Análise: SaGa Frontier Remastered (Switch) renova um clássico cult dos RPGs de forma exemplar

Nova versão do RPG de PS1 conta com várias melhorias que revitalizam a experiência.

em 05/05/2021
Nos últimos anos, várias edições remasterizadas e remakes têm aparecido no mundo dos games. Inclui-se aí não apenas grandes figurões, mas também alguns títulos menores. Dentre os vários clássicos da Square Enix, uma franquia que tem recebido notável atenção nesse quesito é SaGa. Romancing SaGa 2, Romancing SaGa 3 e Collection of SaGa foram alguns dos relançamentos já realizados e agora é a vez de SaGa Frontier Remastered.

Originalmente desenvolvido para PS1, SaGa Frontier reflete muito bem o estilo da série. O título combina narrativas sob o ponto de vista de múltiplos protagonistas com um gameplay que prima pela liberdade do jogador. Com isso, ele incentiva a exploração e possibilita experiências que podem ser bastante diferentes de pessoa para pessoa.

Oito protagonistas e suas sagas

O título original possuía sete protagonistas, mas a edição remasterizada de SaGa Frontier adiciona um oitavo integrante e algumas pequenas cenas à história de Asellus. Esses elementos estavam planejados originalmente para o jogo no PS1, mas tiveram que ser descartados na época.


Enquanto Red persegue uma organização criminosa chamada BlackX, que matou sua família, Lute é um milionário que parte em uma jornada como bardo. Já Emilia acaba sendo presa por um crime que não cometeu, e T260 é um robô que perdeu a memória e busca descobrir a sua missão.

Riki é um monstro que procura uma forma de impedir a destruição do reino em que vive. Blue parte em uma jornada para aprender grandes magias e derrotar seu irmão, Rouge, a mando do Reino Mágico. Asellus é uma jovem transformada em meio-mística após um acidente e, por fim, Fuse é um policial da IRPO que investiga os casos de todos os outros personagens.

Cada um deles conta com uma história própria que é bem diferente envolvendo a resolução dos eventos relacionados à descrição acima. No entanto, há também uma variedade de sidequests comuns, incluindo-se aí a obtenção de múltiplos personagens, habilidades e itens. Porém, é importante ter em mente que as narrativas em SaGa muitas vezes são desenvolvidas de forma mais breve. Para quem tem experiência com RPGs mais antigos, é mais fácil lidar, mas para novatos esse aspecto pode deixar a desejar.

Na nova edição, a história de Fuse precisa ser desbloqueada e varia de acordo com as conclusões já realizadas, reaproveitando as situações e os seus chefes finais, mas contando com alguns elementos únicos de narrativa. Além disso, o jogador pode optar por lutar contra todos os chefes finais, aumentando a dificuldade progressivamente.

Em termos de gameplay, o RPG segue o formato de batalhas em turno tradicional, mas conta com algumas especificidades. Por exemplo, cada personagem possui uma barra de LP além do HP. Ao chegar a 0 de LP, o personagem não poderá mais ser revivido em combate, dando game over caso o protagonista esteja sem LP ou todos os aliados forem incapacitados. Além disso, os personagens podem ser divididos, a grosso modo, em quatro tipos: humanos, místicos, monstros e robôs. Cada um deles conta com algumas especificidades importantes, não existindo os tradicionais níveis de força.

Humanos e místicos seguem um esquema de melhorias de atributos, em que após a batalha é possível obter mais força, concentração ou HP, por exemplo. Enquanto místicos têm a capacidade de usar habilidades específicas que absorvem poderes dos monstros derrotados, humanos podem aprender novos golpes ofensivos e defensivos durante o combate. Os poderes variam de acordo com o tipo de arma utilizado e a ativação segue uma lógica aparentemente aleatória, sendo necessário selar algumas habilidades para aprender novas no caso de espadas e artes marciais.

Já para monstros, o fim da batalha representa a chance de aprender novas técnicas de inimigos. Dependendo da sua combinação de habilidades, é possível ser transformado em outra criatura que pode ser mais forte ou mais fraca do que a atual. Por fim, robôs podem absorver técnicas de outras máquinas e equipá-las em sua memória, assim como alterar o seu chassi, e qualquer item equipado conta como bônus (ao contrário de humanos e místicos, cujas armas só adicionam poder quando em uso).

Ao explorar o mundo, o jogador também pode desenvolver o talento mágico dos humanos, aprendendo técnicas bastante variadas. Compreender e dominar todos esses elementos e suas implicações no combate faz bastante diferença, tornando SaGa Frontier um jogo nada trivial para avançar.

Uma nova edição de qualidade

Como se trata de um relançamento de um RPG clássico, a Square Enix caprichou nas melhorias, tornando essa nova edição uma versão realmente definitiva. Além das já mencionadas adições de história, é importante destacar o trabalho de remasterização gráfica cuidadosa que manteve o charme do original em sua edição HD. A trilha sonora também é bastante agradável e conta com três novas músicas para a história de Fuse.

Porém, há muitos outros elementos que renovam a experiência de Saga Frontier. É possível fugir de boa parte das batalhas, salvar em qualquer lugar e ativar um turbo para dobrar ou triplicar a velocidade da exploração e/ou das batalhas. Há também indicações dos pontos de transição dos cenários e um menu que cobre os detalhes da história principal com pequenas frases do que é necessário fazer a seguir.

Em alguns momentos esse menu de história acaba não indicando adequadamente a próxima etapa, mas na maior parte do tempo é algo bastante útil. Além disso, ele não informa sobre sidequests, então explorar por sua conta e risco continua sendo importante para a experiência do jogo.

Vale destacar também o New Game+. Uma vez terminada a história de um dos personagens, o jogador pode carregar elementos como atributos, itens e habilidades aprendidas. Apesar da mudança de protagonistas, é possível utilizar personagens em comum nas histórias e o inventário também pode fazer uma diferença enorme, reduzindo a dificuldade. Como todas essas vantagens são opcionais, basta ignorá-las caso queira experimentar a sensação de recomeçar do zero.

Para jogadores que têm um espírito de colecionador, o título também conta com uma galeria com 65 artes dos personagens e uma playlist com todas as suas 85 músicas. Dentro do jogo há também um manual que explica vários detalhes do gameplay com pequenas ilustrações.

SaGa Frontier Remastered é uma edição definitiva do RPG clássico do PS1. Feita com muito carinho, ela consegue não apenas apresentar pequenas melhorias gráficas como também adicionar conteúdos relevantes. Os seus elementos de qualidade de vida tornam a experiência muito mais palatável, mas mesmo jogadores que queiram revisitar o jogo da forma original em plataformas modernas podem adaptá-lo à sua maneira.

Prós

  • Cada personagem tem uma história única, assim como quests opcionais comuns;
  • Novos elementos de qualidade de vida renovam a experiência;
  • Novos conteúdos de história e batalhas adicionais;
  • New Game+ com elementos opcionais para herança;
  • Alta qualidade dos visuais 2D e da trilha sonora;
  • Manual in-game, jukebox e galeria de artes.

Contras

  • A história de alguns personagens poderia ser um pouco melhor desenvolvida;
  • Algumas pequenas falhas no sistema de indicações do que fazer para avançar.
SaGa Frontier Remastered – Switch/PC/PS4 – Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Square Enix


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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