No último mês, a franquia Pokémon completou seus 25 anos de história. Muitos jogos foram lançados, aventuras foram vividas e marcas foram deixadas na vida das pessoas. Hoje, uma das propriedades intelectuais mais valiosas do mundo reina absoluta entre os jogos mais vendidos sempre que emplaca um novo título. Mesmo que nem sempre agrade a todos os fãs, como tem sido recentemente, o sucesso continua firme.
No passado, porém, mais especificamente há 19 anos, Pokémon ainda traçava seu caminho de inovação e a perspectiva dos fãs era outra. A chegada da terceira geração dos monstrinhos despertou a curiosidade e alegria de muitos, com o primeiro jogo que seria lançado para um portátil mais potente, já plenamente capaz de exibir todas as cores. Ali, nascia a terceira geração dos monstrinhos de bolso, a região de Hoenn e as versões Ruby/Sapphire. Hoje, iremos falar um pouco sobre o sucesso, as inovações e a trajetória das criaturas Hoennianas.
Soem as cornetas!
Os tradicionais jogadores de Pokémon muito provavelmente lembrarão que, há 19 anos, em 2002, os jogos da franquia ainda eram lançados com uma diferença de cerca de 6 meses entre o Japão e o Ocidente, fato que incrivelmente só deixou de existir na sexta geração. Por isso, a data oficial do lançamento da terceira geração dos monstrinhos de bolso, com a chegada de Ruby/Sapphire para o Game Boy Advance, é o ano de 2002, em novembro.
Um pouco diferente do ritmo atual de lançamentos, Ruby/Sapphire foram anunciados em março de 2001, mais de um ano antes do lançamento e poucos meses após a chegada de Gold/Silver (GBC). Afinal, o sucesso estrondoso da franquia exigia que novas e novas entradas fossem lançadas para as plataformas principais da Nintendo.
O Game Boy Advance já era uma realidade à época e a expectativa é de que os novos jogos colocariam a franquia em um novo patamar. Seja pela nova experiência gráfica, com a possibilidade de representação de todas as cores, seja pelas músicas, que deixariam o aspecto chiptune de lado para uma melhor qualidade e profundidade instrumental. Aliás, foi a própria terceira geração que tanto marcou com suas músicas centradas no uso das cornetas. Quem não lembra daquele tema de batalha tão marcante?
Ruby/Sapphire chegaram com muitas novidades que marcaram para sempre os rumos de Pokémon, principalmente no que envolve as mecânicas de batalha, como as Natures, Abilities e Double Battles; mas também em outros aspectos, como as interfaces gráficas, novos times antagônicos e um pouco mais de foco no enredo.
Swampert esbanjando sua Brave Nature e a Ability Torrent. |
Mesmo que os jogadores mais casuais não se importem tanto com o que as Natures representam, o cenário competitivo mudou muito depois da sua chegada. Basicamente, cada Pokémon passou a ter uma natureza (no sentido de comportamento), que contribui com 10% de bônus em um stat e 10% de redução em outro. Assim, os monstrinhos com as Natures certas passaram a se destacar muito mais no cenário de batalhas em campeonatos.
Além disso, as conhecidíssimas Abilities apareceram também pela primeira vez na terceira geração. Com efeitos diversos, como a imunidade ao tipo Terra de Levitate ou a redução instantânea do ataque do oponente com Intimidate, elas foram destaque tanto no cenário casual como no competitivo.
Por fim, as Double Battles marcaram para sempre as batalhas Pokémon, colocando dois monstros contra dois, seja entre duas ou quatro pessoas. E aqui finalizam as mudanças duradouras que a geração de Hoenn introduziu; todas perduram até hoje, diferentemente das mecânicas mais recentes da franquia, que têm se mostrado um tanto quanto temporárias.
Muita lava e água
Pokémon Ruby/Sapphire se destacaram por ter trazido, mesmo que de forma sutil, um pouco mais de enredo para a franquia. Além das tradicionais adições de criaturas, com 135 novas aparições, uma trama envolvendo as equipes Aqua e Magma e a dominação de terra ou mar tomou conta de Hoenn.
Dependendo da versão escolhida, o jogador teria como equipe vilânica aquela que deseja capturar o Pokémon lendário da capa do jogo, com o objetivo de expandir a terra ou o mar sobre o domínio de seu oposto. O posto até então ocupado pela equipe Rocket foi trocado por motivações mais concretas e um conflito que envolve a segurança da região. Inclusive, no momento mais crítico do jogo, que é a libertação e consequente descontrole das criaturas míticas, um clima desumano toma conta de toda a região e cabe ao protagonista salvar a todos.
