série.


A ideia, primeiramente apresentada para jornalistas em demos na E3 de 2005, acabou recebendo críticas extremamente positivas, principalmente pela ótima sensação de modernidade oferecida, sem perder a essência dos desafiadores e bem bolados cenários de cada nível. 

Da mesma forma, o show de game design a cada apresentação de nova mecânica, power-up ou mesmo de novos inimigos — e tudo isso sem perder a qualidade na precisão de resposta nos botões, nem na jogabilidade como um todo — foi uma grata surpresa para todos que já sonhavam em levar o bigodudo para todos os lados no novo hardware.

O Reino do Cogumelo de cara nova

Além disso, os designers do jogo ganharam muito mais liberdade em fases, inimigos, itens e transformações em comparação com jogos anteriores em 2D do Mario, possibilitando-os serem criados com animações muito mais detalhadas, sem a necessidade de serem desenhados à mão. 

O cenário também foi muito bem pensado para fornecer pistas visuais à medida que o jogador iria encontrando novos elementos na tela ou mesmo utilizando o mais novo power-up, o Mega Mushroom, que torna o italiano desproporcionalmente gigantesco e forte.


Para tal, os desenvolvedores tornaram a câmera do jogo mais dinâmica; ela amplia, retorna ou se desativa dependendo da situação para fornecer foco naquilo que fosse considerado necessário, deixando a experiência ainda mais intrigante e modernizada do que jamais havia sido feito anteriormente. Sem as rígidas limitações e restrições do uso de sprites e backgrounds fixos, os designers estavam livres para repensar o Reino do Cogumelo e ainda se atreverem a explorar novas mecânicas de jogo.

Aliado a isso, a física desempenha um papel importante no game, sendo a melhor implementação na franquia side-scrolling até então. Desde o impacto de projéteis a blocos destruídos ao toque do Mega Mario, o bigodudo era ainda capaz de se segurar em troncos de árvores, mas apenas se encostado de maneira correta, e Mario eventualmente cai se ele estiver parado por muito tempo. 

Há também a possibilidade de se balançar em cordas e andar sobre arames que se dobram e esticam conforme a correta distribuição de peso e momento, quase tudo controlado exclusivamente pelo jogador.

Mudanças foram feitas, para bem ou para mal

Nem todas as decisões foram muito bem recebidas pelos jogadores, já que algumas modernizações representaram a quebra de dinâmicas favoritas dos fãs, em especial aquelas incluídas em Super Mario Bros. 3 (NES), ainda tratado por muitos como o melhor da franquia. 

Além disso, no início do desenvolvimento do jogo, os desenvolvedores planejavam não utilizar a atuação de voz para se manterem fiéis ao espírito dos games Super Mario Bros. originais, que comunicavam sempre por caixas de texto ou mesmo outros elementos visuais.

Uma vez adotada, porém, foi a primeira vez que Mario pôde figurar com a personalidade bem humorada de Charles Martinet em um game original pensado em duas dimensões, inclusive com um fatídico "bye-bye" ao fechar a tela do console, o maior temor dos jogadores que, escondidos de suas mães, jogavam seus Nintendo DS debaixo da coberta madrugada adentro — e aqui insiro também meu nome.

Outro elemento marcante no game é justamente a sua música. Além de serem todas muito bem pensadas pelo mestre Koji Kondo, ela dita a jogabilidade e interage com os elementos em tela, com inimigos saltando e dançando no tempo da música, tendência para as sequências que viriam. Dessa forma, era até mesmo possível utilizá-la como elemento de gameplay, prevendo os movimentos inimigos, e cronometrando seus saltos com eles para alcançar áreas inacessíveis de outras maneiras ou mesmo conseguir passar trechos mais difíceis.


Apesar de considerada por muitos como ultrapassada, a tradicional fórmula de progressão dos games plataforma do encanador ganhou uma importante sobrevida com o lançamento da série New Super Mario Bros., ditando o caminho para outros games de sucesso como as sequências New Super Mario Bros.Wii (Wii), New Super Mario Bros. 2 (3DS) e New Super Mario Bros. U (Wii U), todos figurando entre o top 5 de maiores vendas de seus consoles de lançamento. 

Além disso, o lançamento da franquia renovada pavimentou o mercado para a chegada de outras franquias repaginadas como Donkey Kong Country Returns (Wii) e Rayman Origins (Wii), mostrando que ainda havia um grande público ansiando por novas aventuras em 2D, ainda mais com tamanha qualidade em cada título lançado. A paixão dos fãs foi tanta que diversas versões modificadas, com fases criadas por eles, com adição de novos power-ups, dentre muitas outras coisas limitadas apenas pela imaginação da comunidade, foram criadas para compor a experiência original.

Tal comportamento dos fãs serviu ainda como um importante pontapé para a criação dos games Super Mario Maker (Wii U) e Super Mario Maker 2 (Switch), dando legitimidade à criação dos fãs de uma maneira nunca antes vista e deixando a franquia New com uma pulga atrás da orelha e colocando a sequência da série novamente como incerta.

A franquia New Super Mario Bros. certamente revolucionou a maneira de se fazer um game plataforma 2D de sucesso e deixou muitas marcas em todos que puderam jogar, sozinho ou com amigos, um dos bem bolados níveis do Reino dos Cogumelos do Nintendo DS. Apesar de ainda colecionar conquistas e vendas bem acima da média, o futuro da franquia continua incerto, uma vez que a opção de dar o comando do game design aos fãs parece ser um caminho sem volta no gênero. Resta esperar por mais uma surpresa da Nintendo, que não cansa de nos impressionar com novas maneiras de dar vida a séries para muito já aposentadas para podermos enfim desfrutar de mais um ótimo game do bigodudo.
E você? Já conseguiu completar todas as fases do game? Tem alguma história marcante com a série New Super Mario Bros.? Conte-nos nos comentários!
Revisão: João Gabriel Haddad

Curioso, empolgado e positivo: os ingredientes ideais para criar o Felipe perfeito...ou quase! Estudante de Engenharia no crachá, programador aos fins de semana e designer às quintas-feiras. Na dúvida, viajar pelos mundos de Kingdom Hearts ou caçar monstros em Hyrule são sem dúvidas uma boa aposta! Conheçam-me! @felipe_lemos12
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