Análise: Root Film (Switch) — filmagens, mortes e um grande mistério

Jogo de investigação conta um mistério muito bem conduzido.

em 24/03/2021
Desenvolvido pela Kadokawa Games, Root Film é uma visual novel de mistério que se passa em Shimane. O título é um sucessor de Root Letter, contando uma história envolvente e bem desenvolvida que é completamente independente do jogo anterior.

O retorno de uma série de mistério

A TV Shimane trabalhava em um projeto de série de mistério chamado Shimane Mystery Drama Project. No entanto, as gravações foram paradas após um certo incidente. Falar sobre isso se tornou um tabu e atualmente poucas pessoas sabem o que aconteceu.

Dez anos depois, o diretor novato Rintaro “Max” Yagumo tem a chance de participar do reboot desse projeto. No entanto, as coisas não são tão simples assim. Enquanto se preparam para as gravações, eventos sinistros começam a acontecer. Max e sua equipe irão investigar os casos e suas possíveis relações.

Ao todo, o jogo conta com sete casos, sendo dois deles no controle de Riho em uma história paralela. Cada caso é interessante por conta própria, e inclui truques elaborados e boas reviravoltas. Além disso, eles são organizados em múltiplos capítulos, uma estrutura que também ajuda a oferecer pequenas pausas ideais para a leitura, apesar de ser possível salvar e parar em quase qualquer momento (exceto durante o Max Mode).

Conforme a história avança, cabe ao jogador escolher entre múltiplos pontos no mapa de Shimane. Em cada lugar há personagens diferentes para interagir e em alguns deles há também objetos do cenário para investigar. Em alguns momentos, pode ser necessário voltar a uma área após um determinado evento.

Max e Riho têm um poder especial baseado em Sinestesia (ou seja, na mistura de sensações). Basicamente essa é a desculpa que o jogo dá para destacar trechos relevantes da fala das pessoas. Eles são então gravados pelos personagens que podem usá-los posteriormente como argumentos.

Porém, em momentos específicos, apenas a investigação das cenas dos crimes não é o suficiente. Nem sempre as pessoas vão estar abertas a falar a verdade, até porque é possível que elas sejam responsáveis pelo crime. Quando isso acontece, o protagonista ativa o Max Mode, forçando o personagem contra a parede e exigindo que o jogador escolha entre os detalhes já aprendidos sobre o caso.

Prestando atenção no diálogo, é intuitivo selecionar o argumento correto, já que a progressão da fala é bastante natural. Mesmo assim, caso erre, o jogador sofre penalidades que podem levar a um game over. Porém, basta escolher continuar para tentar novamente desde o início da discussão. Graças ao log (menu de mensagens anteriores) e ao skip read (botão para avançar trechos de texto já lidos), não há muito trabalho para refazer esses trechos se necessário.

Um jogo belo e colorido

No que diz respeito às artes, a obra é predominantemente estática. Em muitos momentos, os rostos dos personagens não estão condizentes com o tom do diálogo, seja de felicidade, tristeza ou qualquer outro sentimento. Com isso, há uma perda considerável de expressividade.

Por outro lado, isso não quer dizer que os personagens, cenários e eventos não sejam belos. Muito pelo contrário, o ilustrador Taro Minoboshi (Love Plus, Root Letter) apresenta designs bastante chamativos e vibrantes para os personagens. Durante os eventos principais do jogo, as CGs saltam aos olhos especialmente pelo seu uso de cores e por composições recheadas de detalhes.

Os cenários também chamam a atenção por sua variedade. Assim como Root Letter, Root Film tenta apresentar pontos diversos de Shimane, incluindo áreas turísticas e mais mundanas da ampla prefeitura japonesa situada na região de Chugoku. Trata-se de um local bem extenso e o mapa do jogo ajuda a dar essa noção de tamanho também.

Em termos da atmosfera do jogo, vale destacar a trilha sonora. Especialmente durante os momentos de mistério da trama, ela consegue evocar uma sensação de perigo, descoberta e insegurança que é muito bem-vinda.

As vozes dos personagens também são fundamentais para a trama. Exclusivamente japonesas, elas têm o tom perfeito para dar emoção a todos os eventos do jogo. Elas são dramáticas e ajudam o jogador a se conectar com o que é apresentado.

Ainda nos aspectos mais técnicos, gostaria de destacar que o jogo conta com uma quantidade considerável de erros de digitação. Por se tratar de uma obra prioritariamente narrativa, esse defeito acaba se tornando mais proeminente e incomodando no longo prazo. O que é uma pena, pois o texto (exclusivamente disponível em inglês) conta com boas escolhas de termos e uma escrita que seria bastante agradável não fosse por esses pequenos errinhos.

Um jogo de mistério envolvente

De forma geral, Root Film é um excelente exemplar de visual novels de mistério. Com um enredo conduzido de forma impecável, a sua história conta com casos bastante interessantes e as vozes ajudam a dar a dramaticidade necessária para os eventos. Graças a isso, os pequenos defeitos são praticamente irrelevantes e qualquer pessoa em busca de um bom jogo do gênero provavelmente terá diversão garantida.

Prós

  • Casos interessantes e bem desenvolvidos;
  • Design de personagens, cenários e eventos bonitos;
  • Vozes em japonês cuja qualidade ajudam a dar dramaticidade aos eventos;
  • Trilha sonora atmosférica;
  • Respostas intuitivas durante o Max Mode.

Contras

  • Expressão visual dos personagens muitas vezes não é adequada para o tom dos diálogos;
  • Erros de digitação.

Root Film – Switch/PS4 – Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: João Gabriel Haddad
Análise produzida com cópia digital cedida pela PQube Games

Siga o Blast nas Redes Sociais

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).