Groudon e Kyogre são os dois Pokémon que estamparam as capas desses games, representando, respectivamente, as forças do continente e do oceano. Há muito tempo, ambos entraram em um grande conflito e tiveram que ser acalmados pelo terceiro lendário do trio, Rayquaza, que infelizmente desempenha um papel de coadjuvante neste jogo.
No fim, Pokémon Ruby/Sapphire se tornaram um sucesso de vendas no Game Boy Advance. Ao todo, foram 16,2 milhões de unidades, marcando a dupla como os jogos mais vendidos de toda a história do portátil. Como era de se esperar, o êxito e o histórico da franquia fizeram com que uma terceira versão chegasse na sequência.
A terceira joia
O momento de escrever sobre a versão Emerald dá uma certa falta de palavras. Isso porque mesmo prometendo um mar de mudanças, o que sobra é apenas um pequeno upgrade, e essa foi a maior crítica que o jogo recebeu nas análises de seu lançamento.
Em resumo, a história se modificou sutilmente, mesclando em um único jogo o que acontece nas duas versões anteriores. Nesse caso, as equipes Aqua e Magma desempenham ambas o papel de vilões, mesmo que ainda lutando entre si. Cabe ao jogador colocar um fim na grande briga entre ambas como foi feito eras atrás, com a intervenção do dragão voador Rayquaza.
Além disso, a Battle Frontier aparece como uma das facilidades favoritas dos fãs, já que os pedidos para que ela volte são frequentes. São cinco prédios com desafios Pokémon diferentes, como vencer treinadores em um sistema de aluguel. O complexo retornou na quarta geração para, na sequência, ficar guardado para sempre na memória dos jogadores e nunca mais retornar.
Enfim, os remakes
A terceira geração e a região de Hoenn deixaram muitas marcas na franquia Pokémon. Tudo o que foi criado a partir dali usou dos aprendizados e acertos dos jogos lançados para Game Boy Advance. Enfim, três gerações depois, a mesma história finalmente recebeu seus remakes. Doze anos após o lançamento original e na sequência do lançamento de X/Y, Omega Ruby/Alpha Sapphire chegaram ao 3DS.
Nesse ponto, os jogos já haviam evoluído tanto que muitas mudanças foram necessárias. Agora, as batalhas adotaram os gráficos 3D, assim como os mapas e personagens, e muitas outras mecânicas novas foram incorporadas. Afinal, a geração de X/Y marcou o fim definitivo do uso de sprites para a adoção completa dos modelos tridimensionais, um salto definitivo para Pokémon.
Da mesma forma, as histórias contadas nos jogos se tornaram bem mais complexas, o que tornaria a trama de Ruby/Sapphire simples demais se replicada por completo. Por isso, alguns personagens tiveram seus backgrounds mais desenvolvidos, como Steven, o campeão; Wally, um dos rivais do protagonista; e Archie e Maxie, os líderes das equipes antagonistas.
Uma grande novidade da sexta geração, as Mega Evoluções, também estrelou nos remakes. Vários dos monstrinhos de Hoenn ganharam suas versões Mega, e os lendários da capa, Groudon e Kyogre, receberam uma versão alternativa chamada de Primal Reversion, que os leva ao seu estado original de tempos remotos.
Basicamente, as repaginações reviveram uma aventura disponível apenas em pixel art para uma versão definitiva, incluindo ainda o Delta Episode, uma grande novidade na história. Ele inclui uma trama inédita ao final do jogo envolvendo a queda de um meteorito na região de Hoenn e o envolvimento de Zinnia, uma mulher do povo Draconid, com a captura de Rayquaza. Assim, um pouco da história de Emerald acabou incluída, de uma forma bastante inovadora e revolucionária, nos remakes principais.
Até hoje, Omega Ruby/Alpha Sapphire é a dupla de remakes mais vendida da história de Pokémon, e nem o popular Let's Go Pikachu/Eevee! (Switch) conseguiu bater a marca de 14,34 milhões de unidades vendidas. A dúvida que fica é, será que Brilliant Diamond/Shining Pearl (Switch) conseguirão atingir tal feito?
A terceira geração deixou muitas lembranças em nossos corações, e neste texto conseguimos lembrar um pouco dos detalhes dessa magnífica criação da Game Freak. Que o futuro de Pokémon seja tão marcante quanto foram estes jogos. Deixe você, nos comentários, sua opinião sobre esta geração e quais são as suas expectativas para as próximas.