Já faz algum tempo que paira uma certa confusão sobre a posse da propriedade intelectual (IP) de Astral Chain (Switch), com as principais empresas japonesas envolvidas (Nintendo e Platinum) hesitantes em discutir esses detalhes. Anteriormente, a Platinum havia declarado que Astral Chain era copropriedade dela e da editora Nintendo, além da fabricante do Switch deter os direitos de publicação. Nessa direção, em uma entrevista de fevereiro de 2020 para a VGC, a Platinum nem mesmo descartou a possibilidade de Astral Chain um dia vir para plataformas que não da Nintendo, semelhante ao que ocorreu com a remasterização de The Wonderful 101.
No entanto, no início deste ano, os fãs notaram que o aviso de direitos autorais de Astral Chain foi modificado para remover a menção à PlatinumGames. Questionado se algo deveria ser interpretado na mudança, o chefe do estúdio Atsushi Inaba disse ao VGC esta semana: "é o que parece".
Ele acrescentou que "é como está escrtio no site: Astral Chain é IP deles e, como tal, existem limitações sobre o quanto achamos que devemos falar". Quando solicitados mais esclarecimentos sobre os comentários de Inaba, um porta-voz da PlatinumGames disse que a empresa "não estava em posição de responder a esta pergunta".
Convém lembrar que outro IP, The Wonderful 101, anteriormente copropriedade da Nintendo e da Platinum, mudou o proprietário antes do remaster do ano passado, mas na direção da Platinum.
Astral Chain foi a estreia de direção de Takahisa Taura, que fora designer de NieR: Automata. Seu trabalho foi supervisionado por Hideki Kamiya, conhecido por sua direção em títulos como Resident Evil 2, Devil May Cry, Okami e Bayonetta. Desde o lançamento de Astral Chain, em agosto de 2019, o jogo vendeu mais de um milhão de cópias, tornando-se um dos lançamentos de jogos originais de maior sucesso da Platinum. Se a Platinum transferiu voluntariamente a propriedade da Astral Chain, isso representaria uma jogada surpreendente para um desenvolvedor que está cada vez mais determinado a possuir seu próprio IP e publicar alguns de seus lançamentos.
Apesar de criar inúmeros IPs elogiados pela crítica durante sua primeira década, a Platinum tem dependido fortemente de parcerias com outras empresas. Os IPs de Bayonetta e Vanquish são de propriedade da Sega, embora ela também tenha trabalhado na série Star Fox da Nintendo e Nier da Square Enix.
Questionado sobre os próximos passos do diretor de Astral Chain, Takahisa Taura, Inaba disse à VGC que o designer era "jovem e cheio de promessas". Afirmou: “Parece que ele tem muitas ideias, muitas coisas que gosta e quer experimentar e há muito que queremos que ele faça”.
“Pode ser ele querendo fazer suas próprias coisas, algo como Astral Chain de novo, ou pode ser alguém vindo até nós e dizendo ‘nós realmente gostamos de Taura e queremos fazer algo com ele’ como o que fizemos com Nier. Portanto, há muitas maneiras de sua carreira decolar”.
Recorde que, em uma entrevista de 2019, Taura compartilhou seu desejo de criar uma sequência, dizendo ao site malaio Bunny Gaming: “Eu tenho muitas ideias à minha disposição e, se houver uma oportunidade de fazer uma sequência ou mais entradas, eu seria capaz de executá-las". De modo complementar à sua disposição por continuar a IP, Taura disse recentemente à Famitsu, em outra entrevista, que ele estava inicialmente preocupado que se Astral Chain não fosse um sucesso, ele não conseguiria trabalhar em algo novamente.
Questionado sobre esses comentários, o chefe da Platinum Inaba disse à VGC esta semana: “No que diz respeito à Platinum, Taura é o melhor diretor da empresa. Kamiya é provavelmente o quinto melhor diretor da empresa atualmente — ele precisa lançar um jogo e trabalhar para voltar!”.