O ano é 2010. Pokémon continua sendo uma das propriedades intelectuais mais importantes e famosas do mundo, e nos vemos ainda dentro da quarta geração, a de Pokémon Diamond/Pearl (DS). O advento de um sucessor para o console portátil de duas telas da Nintendo na época já era notícia, e com isso iniciava a antecipação de uma nova geração da franquia dos monstrinhos de bolso para o novo console.
O começo da tempestade da temporada de pré-lançamento de uma nova era de Pokémon se iniciou, porém não da forma como muitos esperavam. A quinta geração ainda chegaria para o Nintendo DS, a primeira vez que um mesmo console abrigaria duas gerações, para surpresa de muitos. Ingênuos aqueles, no entanto, que com isso imaginavam que teríamos um par de jogos mais do mesmo, sem maiores novidades. Unova, como o próprio nome da região sugere, teve como um dos pilares a sensação justamente do novo, de novidade, e vamos falar hoje do impacto que esta região e seus jogos tiveram para a franquia.
Unova — uma nova aventura!
Pokémon Black/White (DS) foram lançados em 2010 no Japão, enquanto na América eles chegaram apenas no ano seguinte. A antecipação pelos jogos era grande, pois já estávamos somando quatro anos consecutivos da quarta geração, uma das mais longevas da franquia até hoje. Ou seja, já fazia um certo tempo que não víamos todo aquele ciclo de entusiasmo de nos deparar com novos Pokémon, novos locais, personagens e histórias.
Os jogos se aproveitaram disso para trazer uma região com uma sensação de novidade não vista há muito tempo. Uma das ações para causar esse impacto foi a ousada decisão de não incluir nenhum monstrinho previamente já existente durante a campanha principal: os treinadores deveriam utilizar somente as 156 criaturas residentes de Unova, a maior quantidade de novos Pokémon que uma geração introduziu até hoje. Nem mesmo Pikachu, o mascote da franquia, escapou!
Isso foi importante, pois obrigou, pela primeira vez, jogadores a deixarem de lado seus favoritos, e se aventurar e experimentar somente com os novos monstrinhos. Me recordo até hoje de como era incrível ter a sensação de descoberta a cada nova criatura encontrada: como haviam muitas, era difícil de já ter um conhecimento prévio de boa parte da Pokédex. Me senti como se estivesse conhecendo e jogando a franquia pela primeira vez novamente.
Unova, a região em que Black e White se passam, desde sua estrutura e inspiração, também invocava novos ares. Pela primeira vez tínhamos uma região que não era inspirada em alguma localidade do Japão, mas sim de um estado dos Estados Unidos da América, mais especificamente Nova York. A longevidade com que Unova se encontrava perante às regiões anteriores também era a justificativa dada para não termos monstrinhos antigos à vista pelos matinhos da região.
Claro que, mesmo com as disparidades, os jogos ainda eram jogos Pokémon! Você ainda era um jovem treinador prestes a iniciar uma jornada, a fim de se tornar o campeão da liga. Desta vez, você tinha dois rivais logo de imediato para acompanhar em sua aventura, Bianca e Cheren, e recebia seu primeiro Pokémon da Professora Juniper - era a primeira vez que a franquia introduziu uma professora mulher. A escolha era entre Snivy, Tepig e Oshawott, e os monstrinhos que sobravam ficavam com um de seus rivais cada - ou seja, desta vez ninguém ficava sobrando com o professor.
Ao realizar as primeiras batalhas do jogo contra Cheren e Bianca em seu quarto, já se notava as novidades visuais da geração: cada monstrinho possuía sprites animados a todo tempo. Mesmo que algumas destas animações tivessem pixels estourados, era inegável que os Pokémon ganharam muita personalidade e expressão graças à elas: desde Oshawott brincando com sua concha, até mesmo o voo desengonçado de Archeops.
Uma trama mais intrigante
Mesmo que o objetivo do jogador em Black/White fosse bastante similar a qualquer outro jogo anterior da franquia, Unova também trouxe consigo a tentativa de criar uma narrativa mais desenvolvida. A Game Freak fez com que uma questão muito polêmica da franquia fosse questionada dentro da trama: como seria um mundo sem que os humanos utilizassem dos Pokémon em batalhas e quase como “propriedade”, de uso pessoal?
Quem planta a semente da pergunta é N. De início, ele nada mais é do que um rival em sua jornada, porém conforme a história avança é demonstrado como o garoto não se sente confortável com a forma de utilização dos Pokémon pelos humanos. Não demora muito para que saibamos que o garoto está envolvido com a Team Plasma, a facção que ocupa o espaço de equipe vilã que Team Rocket, Aqua, Magma e Galactic utilizaram no passado.
O ideal deles é de libertarem os monstrinhos dos humanos, sendo a primeira vez que uma equipe da franquia traz uma questão tão discutível e não necessariamente vilanesca. Claro que, os métodos da Team Plasma para atingir tal objetivo eram bem questionáveis, já que durante a campanha vemos membros da facção, por exemplo, maltratarem certos monstrinhos.
Isso despontava na discussão de ideais do jogo: os vilões não estavam totalmente certos e nem totalmente errados, eles estavam em uma escala além do preto e branco. Os jogos infelizmente não nos dão uma resposta definitiva para a questão que a Team Plasma propôs na conclusão da trama, porém foi refrescante ver uma história na série que tentava sair um pouco do clichê já extremamente batido das gerações anteriores.
