Análise: Battle Axe (Switch) — combates frenéticos em uma aventura no estilo arcade

Junte-se a um pirata que carrega um canhão, uma elfa sombria e um mago barbudo para combater inimigos em um hack and slash empolgante.

em 27/04/2021
Pode-se dizer que a chegada de Battle Axe ao Switch é um prato cheio para quem gosta de aventuras retrô. Contendo um visual pixel art exuberante e jogabilidade efetiva, a jornada para salvar a terra encantada de Mercia cativa com sua vivacidade, além de  combates eletrizantes do início ao fim. Entretanto, alguns fatores, como a curta duração e poucos extras, podem limitar uma campanha promissora, que é fortemente caracterizada por sua progressão no modo arcade.

Três heróis ao resgate em terras belíssimas

A aventura de Battle Axe se passa em Mercia, uma terra mágica que está sofrendo com a tirania da bruxa Etheldred. Ao longo dos anos, muitos guerreiros tentaram salvar a região, mas nunca ninguém foi capaz de derrotar os monstros diabólicos, os quais estão a serviço da vilã. Dessa forma, três paladinos foram recrutados como a última esperança de recuperar a liberdade e resgatar os combatentes precedentes que falharam na missão. 

Seguindo essa premissa, o jogo se desenrola no estilo arcade: seja controlando a elfa Fae, o mago Iolo ou o saqueador Rooney, nosso dever é derrotar inúmeras criaturas para progredir em diferentes fases, cada qual com seu próprio boss final. Em caso de derrota, independentemente da situação ou estágio em que estamos, tudo é perdido e deve-se começar do zero, como realmente eram os fliperamas no passado.

Com diferentes temáticas, que vão de campos verdes a territórios apocalípticos, as fases de Battle Axe são belíssimas, muito em função da pixel art assinada por Henk Nieborg, que já participou de franquias como Shantae, Harry Potter e Contra. Assim, o visual é definitivamente um dos principais pilares do título, que é agradável de se jogar em toda a sua extensão. 

Um hack and slash certeiro

Além de sua aparência, Battle Axe também brilha em outro setor: a jogabilidade precisa e fácil de se aprender. Com uma movimentação multidirecional na perspectiva top-down, são apenas quatro botões ao todo, que permitem lançar projéteis e atacar com golpes físicos e investidas ligeiras. Essa disposição serve para os três personagens, mudando pouca coisa além da estética. Por exemplo, enquanto o ataque à distância de Iolo consiste no uso de seu cajado, Rooney utiliza o canhão e Fae atira suas adagas. 

Assim, é extremamente prazeroso derrubar os oponentes de diferentes maneiras. Seguindo a mecânica hack and slash, a aventura agrada com suas batalhas cheias de combos e variações de golpes, seja lutando contra muitos ao mesmo tempo, como acontece na maioria das vezes, ou versus os chefões encontrados no fim de cada fase. 

No trajeto, outro atributo bacana que se revela é a possibilidade de resgatar outros guerreiros e aldeões das garras dos monstros. Estes personagens aparecem ao longo dos estágios e funcionam praticamente como coletáveis, rendendo pontos e elevando nossos escores no ranking do arcade.

Com isso, a combinação entre uma jogabilidade primorosa e estética caprichada – que além do visual pixelado também cativa com trilhas feitas por Manami Matsumae, compositora de Shovel Knight e Mega Man – faz de Battle Axe um grande jogo. Pena que, quando se trata da extensão de sua campanha arcade, não podemos usar o mesmo adjetivo.

Contras escondidos por trás de uma linda fachada

Me arrisco a dizer que o principal ponto negativo de Battle Axe é sua curta duração: o arcade tem apenas quatro fases em sua campanha, capaz de ser concluída em cerca de 30 minutos. Ainda que para completá-la sejam necessárias diversas tentativas, não estamos falando de muita coisa, o que faz com que o jogo tenha poucas horas de fôlego.

