Shuntaro Furukawa, presidente da Nintendo, comenta sobre a influência dos ex-presidentes sobre sua gestão

Em entrevista ao portal Nikkei, Shuntaro Furukawa comentou também sobre o legado das IPs da Nintendo e o impacto dos smartphones nos games. Confira.

em 28/02/2021
Shuntaro Furukawa, atual presidente da Nintendo

Recentemente, o portal Nikkei entrevistou o atual presidente da Nintendo, Shuntaro Furukawa, perguntando diversos aspectos de sua gestão. O executivo trouxe à tona várias informações importantes, como a constante preocupação com o legado das franquias mais conhecidas da empresa, a influência dos ex-presidentes sobre a gestão atual e, também, o impacto do crescimento do mercado de smartphones nas vendas dos consoles de videogame.

Inicialmente, Furukawa comentou sobre a utilização mais frequentes dos grandes personagens da empresa para alavancar as vendas, confira:

Nikkei: "é simplesmente questão de lançar os personagens mais frequentemente [para alavancar as vendas]"?

Furukawa: "nós temos que ter em mente que a origem dos personagens está nos jogos. Esses são personagens que os fãs cresceram apegados através de incontáveis horas de jogo. Nós devemos desenvolver esses personagens de forma que não destruamos as memórias que os fãs têm dos personagens em seus mundos. Sempre prosseguimos com cautela para não danificar o valor das marcas.

Se desejamos aumentar as vendas no curto prazo, há outros caminhos para fazê-lo. É mais uma questão de o que podemos fazer para manter a Nintendo como uma marca amada no longo prazo. Esse é o debate que temos com frequência internamente, e algo que eu penso com cuidado conforme tomo minhas decisões. Sempre há o risco de destruir uma marca da Nintendo que levamos 30 anos para construir".

Além dos comentários sobre as vendas e o uso das franquias mais conhecidas da empresa, Shuntaro Furukawa comentou sobre as influências de presidentes anteriores, especialmente Hiroshi Yamauchi e Satoru Iwata, em sua gestão:

Nikkei: "que tipo de influências ex-presidentes da Nintendo, como Iwata e Yamauchi, tiveram em sua atuação"?

Furukawa: "lamentavelmente, nunca falei diretamente com Yamauchi. Porém, ouvi sobre a filosofia de Yamauchi de Iwata e seu sucessor, Kimishima. Nos briefings da polícita de gestão, eu digo que 'o entretenimento é valioso pois é diferente das outras coisas [que fazemos na vida]', mas essas palavras são de Yamauchi. Ele deixou em nós um pensamento universal que é hoje um dos fundamentos da Nintendo.

Iwata trabalhou sobre isso e deixou várias pessoas na companhia que pudessem tomar iniciativa e pensar por si mesmos. Eu tive muitas oportunidades de trabalhar com Iwata quando eu tinha compromissos globais e aprendi muito consultando com ele e obtendo experiência enquanto viajava".

Nikkei: "o que você aprendeu com Iwata"?

Furukawa: "aprendi as mais diversas coisas com Iwata, mas é melhor que eu me abstenha de mencionar momentos específicos. Ele não gostava do fato de que havia pessoas na Nintendo que diziam 'eu aprendi isso com Satoru Iwata'. Temos certeza de que ele não aprovaria se eu dissesse algo aqui, por isso guardarei as informações para o meu coração".

Nikkei: "como você irá liderar a Nintendo"?

Furukawa: "o sucessor de Iwata, Tatsumi Kimishima, assumiu como presidente na situação emergencial que surgiu após a morte repentina de Iwata. Ele trabalhou mudando a forma como a empresa funcionava, permitindo que ela continuasse sem o carisma de Iwata. O meu plano é prosseguir nessa rota.

Nós ainda temos uma liderança em grupo que foi introduzida após a saída de Yamauchi. No time de gestão, há tanto desenvolvedores de software como de hardware e, assim, eu não trabalho diretamente com o desenvolvimento. Eu simplesmente aproveito os jogos e deixo para as pessoas responsáveis julgarem se está bom ou não.

Os princípios por trás de nossas finanças são para garantir que a companhia continue. Estou no ramo de consoles de videogames por mais de 30 anos, e com os bons tempos vêm também os maus tempos. Conforme os tempos mudam, nossa gestão tomará decisões equilibradas e sensatas, mudando o que for necessário na empresa".

Por fim, o entrevistador perguntou sobre a ascenção dos smartphones e o impacto desse mercado nos consoles de videogame dedicados:

Nikkei: "há também um ponto de vista que diz que o valor dos consoles de videogame dedicados diminuiu graças à popularidade dos smartphones".

Furukawa: "com o crescimento da popularidade dos smartphones, nossa estratégia é aumentar a população que joga videogames. Pessoas em todo o mundo desfrutam de jogos eletrônicos com funcionalidades de smartphones, PCs e consoles.

Tenho certeza de que novas ofertas, como a computação na nuvem e o streaming irão emergir, mas eles não serão prioridade quanto à escolha do jogo que será jogado. Eu acredito que o mais importante é o conteúdo de um jogo e o tipo de jogos que você pode jogar.

Por outro lado, avanços tecnológicos podem fazer uma grande diferença para os jogos como um todo. Como isso pode acontecer a qualquer momento, nós estamos ativamente pesquisando tecnologias que podem ser o ponto de partida para algo interessante".

Nikkei: "Yamauchi uma vez disse que 'não há relação entre o quão divertido é um jogo e o quão bom é o hardware utilizado'".

Furukawa: "isso é algo que está sempre em minha mente. É claro, como os tempos mudaram, algumas partes de nossa filosofia têm de mudar também".

A última frase do atual presidente da Nintendo destaca como a empresa pensa na importância da potência de seu hardware, questão muito comentada entre os fãs e que sempre fez parte da filosofia da empresa.

Fonte: Nintendo Everything (1, 2 e 3)

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Fã de games desde pequeno, quando começou sua jornada com Mario e Zelda lá no SNES. É formado na área das engenharias e trabalha com desenvolvimento de software.