Os personagens também ajudaram nisso, já que estavam bem memoráveis: vemos uma participação maior da figura dos líderes de ginásios como pessoas importantes para os locais que vivem, e não apenas meros bosses que aguardam o jogador em seu ginásio e perdem relevância logo após. Também vemos pequenos arcos de história com os rivais e principalmente N, dando mais tridimensionalidade às figuras do jogo e maior desenvolvimento de personagem.
Novos métodos de diversão
Pokémon Black e White, assim como os pares introdutórios das gerações passadas, também trouxe consigo várias mecânicas novas. Não tivemos nenhuma novidade estrutural, como novos tipos ou a divisão de ataques físicos e especiais, porém os jogos ainda fizeram questão de não serem desinteressantes neste aspecto.
Tivemos a introdução das Rotation Battles, batalhas em que cada treinador utiliza três monstrinhos ao mesmo tempo, porém só ataca com um por vez e pode rotacionar entre eles durante a troca de turnos. Enquanto estes combates eram mais comuns em Pokémon Black, na versão White o destaque era maior para as Triple Battles. Como o nome sugere, estas eram batalhas totalmente três contra três, sem nenhum esquema de rotação.
Unova também trouxe consigo estações: a cada semana o jogo alternava entre Inverno, Outono, Verão e Primavera. Dependendo da estação, certos locais ficavam inacessíveis para o jogador e vice-versa, como, por exemplo, as montanhinhas de Icirrus que só podiam ser acessadas cobertas pela neve do inverno. A mecânica foi reforçada ainda com a linha de Sawsbuck, um cervo que mudava de visual conforme a estação corrente.
Outro destaque da quinta geração que ia além dos jogos era o Pokémon Dream World, uma espécie de jogo de navegador que tinha conectividade com Black e White. Nele tinha-se acesso a diversos minigames, alguns que inclusive permitiam que o jogador pudesse fazer amizade com monstrinhos de gerações passadas e enviá-los à sua campanha em Unova. Infelizmente, no entanto, o Dream World é um pedaço da geração que se perdeu no tempo, já que o site foi fechado em 2014.
As sequências
As gerações de Pokémon até o momento tinham um padrão bem definido: iniciavam com um par de jogos e, um ou dois anos depois, eram expandidos com uma versão definitiva. Black e White também receberam um tratamento similar em 2012, mas a surpresa foi que não recebemos uma terceira versão, porém duas! Além disso, não eram apenas versões definitivas, porém sequências dos jogos originais.
Pokémon Black 2/White 2 (DS) se passam em uma Unova de dois anos após os acontecimentos de Black/White. Diferentemente das terceiras versões do passado, que normalmente se tratavam da mesma história levemente alterada, aqui a trama é diferente e é acompanhada por mudanças na região e personagens.
Rivais nos jogos anteriores, Cheren e Bianca possuem novos postos aqui: o de líder de ginásio e de assistente da Professora Juniper, respectivamente. Temos também o caso de Iris, que agora ganha um espaço bem privilegiado na Liga Pokémon. E mudanças visuais, como os novos cabelos de Elesa. Até mesmo novos vilões dão as caras na forma da Neo Team Plasma, uma equipe vilã remanescente da facção que se dissipou ao fim de Black e White.
Unova também está diferente: há novas cidades, rotas e até mesmo novos líderes de ginásio. Temos a expansão de locais antigos: o exemplo maior sendo o de Driftveil City, que agora acomoda as instalações do Pokémon World Tournament, uma nova competição marcada pelo retorno de todos os líderes de ginásio e campeões das regiões passadas.
Black 2 e White 2 foram definitivamente a cereja do bolo da quinta geração: consigo trouxeram ainda mais novidades na forma de mecânicas. Tivemos desde a implementação de modos de dificuldade, até mesmo uma espécie de sistema de conquistas, em que você podia ganhar insígnias por pequenas missões propostas por um determinado NPC.
Havia também o Join Avenue, uma espécie de avenida próxima de Nimbasa que o jogador se tornava dono. Ela se iniciava vazia, e ficava a cargo do treinador interagir com alguns NPCs que passavam pelo local, abrir lojas e desenvolver a avenida. As lojas possuíam os mais variados tipos: havia salões onde era possível aumentar a felicidade dos Pokémon, até mesmo dojos em que o jogador podia aumentar os effort values de seus monstrinhos. Cada tipo de loja era atrelada de acordo com o NPC que você interagia.
O PokéStar Studios, uma espécie de Hollywood do mundo Pokémon, em que você podia brincar de criar pequenos filmes com seus monstrinhos, também se juntava à enorme lista de modos que os jogos implementavam. Eles se uniam aos Musicais Pokémon, já presentes desde Black/White, como formas de interação com os monstrinhos que desviavam da ótica principal das batalhas.
A quinta geração cada vez mais ganha destaque em discussões sobre a série. Conforme os anos passaram, deixou-se muito de lado o “olho torto” que muitos tinham com esta era pelos visuais controversos dos monstrinhos novos da região, para dar espaço a elogios e até mesmo afirmações de terem sido o ápice da franquia. Após este “tour” relembrando os jogos de Unova, é a sua vez de nos dizer qual sua relação com eles. Ama ou odeia? Deixe nos comentários!
Evoluindo a cada geração
Revisão: Vladimir Machado