Evoluindo a cada geração - Pokémon Diamond/Pearl/Platinum

A quarta geração dos monstrinhos de bolso foi a divisora de águas da franquia. Reviva esses momentos agora!

em 20/03/2021

Nem parece que foi há tanto tempo, mas o Nintendo DS foi lançado em 2004. Nesse ano, ainda nem existia um jogo da linha principal da franquia para o console. Inclusive, Pokémon Emerald foi lançado para o GBA nesse mesmo ano, ou seja, pertencia à geração anterior. Mas eis que surge a luz no fim do túnel: em 2005 são lançadas as versões Diamond/Pearl (DS), que até pouco tempo atrás ocupavam o terceiro lugar na lista dos mais vendidos, com incríveis 17.67 milhões de unidades.

Pode soar estranho, mas essas duas versões foram tão importantes para a franquia que não podemos imaginar como o jogo é feito hoje, sem que essas versões estivessem presentes. Admito que sou fã incondicional dessa geração e que se não fosse por ela, teria parado no Game Boy Advance. A seguir, veja o que marcou tanto essa geração, que é para esse que vos escreve, a melhor de todas. Boa leitura!

Duas telas, uma paixão

Pokémon Diamond e Pearl trouxeram ao Nintendo DS 107 criaturas novas, totalizando 493 monstrinhos. O resultado dos jogos agradou tanto os fãs como até mesmo funcionários da Big N. Logo, era de se esperar que, com apenas uma década de existência, o game se transformasse num dos maiores clássicos dos videogames. Hoje, 15 anos depois, estamos a poucos meses do remake, que promete uma boa dose de nostalgia.

Nossa aventura se passa na região de Sinnoh, que foi inspirado na ilha japonesa de Hokkaido. Tudo começa quando o personagem central da história (ou seja, você) está no conforto de casa assistindo a uma reportagem na televisão, quando é anunciada repentinamente uma notícia sobre um Gyarados vermelho que está causando muita confusão num lago próximo. O resto, todos já sabem. Agora, vejamos o que a quarta geração trouxe de bom para a franquia. 

Reformulação da mochila do personagem

Os jogos de RPG em sua essência são obras que primam pelos detalhes. Todo bom joguinho desse gênero é riquíssimo em detalhes e com Pokémon, não poderia ser diferente. Companheiras desde as primeiras versões (e parece que sempre estarão junto de nós), as mochilas dos personagens carregam os itens que irão nos ajudar ao longo de nossas jornadas. Contudo, nem sempre pudemos carregar tudo nelas: alguns itens tinham que ficar de fora, ou seja, isso meio que instiga os treinadores a levarem apenas o necessário para suas aventuras.


Os anos se passaram e a cada nova geração, novos itens chegaram e o espaço disponível ficou apertado. Sem falar na quantidade, apenas 99 de cada item. Isso mesmo, 99, você não leu errado. Com a chegada da quarta geração, não só tivemos esse limite aumentado para 999 - que segue até hoje - como também a capacidade de levar todos os itens existentes no jogo dentro da mochila. Todos, sem exceção. Dessa forma, não temos mais que “perder tempo” selecionando aqueles que queremos levar e depositar o resto no PC do Centro Pokémon.

HUD de Batalha colorido

Outro detalhe super importante e que segue até os dias de hoje. Até a era GBA, os comandos de batalha ficavam em uma única caixa de texto, que era manipulada de acordo com a primeira opção selecionada. Com a chegada do Nintendo DS, todo o HUD ou Heads-Up Display (traduzido como Tela de Alerta) foi transferido para a segunda tela, que ganhou vida ao receber colorações com significados.



O próprio diretor dos jogos, Junichi Masuda, chegou a comentar essa questão após o lançamento dos jogos. Por ser touchscreen, a tela de baixo do DS foi feita para ser usada em conjunto da Stylus, a charmosa “canetinha” do console. Porém, não estava sendo 100% funcional para as crianças, que poderiam manusear de forma incorreta/imprecisa esse recurso. Então, foi decidido que os botões seriam grandes e coloridos, a fim de que os baixinhos usassem os dedos para selecionar as opções. Note que, na imagem abaixo, cada menu possui uma cor característica e, quando acionados, as opções secundárias seguem o mesmo padrão.

