As novidades dos ports: os conteúdos extras que os jogos de Wii U ganharam no Switch

O chamariz que os games de Wii U receberam para serem revisitados no Switch.

em 23/03/2021


O Wii U foi um console com jogos incríveis, mas as baixas vendas do aparelho fizeram com que poucas pessoas tivessem a oportunidade de experimentar essas pérolas. Dessa maneira, os ports que o Switch vem recebendo são a chance desses games serem oferecidos para uma base instalada monstruosa, de quase 100 milhões de unidades.


Mas qual foi o tratamento que esses ports receberam até agora? Simplesmente vender o mesmo jogo, sem alterações, não estimularia os consumidores que puderam jogar no Wii U a comprar novamente o título. E, mesmo quem nunca jogou, pode não querer jogar um game que chega com cara de "velho".

Vamos dar uma olhada, então, nos títulos que a Nintendo escolheu trazer para o seu bem-sucedido console híbrido, e analisar qual foi o tempero novo que a empresa usou para trazer um frescor que torne esses games atrativos. Acompanhe:

Mario Kart 8 Deluxe

  • Lançamento no Wii U: 2014
  • Lançamento no Switch: 2017
  • Principal novidade: a reformulação do modo batalha
Quando Mario Kart 8 Deluxe foi lançado, seu caminho já estava bem pavimentado. O jogo já havia sido um sucesso no Wii U, com uma jogabilidade bem ajustada e uma excelente implementação da nova mecânica antigravidade. Agora, no Switch, o título recebeu uma melhoria gráfica, com uma resolução em 1080p e 60fps constantes mesmo no modo multiplayer. A queda de framerate era um calcanhar de Aquiles da versão original.

Além disso, todo o conteúdo da versão Wii U, inclusive aquele distribuído via DLC, está disponível aqui desde o princípio. Ou seja, pistas, veículos e personagens, mesmo os inéditos, já estão desbloqueados para que os jogadores os desfrutem. E agora com o uso do HD Rumble, é possível experimentar um tipo diferente de imersão com as diversas nuances que o recurso apresenta, com efeitos diferenciados para o turbo, impactos, itens, pulos, derrapagens etc.

Outra mudança é a possibilidade de armazenar dois itens de uma vez, algo que não estava presente no MK8 original. Esse sistema acrescenta um novo ritmo às corridas, deixando tudo mais dinâmico e exigindo mais habilidade do jogador. Por falar em dinamismo, foi implementado também um terceiro nível de drift. Ao segurar R ou ZR por tempo suficiente numa curva, os pneus brilham azul, depois vermelho e, por fim, rosa, garantindo quase o mesmo efeito de um cogumelo.

Se isso tudo já não fosse o bastante, a maior alteração ocorre no modo batalha. Totalmente reformulado, inclui arenas próprias para este modo (sendo cinco inéditas) e cinco opções de modalidades: retornam a clássica Balloon Battle, a Coin Runners, de Wii e 3DS, e a Shine Thief, presente em Mario Kart Double Dash. Mantém a Bob-omb Blast, que já estava na versão do Wii U, e apresenta a Renegade Roundup, uma versão com Piranha Plants de "polícia e ladrão".

Essa reformulação tira o modo batalha de uma posição de simples complemento e dá a ele um brilho que lhe confere um lugar de destaque neste novo jogo, aumentando consideravelmente o seu fator replay.

Pokkén Tournament DX

  • Lançamento no Wii U: 2016
  • Lançamento no Switch: 2017
  • Principal novidade: modo Team Battle
A curta distância entre o lançamento das duas versões mostra como esse jogo foi lançado no fim da vida do Wii U e poderia ter passado batido se não fosse por esse port. A mistura de Pokémon com jogo de luta foi uma ideia inusitada, e a Nintendo parece ter apostado na força dessa ideia e no fato de que pouca gente havia tido contato com ela para vender Pokkén Tournament DX no Switch.

