Análise: Famicom Detective Club: The Girl Who Stands Behind (Switch) faz jus à espera de 30 anos

Enfim disponível no Ocidente, a visual novel revive um dos maiores clássicos japoneses de todos os tempos.

em 22/05/2021
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Há 32 anos, Famicom Detective Club: The Girl Who Stands Behind foi lançado no Japão para o Famicom Disk System. Por três décadas, a segunda parte da duologia, assim como The Missing Heir, ficou perdida na Terra do Sol Nascente. Agora totalmente repaginada, com ilustrações animadas e dublagem integral em japonês, a visual novel traz ao Ocidente uma aventura cheia de mistérios interligados, um prato cheio para os fãs de aventuras policiais.

1989 x 2021

A inversão dos tópicos nesta análise é proposital: não dá para falar deste remake sem antes falar da excelente apresentação audiovisual que o estúdio MAGES, companhia já conhecida por sua participação em outros jogos, como Bravely Default e Steins;Gate, conferiu aos dois títulos da duologia.


Pode até parecer injusto comparar os gráficos de NES/SNES com os de Nintendo Switch, mas considerando que a Nintendo tem (re)lançado vários jogos antigos em seu console híbrido, nada impediria que Famicom Detective Club pudesse ficar disponível para os assinantes do Nintendo Switch Online ou recebesse o mesmo tratamento que Fire Emblem: Shadow Dragon and the Sword of Light teve.

A versão de 2021 de The Girl Who Stands Behind tem, além de novas artes totalmente animadas (incluindo as CGs), sincronização labial para os personagens, algo pouco visto em outras visual novels. A dublagem, embora apenas disponível em japonês, conta com nomes de peso do ramo, entre eles Megumi Ogata (Shinji Ikari, de Neon Genesis Evangelion); Yuu Kobayashi (Lucina, de Fire Emblem Awakening); e Tomokazu Sugita (Chrom, de Fire Emblem Awakening).

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Outro ponto positivo do remake é a possibilidade de escolher entre três versões diferentes de efeitos sonoros: Arranged (Switch), FC (Famicom) e SFC (Super Famicom). Para deixar o jogo ainda mais próximo do original, desligar as vozes dos personagens também está entre as opções, embora sem o som sintético característico que os textos possuem.

Quem matou Odete Roitman Yoko Kojima?

A princípio, a trama de The Girl Who Stands Behind gira em torno do assassinato da estudante Yoko Kojima. O protagonista, cujo nome pode ser escolhido pelo jogador, é um rapaz amnésico que, por persuasão de Shunsuke Utsugi, se transforma em assistente de detetive.

O garoto de 15 anos precisa então procurar por pistas sobre o motivo e o responsável pelo crime. Durante as investigações, o jovem detetive se alia a Ayumi Tachibana, uma das colegas de Yoko e com quem a vítima tinha fundado o Clube de Detetives em sua escola. A princípio, o caso de Yoko Kojima pode estar ligado ao rumor The Girl Who Stands Behind, mas logo se torna um emaranhado de eventos que levam a um assassinato ocorrido há 15 anos: o caso de Genjiro Kaneda, que, por sua vez, está conectado ao desaparecimento da estudante Shinobu Asakawa.

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A resposta que a dupla de “detetives por acidente” procura, então, deve estar escondida em um mistério passado ainda não concluído, mas cujo responsável faz de tudo para que isso não aconteça.

Uma história completa em poucas horas

Visual novels costumam ter em média 20 horas de jogo. Indo na contramão, The Girl Who Stands Behind entrega em aproximadamente dez horas uma história com começo, meio e fim bem-definidos, sem economizar no suspense — mas também tem algumas cenas de comédia para aliviar a tensão.

Enquanto a narrativa é contada na forma de visual novel, todas as ações são feitas por meio de opções em um menu, indo desde falar com algum personagem ou explorar o cenário no estilo point-and-click. Quando uma nova pista é encontrada, anotações no bloco de notas ficam disponíveis e algumas opções podem surgir em amarelo no menu, indicando qual ação deve ser realizada.

A exploração de cenários e objetos se dá por meio do point-and-click, mas também deixa a desejar em alguns momentos. Por vezes é necessário clicar em lugares bastante específicos para dar prosseguimento à investigação — tanto que perdi quase 20 minutos tentando descobrir como eu deveria fazer a inspeção no corpo de Yoko Kojima, bem no início da campanha.

Embora condizente com a proposta do jogo, essa jogabilidade não é à prova de falhas por alguns motivos. Primeiro, porque frequentementepor muitas vezes é necessário escolher a mesma opção por diversas vezes até todas as informações serem obtidas; segundo, porque nem sempre as pistas do que fazer a seguir são dadas com o comando Think, algo que pode deixar o jogador no escuro; e terceiro, porque esse vaivém nas opções não é nada intuitivo e se torna cansativo depois de um tempo.

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Se por um lado pode parecer um desperdício a exploração não ser compatível com a tela sensível ao toque do Switch, por outro é possível jogar apenas o Joy-Con direito. The Girl Who Stands Behind, por fim, pode ser aproveitado tanto no modo TV quanto no portátil ou retrato sem sofrer com atrasos nos comandos ou alterações nos gráficos ou no som.

Mais um caso para a lista

Salvo os pequenos contratempos na jogabilidade, a revitalização de Famicom Detective Club: The Girl Who Stands Behind cumpre o que promete com uma qualidade ímpar e transforma o jogador em um verdadeiro detetive. Com uma história intrigante e envolvente, é uma boa pedida tanto para quem já está acostumado com visual novels, quanto para aqueles que estão começando a se arriscar no gênero, ou ainda para quem apenas gosta de um bom romance policial.

Prós

  • Ótima apresentação audiovisual, sobretudo artes e dublagem;
  • História envolvente e intrigante do começo ao fim
  • Três gêneros distintos em uma jogabilidade diferenciada.

Contras

  • Pouco intuitivo em alguns momentos devido à falta de dicas;
  • Jogabilidade repetitiva e cansativa depois de um tempo.
Famicom Detective Club: The Girl Who Stands Behind — Switch — Nota: 8.5

Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo
 

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Também conhecida como Lilac, é jornalista e atualmente trabalha com assessoria de imprensa. Fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas.
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