Ainda, os golpes também receberam uma atenção especial ao terem o fundo de suas caixas de texto preenchidos com a cor do tipo daquele golpe. Isso facilita muito na questão cognitiva, pois auxilia os jogadores mais novos na hora de selecionar a melhor opção apenas pela cor, sem a necessidade de tirar os olhos da tela de cima, local em que toda a ação acontece. Dessa forma, golpes do tipo STEEL tem uma coloração cinza e brilhante, enquanto que golpes do tipo WATER são mais próximos ao azul cerúleo (referência à cidade, talvez?), permitindo uma associação mais rápida por parte dos jogadores.

Conectividade

Essa palavra é sinônimo da quarta geração. Antigamente (nossa, parece velho falando) as batalhas e trocas eram feitas através do cabo Game Link, que foi parcialmente substituído na terceira geração pelo Wireless Adapter, contido em algumas edições especiais das versões Fire Red e Leaf Green. A partir de Diamond/Pearl, a conexão por cabos foi extinta, já que o Nintendo DS possui, nativamente, o modo wireless. Imagine um grupo de amigos de um condomínio podendo jogar juntos, sem aquele monte de fio pendurado. Não há coisa melhor!


Agora, não pense que foi só isso não: a grande jogada foi a capacidade de realizarmos trocas e batalhas online utilizando a Nintendo Wi-Fi Connection, elevando a franquia a um novo patamar. Não importa se você está em São Paulo e seu amigo no Rio de Janeiro, ou se você está no Brasil jogando contra uma pessoa que mora na Inglaterra: é possível batalhar com pessoas de todo o canto do mundo, desde que tenham o Friend Code um do outro. Olha, era legal...

Incontáveis torneios de fóruns especializados em Pokémon Competitivo foram disputados, amizades foram criadas, grupos foram estabelecidos e falo, por experiência própria, que a conectividade do Nintendo DS me rendeu diversas amizades (até hoje inclusive) e me prendeu de um jeito na franquia que nenhuma outra geração teria conseguido.

GTS - Global Trade System

As trocas de Pokémon entre treinadores existe desde a primeira geração e é uma das funções básicas dos jogos, pois permite que os jogadores possam completar suas Pokédex com os monstrinhos exclusivos das versões opostas. Com o advento do wireless, esse procedimento foi facilitado, e muito. Contudo, a Game Freak foi além e explorou ao máximo a Nintendo Wi-Fi Connection e criou o GTS - Global Trade System.


Na cidade Jubilife, há um grande prédio com o símbolo característico do sinal de rede do computador chamado Global Trade Station (faltou criatividade aqui hein), que direcionava o jogador para uma sala online a qual permite a escolha de determinado Pokémon, de um determinado sexo ou até mesmo de um determinado nível.

Assim que as condições são atendidas, a troca é feita automaticamente, sem a necessidade de uma interação do jogador. Ou seja, eu estou procurando um Purugly, fêmea, de Lv.40 ou superior em troca do meu Skuntank, macho, de Lv.40. Se algum outro jogador estiver procurando pelo gambá roxo de Sinnoh com esses parâmetros, a troca é feita e até um e-mail pode ser disparado na versão Platinum.


A partir dessa inovação, surgiu o Masuda Method, que é quando dois Pokémon de línguas diferentes são depositados no Day-Care, aumentando as chances de chocarmos um ovo contendo um Pokémon shiny. Dessa forma, ao recebermos um Garchomp de uma versão italiana, podemos utilizá-lo em conjunto do nosso Garchomp da versão americana (ou qualquer outra que não seja a italiana) para obter um Gible shiny com maior facilidade. Até os dias atuais esse método é utilizado, normalmente com um Ditto, e que só foi possível com a criação do GTS.

Divisão de Categorias

Talvez essa seja a mudança que mais impactou na história da franquia. A cada nova geração, novas mecânicas internas são desenvolvidas para deixar o jogo mais estratégico e balanceado, a fim de que nenhum arquétipo seja muito dominante. Tivemos algo parecido da terceira geração, mas que ainda precisava de um certo polimento.

Novamente, até a região de Hoenn, as mecânicas de categoria eram divididas por tipo, ou seja, parte dos tipos aplicava dano físico e a outra especial, que podemos exemplificar como “à distância”. Não havia uma terceira divisão para golpes como Recover ou Toxic. Para se ter uma ideia melhor, veja a tabela abaixo:

  • Tipos que eram da categoria Physical: NORMAL, FIGHTING, FLYING, POISON, GROUND, ROCK, BUG, GHOST e STEEL;
  • Tipos que eram da categoria Special: FIRE, WATER, GRASS, ELECTRIC, PSYCHIC, ICE, DRAGON e DARK.

