Depois da chegada de Crash Bandicoot: N. Sane Trilogy (Switch) e Crash Team Racing: Nitro Fueled (Switch) à plataforma híbrida da Nintendo nos últimos dois anos, nosso lunático marsupial favorito retorna para a sequência mais aguardada desde o reboot da franquia. Crash Bandicoot 4: It's About Time foi originalmente lançado em outubro de 2020 para os consoles da Sony e Microsoft como a sequência de Crash Bandicoot: Warped (Multi). Apesar da versão para Switch ter reduções gráficas visíveis, o foco do game em desafios, mecânicas e gameplay mostra mais uma vez que aliar nostalgia e inovação na medida certa pode dar ótimos resultados.
O marsupial mais famoso de todos está de volta!
O primeiro jogo da franquia foi lançado na década de 90 pelos fundadores da Naughty Dog, Andy Gavin e Jason Rubin, e eu fui um fã e exímio jogador de Crash Bandicoot nos tempos remotos do PlayStation original. Era frequente passar os finais de semana nas casas de amigos, parentes e vizinhos compartilhando momentos de raiva, frustração e alívio enquanto tentava passar por fases difíceis, chefes apelões ou desafios que simplesmente não "clicavam".
Com a virada do ano e a Nintendo disponibilizando CTR Nitro-Fueled gratuitamente para os assinantes de seu serviço online, pude ter meu primeiro contato com o universo do novo Crash "ressuscitado" de 2017 — e eu adorei. Mas nunca toquei em nada além desse e dos originais de PlayStation, o que acabou sendo uma decisão certeira; afinal, Crash Bandicoot 4 ignora qualquer coisa além da terceira entrada na franquia.
Trazendo um clássico de volta à vida
Com o lançamento de Crash 4 nos videogames da Sony e Microsoft, muitos foram pegos de surpresa com a enxurrada de análises e opiniões positivas para um game que carregava uma grande responsabilidade: superar o fardo da aclamada trilogia original e ao mesmo tempo trazer elementos inovadores e divertidos. Crash está de volta com a jogabilidade clássica tão elogiada dos novos remakes, mas dessa vez tudo parece ainda mais suave e fluido. Mas claro, ainda é o mesmo platformer 2.5D pelo qual a série é conhecida, mas com a revisão de "engasgos" que o esquema de controles clássico parecia ter.
O game apresenta agora novidades que prometem trazer ousadia nas experimentações da franquia, como a nova mecânica de parar o tempo, que brinca com o conceito durante toda a jogatina e o utiliza como mecânica de gameplay; e a habilidade de alterar as dimensões, mandando alguns objetos e obstáculos para outra dimensão e permitindo assim a passagem dos nossos heróis por novos ambientes ou cenários da fase antes inacessíveis. Ambas são obtidas através de máscaras, equipáveis aos personagens.
Além disso, contará com a possibilidade de jogar pela primeira vez como o próprio Dr. Neo Cortex, mesmo que controlar os inimigos de Crash já fosse uma possibilidade em spin-offs, certamente poder encarar as insanidades desse universo clássico pela perspectiva dos pitorescos vilões e sua jogabilidade distinta é uma adição muito bem-vinda.
Antiga jogabilidade, novos desafios
É de se admirar como Crash 4 é extremamente próximo à trilogia "N. Sane". Crash se move, pula, gira e faz-se sentir como nos remakes, mas ainda há várias modernizações para o que o personagem pode fazer, ainda que a física básica e mesmo o level design se mantenham com o esquema clássico que se espera de um game Crash Bandicoot. Mesmo quando você se depara com as mecânicas inovadoras mais óbvias, parece que elas foram totalmente projetadas para caber dentro da estrutura nostálgica, ao invés de serem forçadamente incluídas em cima dela.
O game também conta com dois modos distintos de gameplay: o Modo Retrô e o Modo Moderno. O Modo Moderno elimina a disposição de vidas, e em vez disso mostra um contador de mortes. Já o Modo Retrô, por outro lado, força você a completar cada missão com uma quantidade limitada de vidas. Seja qual for o modo escolhido, Crash Bandicoot 4 certamente será um jogo difícil, em especial se o jogador não estiver acostumado com a física ou as mecânicas próprias da série original.
A melhor versão de Crash agora em qualquer lugar
A chegada do jogo no Switch é muito aguardada por vários fãs do bandicoot, que veem com bons olhos a atenção dada pela Activision ao console já há vários anos, se traduzindo em lançamentos frequentes de games relevantes, mesmo que tardios em relação às demais plataformas. No anúncio do jogo, a desenvolvedora Toys For Bob prometeu menor tempo de carregamento e a opção de áudio melhorado, sugerindo uma imersão aprimorada para os jogadores em todas as dimensões do jogo.
Além disso, há a expectativa da utilização do HD Rumble dos Joy-Con para sentir momentos do game, como o gancho da personagem Tawna, apesar de não ter ficado claro se a versão do Switch também será ou não contemplada com essas melhorias.
Outro detalhe importante é de que a franquia Crash Bandicoot completa 25 anos em 2021 e já foi adiantado pela Activision que haverá várias surpresas, lançamentos e eventos voltados à comemoração, sendo o lançamento de Crash 4 no Switch, PlayStation 5 e Xbox Series X|S apenas o marco inicial da festividade. Sem nada anunciado, resta aguardar as novidades e torcer para que a plataforma nintendista seja contemplada com os extras a caminho.
Exatamente pelo seu retorno bem-sucedido nos demais consoles do mercado, Crash Bandicoot 4: It's About Time chega ao híbrido da Nintendo com a responsabilidade de ser uma adaptação tão boa quanto os remakes de 2017, mas perde um pouco pelo seu lançamento bastante tardio quando se comparado às demais versões e sem oferecer nenhum conteúdo exclusivo que justifique o seu atraso.
De qualquer forma, todos já sabem o que esperar: mais daquela jogabilidade clássica de Crash e dificuldade à lá games antigos, com várias vidas necessárias para concluir um nível, além de uma nova reviravolta nas mecânicas de jogo. Para aqueles que ainda não puderam jogar ou acompanhar o game, resta ao menos uma certeza: vem aí um grande platformer para o Switch.
Crash Bandicoot 4: It's About Time – SwitchDesenvolvimento: Toys for BobGênero: PlataformaLançamento: 12 de março de 2021Expectativa: 4/5
Revisão: Davi Sousa