Análise: Ultra Hat Dimension (Switch): um puzzle retrô tedioso

Ultra Hat Dimension é um jogo de puzzle desenvolvido pela Kitsune Games. Com clara inspiração retrô, ele coloca o jogador na pele de uma garota que precisa lidar com criaturinhas que sofreram lavagem cerebral. Com o poder de 4 chapéus, será possível tirá-las de seu caminho e avançar pelas fases até alcançar o vilão por trás de tudo.

A briga dos chapéus

No dia em que comemoravam o recebimento dos chapéus estilosos desenhados pela protagonista, os Spluffs passaram por uma grave crise. Graças a um vilão chamado Fab, as criaturinhas sofreram lavagem cerebral e começaram a atacar-se umas às outras. Apenas quem usa o mesmo chapéu é visto como semelhante, evitando a briga.

Para resolver essa situação, a garota atravessa o palácio em busca do responsável. Para poder alcançar essa proeza, ela precisará também usar os chapéus que encontra nas fases. A ideia é que ela não é atacada e consegue empurrar Spluffs que tem o mesmo chapéu por até cinco tiles (quadrados do chão) ou até que eles batam em uma parede. Uma vez usado, o chapéu é descartado.

Os puzzles giram em torno desses elementos e das afinidades entre chapéus, já que é necessário usar Spluffs de um tipo para acertar os de outros tipos também. São ao todo quatro variantes: lacinho, estrela, alado e pontudo.

Ao empurrar um chapéu em cima de outro de tipo diferente existem três possibilidades. A primeira delas é que o atingido fique nocauteado por 8 turnos (cada passo do jogador). Em outros casos, o chapéu será empurrado um quadrado para trás. Por fim, os dois podem ficar presos em uma briga infinita, ficando impossibilitados de se mover.

Esse conceito é interessante, mas a maior parte das fases é extremamente banal. Com muitos estágios de tutorial, as resoluções são usualmente óbvias e nem sequer exigem pensar, apenas seguir o ritmo natural da fase. 

Especialmente no mundo final, mas também em uma ou duas fases antes, são apresentadas situações mais complexas. Nesses momentos, há um salto grotesco de dificuldade, com uma demanda de que o jogador realmente entenda a situação mais a fundo. Em particular, as últimas fases envolvem bater em Fab, mas a lógica delas é mal introduzida e difícil de entender.

Isso chega a ser irônico, visto que o jogo gasta tanto tempo introduzindo os aspectos mais básicos de lógica. Infelizmente, não há um bom meio termo no jogo, cujos estágios ou são estúpidos ou ridiculamente convolutos. Mas gostaria de ressaltar que o jogo conta com um sistema de cancelar ações, o que ajuda a corrigir erros rapidamente e avaliar com facilidade as possibilidades oferecidas pelas fases.

Nada para ver aqui

Para além dos puzzles, o jogo tem ainda menos a oferecer. A cada fase resolvida, a protagonista fala uma pequena frase para avançar a história, mas esses trechos são mais desculpas ou falas óbvias do que algo efetivamente interessante. Mesmo assim, um dos pontos favoráveis do jogo é que ele conta com legendas em português e traduz o nome das fases, que são usualmente pequenos trocadilhos e referências a jogos como Metal Gear Solid.

A sua clara inspiração retrô com artes coloridas pode ser um atrativo para algumas pessoas, porém elas não são particularmente chamativas. O mesmo pode ser dito para a trilha e os efeitos sonoros que podem até ser enjoativos, mas de forma geral são apenas ignoráveis.

De forma geral, Ultra Hat Dimension é um jogo sem grandes atrativos. Com foco no gameplay, ele falha em oferecer puzzles realmente interessantes, oscilando entre o tédio de mais de cinquenta fases óbvias e apenas meia dúzia de áreas desafiadoras. Para pessoas a fim de um puzzle casual com estilo retrô, existem opções muito melhores no mercado.

Prós

• Sistema de cancelar ações permite corrigir rapidamente pequenos erros;
• Legendas em português.

Contras

• Quase todas as fases são tediosas devido à banalidade da solução;
• Salto grotesco de dificuldade para as poucas fases mais complexas.

Ultra Hat Dimension — Switch/PC/PS4/XBO/Mobile — Nota: 5.0
Versão utilizada para análise: Switch

Análise produzida com cópia digital cedida pela Ratalaika Games
Revisão: Icaro Sousa