Em Ruby/Sapphire, para quem não se lembra, caso um Sceptile utilizasse o golpe Leaf Blade em um Sharpedo, a habilidade Rough Skin do tubarão era ativada. No entanto, era meio controverso já que os golpes do tipo GRASS sempre causavam dano Special e a habilidade era ativada apenas quando havia contato físico. Outro fator interessante sobre isso é que, certos monstrinhos, como o próprio Sceptile, aplicavam “mais dano” em virtude dessa mecânica, pois sua base de Attack é 85, enquanto que sua base de Special Attack é 105.


A partir de Diamond/Pearl essa mecânica foi refeita e mudou da água para o vinho: agora não é mais o tipo que determina a sua categoria e sim, o próprio golpe. Com isso, Fire Punch, que antes era um golpe Special por ser do tipo FIRE, é na verdade um golpe físico e utiliza como base para cálculo o Attack do monstrinho. Isso fez com que Pokémon como Gyarados e Dragonite se transformassem em verdadeiras máquinas de nocaute, pois com a mudança, golpes como Waterfall e Outrage que seriam classificados como golpes Special na verdade são físicos, apoiados pelas imensas bases de Attack (125 e 134) de ambos.

Dessa forma, diversos Pokémon puderam exercer um papel relativamente bom quando o assunto eram as batalhas Pokémon, afinal, Pokémon como Weavile não aproveitavam seus golpes STAB (Same Type Attack Bonus). Tanto o tipo ICE como o tipo DARK eram da categoria Special e, ao analisarmos a distribuição de stats da fuinha gélida, 45 de base de Special Attack não nocauteia nem um Pidgey Lv.2. Ainda, os golpes que não aplicam dano direto foram classificados como Status Moves.

Platinum e o mundo reverso

A última terceira versão dos jogos a ser lançada na franquia foi Platinum, chegando aos nossos consoles dois anos depois de Diamond/Pearl, trazendo alguns ajustes necessários para a série, como a velocidade aumentada do Surf e alguns prédios característicos remodelados para entrarem em sinergia com a temática do jogo.

Tivemos também a adição do Distortion World e a forma alternativa de Giratina, impactando diretamente na história. Para quem não jogou, não sabe o que está perdendo. Em um determinado momento, a física do jogo é totalmente alterada e o jogo de câmeras empregado foi magistral. Tem até uma cachoeira ao contrário, completamente destacada pelo jogo por ser um momento único.

No pós-jogo, fomos agraciados com a última Battle Frontier da franquia e que deixa saudades até hoje para os fãs. Cinco especialidades estão espalhadas pela localidade, garantindo boas horas de jogo e desafios à altura de um mestre Pokémon. Será que teremos a volta da Battle Frontier algum dia?

O que Brilliant Diamond e Shining Pearl reservam

Quando o trailer começou regredindo no tempo, confesso que fiquei com muito medo de passar pela quarta geração e não parar, terminando somente em Johto para o anúncio de um possível Let’s Go inspirado na segunda geração. Para meu alívio - e de muitos provavelmente - parou em 2007 e apareceu o Nintendo DS de fundo. Alegria pura!

Após o que foi exibido no trailer, houve uma divisão entre a base de fãs (novidade) quanto ao design do jogo. Como não é possível agradar a todos, nos resta torcer para que o conteúdo do novo seja tão bom quanto o original. Inclusive, fizemos uma análise precisa do trailer, na tentativa de apontar o que estará contemplado e o que poderá voltar.

Depois dessa “pequena” sessão nostalgia, deu vontade de jogar a quarta geração? Com certeza! O carinho que sentimos em relação às versões Diamond/Pearl/Platinum é enorme, maior que um Regigigas. Todas as funcionalidades aqui citadas perduram até os dias atuais e marcaram uma geração. E você, querido leitor e amante de Pokémon, o que acha dessa geração? Deixe seu comentário, relate sua experiência ou declare seu amor por essas versões!

Evoluindo a cada geração

Revisão: Felipe Fina Franco

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Fã de carteirinha da franquia Pokémon desde os oito anos de idade, teve seu primeiro contato com os monstrinhos de bolso no Game Boy Color e de lá para cá, são mais de 25 anos de alegria. Fanático por vídeo-games, gostaria de poder jogar mais tempo do que trabalha.
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