Além da visível melhoria gráfica, a nova iteração inclui os Pokémon presentes na versão Arcade, lançada exclusivamente no Japão em 2015: Croagunk, Scizor e Darkrai. Também são acrescentados Litten e Popplio, vindos de Sun/Moon e, finalmente, o inédito Decidueye. Porém, a oportunidade de controlar esses monstrinhos não é o grande diferencial deste jogo.

No Switch, Pokkén ganhou um novo modo de luta chamado Team Battle. O jogador monta uma equipe com três Pokémon, em vez do tradicional 1 vs 1. A cada bichinho do seu time que é derrotado, o próximo toma o seu lugar. Isso dá à jogatina um nível de estratégia e de profundidade bem interessante e que não havia no lançamento original.

Donkey Kong Country: Tropical Freeze



  • Lançamento no Wii U: 2014
  • Lançamento no Switch: 2018
  • Principal novidade: Funky Mode
Diferente dos games anteriores desta lista, Donkey Kong Country: Tropical Freeze não teve seu título alterado com um deluxe ou dx. Isso porque o conteúdo é basicamente o mesmo nos dois consoles: um maravilhoso jogo de plataforma que introduz novidades ao mesmo tempo em que traz tudo o que havia de bom nos clássicos do Super Nintendo. Tudo isso com gráficos incríveis.

O que não quer dizer que não há novidades por aqui, é claro. Uma coisa que não se pode dizer sobre Tropical Freeze é que ele é um jogo fácil. Após salvar o jogo pela primeira vez, é perguntado se você deseja jogar no modo original ou no modo Funky. Jogar com o Funky Kong diminui bastante a dificuldade, contando com pulo duplo, descida mais lenta, proteção contra espinhos e ainda cinco corações.

Considerando que a qualquer momento, na tela de seleção de níveis, você pode trocar o macaco malandro de volta pelo gorilão principal, o novo modo garante acessibilidade para um público casual, sem interferir na jogabilidade de quem quer encarar o desafio original.

Captain Toad: Treasure Tracker




  • Lançamento no Wii U: 2014
  • Lançamento no Switch: 2018
  • Principal novidade: Quatro novos níveis.
Assim como a aventura de Donkey Kong, Captain Toad: Treasure Tracker não sofreu alteração em seu título. Como no caso do gorilão, o game do Toad é basicamente o mesmo daquele lançado para Wii U: puzzles acessíveis para iniciantes, mas que incluem desafios para jogadores experientes, contados por uma narrativa fofa e com uma inusitada jogabilidade que não conta com pulo. É a vez do cogumelinho explorador e da Toadette brilharem, e essa aventura é a oportunidade perfeita e bem executada para isso.

Para além das melhorias gráficas e da adaptação dos controles, o que mais diferencia o Treasure Tracker de Switch de sua versão original, no fim das contas, é a eliminação das referências a Super Mario 3D World. Para quem não sabe, Captain Toad surgiu como um minigame na aventura do bigodudo. Quando ganhou seu jogo solo, o cogumelinho tinha para explorar quatro fases inspiradas no seu game de origem. No Switch, essas quatro fases são substituídas por outras temáticas de Super Mario Odyssey.

Hyrule Warriors: Definitive Edition




  • Lançamento no Wii U: 2014
  • Lançamento no Switch: 2018
  • Principal novidade: ser a edição definitiva do game
A mistura do mundo de Link com o estilo musou da Koei Tecmo foi recebido com curiosidade e surpresa na época de seu lançamento, fazendo sucesso o suficiente para justificar três versões (há uma adaptação para 3DS, de 2016) e uma estrondosa continuação, lançada em 2020.

Hyrule Warriors: Definitive Edition reúne ação frenética em campos abertos, com elementos de estratégia na coordenação dos ataques pelo mapa. Aqui é recuperado o gameplay da versão de 3DS, que permite a troca de personagens durante uma missão e possibilita dar ordens a outros membros de seu exército, direcionando-os a diferentes lugares. A este elemento recuperado do 3DS, junta-se um recurso inédito desta versão: o fast travel, na forma de estátuas espalhadas pelos mapas. Essas mudanças no gameplay mudam completamente a estratégia e o modo de encarar as missões, dando um grande dinamismo à partida.