No menu, também podemos acessar o Modo Infinito, que consiste em enfrentar fases em uma progressão interminável. Apesar de ser um adicional bacana, principalmente para quem é competitivo e gosta de quebrar seus próprios recordes, não configura como uma campanha, parecendo muito mais um extra, dado que o formato de seus estágios é completamente diferente dos encontrados no modo principal.

Algo que me incomodou em Battle Axe foi a ausência de sua história dentro da campanha: não há qualquer explicação ou cutscene na hora de iniciarmos as partidas, apenas circulamos por estágios desconexos sem maiores apresentações. Eu só soube da existência da intriga, pois havia acompanhado o título em seu projeto de financiamento coletivo. Porém, durante a jogatina, não houve nenhuma narração, o que é uma lástima visto que o universo de Mercia é adorável e, certamente, poderia ser aprofundado.

Da mesma forma, as explicações sobre os itens que podem ser usados nos estágios são inexistentes, o que causa hesitação. Acontece que, entre as fases, encontramos uma comerciante que oferece uma série de elementos, mas nenhum deles conta com descrição ou sequer um nome. Assim, novamente, meu conhecimento sobre eles só se deu por fora da jogatina. Por exemplo, só soube que o emblema dourado vendido por 50 moedas garantia ao meu personagem melhorias na movimentação por ter pesquisado no site oficial.

Essa falta de informação também se manifesta em outras ocasiões, como no fato de que os protagonistas podem alterar a coloração de seu visual ao pressionar um botão no menu, mas não há nenhuma indicação sobre isso. Diante de tudo o que foi dito, o que aparenta é que Battle Axe incorporou o retrô um pouco além do tolerável, passando do limite da nostalgia para se tornar algo quase arcaico em determinadas funções. 

Arcade até demais?

Dessa maneira, mesmo se valendo do estilo retrô e tentando se manter simples, sinto que Battle Axe poderia ter setores mais explorados. Não me refiro apenas a uma duração mais prolongada, mas também a uma apresentação devida de sua história, itens, elementos e conquistas, que por sinal, até existem no jogo, mas não é nada além do que um placar de achievements básico, pouco envolvente e nada gratificante.

Isso representa que o fator replay do título depende muito dos próprios jogadores, dado que uma vez completada a campanha, apenas quem gosta de quebrar recordes e afins voltará a jogar-lá novamente. De maneira perigosa, Battle Axe realmente se apoia muito no conceito arcade, o que configura um potencial problema se considerarmos o seu preço: R$ 209, algo exagerado para o que o jogo oferece.

Ainda assim, quero dizer que os defeitos dentro do gameplay são raros e se manifestam em coisas leves, como pequenas quedas de fps na terceira fase ou baús que jogam a recompensa em lugares inalcançáveis. De resto, a diversão pode ser grande em Battle Axe, que também conta com tradução para o português, modo co-op e ajuste de dificuldade, tornando o seu lado arcade mais digerível para quem não é muito chegado.

Diversão curta, mas cheia de elegância

Durante a jogatina, Battle Axe consegue encantar com sua jogabilidade intuitiva e estética retrô, exibindo combates que irão agradar sobretudo fãs de arcade e hack and slash. Na companhia de Fae, Iolo e Rooney, a jornada por Mercia é empolgante e divertida, mesmo que a duração da campanha principal não seja tão extensa ou aprimorada quanto os outros atributos do título.

Prós

  • Pixel art deslumbrante;
  • Jogabilidade hack and slash prazerosa e cheia de ação;
  • Três personagens simpáticos;
  • Desafios interessantes no estilo arcade;
  • Presença de co-op e controle de dificuldade.

Contras

  • Campanha de curta duração;
  • Poucos extras e sistema de conquistas escasso;
  • Ausência de explicações e história “escondida”;
  • Preço elevado.
Battle Axe — Switch/PS4/XBO/PC — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Felipe Fina Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela Numskull Games
Battle Axe será lançado para o Nintendo Switch em 29 de abril

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Jornalista, colaborador no Nintendo Blast e doutorando em Comunicação Social.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).