Como uma edição definitiva, o título no Switch reúne todos os conteúdos disponibilizados por DLC nas versões anteriores. Isso inclui personagens, armas, skins e capítulos extras de história no Legend Mode. Como conteúdo exclusivo, há duas novas skins baseadas em The Legend of Zelda: Breath of the Wild disponíveis desde o início para uso por Zelda e Link.

New Super Mario Bros U Deluxe

  • Lançamento no Wii U: 2012
  • Lançamento no Switch: 2019
  • Principal novidade: dois novos personagens jogáveis
Trazendo de volta o clima dos clássicos jogos em 2D, New Super Mario Bros U Deluxe é o game mais "antigo" dessa lista de ports. Com a organização dos mundos no mesmo estilo de Super Mario World (SNES), a série New traz uma nova roupagem gráfica e introduz o multiplayer, o que leva a diversão (ou as brigas) a outro nível.

O título recebeu no Wii U um DLC chamado New Super Luigi U, que adiciona muitas fases novas e desafiadoras. E ainda em seu console original havia uma versão com esse conteúdo extra já incluso. Portanto, ele estar presente nesta versão do Switch não é novidade.

Esta edição deluxe traz o mesmo jogo, com dois novos personagens jogáveis que alteram a experiência. Nabbit, o coelho ladrão que aparecia no original como um desafio ocasional, agora pode ser controlado. Ele possui uma invencibilidade natural, não sofrendo dano de nenhum dos inimigos. Em compensação, também não pode pegar power-ups e continua sendo afetado pelos elementos do cenário, como buracos ou lava.

Mas a grande estrela mesmo é a Toadette. Com ela você pode optar por enfrentar os desafios na dificuldade normal ou num modo mais acessível, como o Funky, de DKC Tropical Freeze. Isso porque, de posse da Super Crown, a cogumelo rosa se transforma em Peachette e consegue flutuar por longos períodos, além de ganhar uma certa proteção às quedas.

Tokyo Mirage Sessions #FE Encore




  • Lançamento no Wii U: 2016 (Ocidente)
  • Lançamento no Switch: 2020
  • Principal novidade: Aprofundamento de personagens
Este crossover originalmente seria mais explícito, pois se chamaria Shin Megami Tensei X Fire Emblem. Este título, porém, poderia passar uma ideia errada do que é o jogo. Fire Emblem foi a inspiração para os Mirages, jingles (sons da série estão presentes), e o seu tradicional triângulo de armas faz parte do combate. Já Shin Megami Tensei emprestou o conceito de fraquezas de inimigos, nome de feitiços e ambientação contemporânea.

Mas Tokyo Mirage Sessions #FE Encore é um produto único. Aqui acompanhamos um grupo de artistas que precisa enfrentar criaturas de outra dimensão em uma aventura colorida, bem-humorada e com muita música J-Pop. Por trás da atmosfera animada há um RPG sólido, cujo principal destaque é o ótimo sistema de batalha, repleto de combos. As séries de origem forneceram elementos, mas não definem o que este jogo é, permitindo uma experiência completamente nova.

Até a palavra escolhida para nomear o port ("encore" significa "bis") exalta a personalidade deste título. Esta versão traz todos os DLC lançados e um melhor e mais rápido tempo de carregamento de tela, mas seu conteúdo extra exclusivo também está ligado ao mundo da música: um trio de missões chamado Ex Stories, em que acompanhamos as carreiras de Tsubasa e Kiria, chegando a um momento de cantar covers de algumas das músicas do jogo. São trechos curtos, mas interessantes ao explorar mais um pouco as personalidades das duas garotas. As Ex Stories também oferecem outras novidades, como novas roupas para os heróis inspiradas em Shin Megami Tensei, Persona 5, Etrian Odyssey Nexus e Fire Emblem: Three Houses, e participações dos personagens Tiki, Maiko e Barry nas Sessions.

Pikmin 3 Deluxe




  • Lançamento no Wii U: 2013
  • Lançamento no Switch: 2020
  • Principal novidade: sistema de conquistas
Pikmin mistura com maestria elementos de exploração e estratégia em tempo real com a alma da Nintendo. Ainda assim, é uma série que não faz o sucesso devido. O último lançamento da franquia aportou no Switch disposto a mudar esse cenário.

Pikmin 3 Deluxe não recebeu melhorias apenas na jogabilidade. A parte visual ganhou uma atenção especial, principalmente os efeitos de luz e sombra, que ficaram mais nítidos. Todos os DLC lançados para Wii U estão incluídos aqui, além do retorno da Piklopedia, trazendo os pensamentos dos cinco capitães sobre as criaturas do jogo.

E ainda há conteúdos inéditos que dão mais robustez a essa versão. Temos um novo modo de dificuldade, chamado Ultra-Spicy, que deixa o gameplay mais apimentado e desafiador. Foi adicionado também um sistema de conquistas, o que incentiva o jogador a cumprir todas as metas para conseguir os 100%. Todos esses elementos, em conjunto com o conteúdo original, que já era incrível, fazem desta a melhor experiência possível de Pikmin.

Super Mario 3D World + Bowser's Fury




  • Lançamento no Wii U: 2013
  • Lançamento no Switch: 2021
  • Principal novidade: um jogo à parte
O mais recente port até o momento é talvez o mais ousado. Isso porque traz mais do que apenas o jogo original, que já era completo e encantador, com as devidas melhorias gráficas e implementação de multiplayer online. O segmento que leva o nome do Bowser é um jogo à parte, acessado de maneira independente ao jogo principal. Talvez Super Mario 3D World + Bowser's Fury seja o título mais atraente para quem já havia jogado no Wii U.

Com uma perspectiva própria e uma ideia original, o novo conteúdo é adorável e divertidíssimo por inteiro. O mundo 3D sem a divisão tradicional de fases é um convite constante à exploração, com a jogabilidade impecável de sempre da franquia. Mario tem de vasculhar o cenário para coletar os Sóis Felinos, que em certa quantidade, desbloqueiam o Giga Guizo. A batalha de gigantes entre o encanador vestido de gatinho e o Bowser furioso é uma grande homenagem ao gênero tokusatsu, um "Godzilla versus Kong'' estilo Nintendo.

As novidades compensam?





Depois de revisitar os nove jogos relançados até agora, podemos ver que em todos a Nintendo acrescentou uma coisinha ou outra. Porém, fica nítido que em alguns títulos houve um esforço ou uma dedicação maior da empresa em fazer do port um game mais completo, enquanto outros foram basicamente adaptados ao Switch.

Independente de quais melhorias foram feitas ou não, é evidente também que cada um dos jogos já possuía muitos méritos próprios que por si só justificam o porquê eles deveriam ser jogados, e o port para o Switch é a oportunidade para quem perdeu a chance no Wii U.

Nenhuma das adaptações foi mal feita. Pelo contrário, todos os títulos receberam no mínimo uma melhoria gráfica. Mas as novidades apresentadas são o suficiente para quem já experimentou esses games anteriormente? Quais outros conteúdos deveriam ter sido adicionados? O que não pode faltar em um próximo port? Deixe sua opinião para continuarmos a conversa aqui nos comentários.

Revisão: Vladimir Machado

Nascido no mesmo dia que Manoel Bandeira (mas com alguns anos de distância), perdido em Angra dos Reis (dos pobres e dos bobos da corte também), sob a influência da MPB, do rock e de coisas esquisitas como a Björk. Professor de história, acostumado a estar à margem de tudo e de todos por ser fora de moda. Gamer velho de guerra, comecei no Atari e até hoje não largo os mascotes - antes rivais - Mario e Sonic.
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