Análise: Wallachia: Reign of Dracula (Switch) é uma ode a franquia Castlevania

O título traz de volta a verdadeira sensação dos clássicos de plataforma da era 16 bits, mas com uma dificuldade extremamente punitiva.

em 02/12/2020
O sucesso da franquia Castlevania, principalmente do título Symphony of the Night, trouxe aos olhos do público um novo gênero que seria explorado por jogos do mundo todo, trata-se do estilo clássico de plataforma com ação e aventura e uma dificuldade bem acima do normal.


Inúmeras empresas já replicaram este gênero em seus jogos, que com o passar do tempo foi perdendo sua verdadeira essência, se tornando assim uma experiência “mais fácil” para o avanço do mercado. Os títulos 8 bits e 16 bits de plataforma eram muito conhecidos pelas suas dificuldades exigentes, que criavam uma atmosfera única dos anos 90.

Com isso em mente, a desenvolvedora Migami Games resolveu apostar suas fichas em Wallachia: Reign of Dracula, uma ode ao estilo platafomr de Castlevania, com controles e gráficos fiéis a jogos como Contra e Castlevania.

A história por trás do mito

Em Wallachia acompanhamos a história de Elcin, uma camponesa que perdeu a família e teve seu irmão capturado pelo príncipe Vlad “Drácula” Tepes. Antes de mais nada, o Drácula deste game não é o mesmo de Castlevania ou das histórias contadas pela cultura pop. Vlad Tepes era um príncipe da Valáquia, região da Romênia, onde governou com crueldade entre os séculos XV e XVI.



O empalador, como era conhecido, foi responsável por um reino de terror onde os guerreiros capturados eram brutalmente assassinados e torturados, alguns até empalados em estacas pela região. Contos dizem que o príncipe tomava o sangue de seus oponentes, o que culminou para a criação do vampiro imaginário de Bram Stoker.

Wallachia tenta ao máximo se manter nas origens históricas de Drácula, — título recebido por Vlad que significa algo próximo de “filho do dragão” — onde mostra as invasões e as atrocidades feitas pelo vilão, enquanto é caçado por uma companhia de heróis que pretendem dar um fim ao seu reinado de terror.



No enredo do jogo, a arqueira Elcin tem como objetivo se vingar da morte dos pais e salvar seu irmão das mãos do empalador. Com a ajuda de um lobo branco, chamado Silviu, e seu dono Christian, a garota decide entrar em uma companhia real para derrotar Drácula. A narrativa de Wallachia é bem impressionante, o cuidado com a história e o desenvolver da campanha trazem reviravoltas, além de um final aberto para continuação. Outro ponto legal é que o jogo está traduzido para português brasileiro.

Os aliados de Elcin

Enquanto outros jogos do estilo tentam se manter em um nível de dificuldade aberto para todos os jogadores, Wallachia volta às origens de jogabilidade como de Castlevania e Contra. Elcin possui a habilidade de usar uma espada — que pode refletir tiros inimigos —, atirar com arco, para onde o analógica apontar (bem no estilo Contra), pular entre plataformas, deslizar no chão para se distanciar ou se aproximar de inimigos e é claro, usar as habilidades dos aliados.



A companhia na qual Elcin se juntou conta com alguns aliados e suas habilidades especiais que só podem ser ativadas depois de coletar um certo número de Orbs pelo mapa — que são adquiridas através de objetos e inimigos derrotados. O lobo branco Silviu tem o poder de atravessar a tela causando dano nos inimigos, enquanto Christian garante invencibilidade por um tempo.

Existem outros ajudantes e habilidades únicas de suporte, como melhorar as flechas de Elcin, para causar mais dano a inimigos ou usar a benção de se tornar invencível por alguns segundos, gastando um número maior de Orbs. As melhorias e outros tipos de flechas também podem ser adquiridos pelo mapa. Um detalhe, quando Elcin recebe dano ou encosta em um inimigo, todas as melhorias, itens e chaves se perdem, tornando o jogo mais punitivo.

Morrendo sem parar

Em Wallachia possuímos três opções de dificuldade: fácil, normal e difícil. Se escolhermos o modo fácil o jogo nos limita até certa fase. No normal já é possível zerar a campanha e desbloquear alguns segredos no menu (desafios para somar pontos, troféus e até uma roupa da personagem Miriam, de Bloodstained: Ritual of The Night). Já no difícil, mais extras são liberados para o pós-game, aumentando sua vida útil.



No jogo não temos checkpoint ou opção de salvar no meio da fase, se morrermos para um inimigo ou ambiente, o mapa recomeça, forçando o jogador a decorar as posições que os adversários irão nascer, locais onde pisar para não ser atingido por armadilhas e os movimentos dos chefões principais. Se completarmos o mapa, será possível selecioná-lo a partir do menu principal, mas apenas no nível de dificuldade que foi jogado.

Elcin tem apenas quatro vidas, que podem ser recuperadas ou aumentadas com alguns itens encontrados pelo mapa. Com a grande quantidade de inimigos que aparecem é difícil passar por Wallachia sem morrer várias e várias vezes. Assim como Contra e Castlevania, as punições do jogo são intensas para aqueles não acostumados com o gênero, forçando o jogador a ter paciência com a jornada. O título contém 7 mapas no total, que pode levar até 4 horas de duração.

Fiel aos clássicos 

A dificuldade de Wallachia: Reign of Dracula pode afastar algumas pessoas, mas a premissa de ser uma referência aos clássicos do gênero plataforma da época é bem justificada com a jogabilidade quase idêntica aos jogos da época. A quantidade de itens e melhorias faz com que o jogador tente atravessar o mapa de diversas maneiras, aprendendo mais sobre os inimigos e armadilhas ali presentes. A atenção aos fatos históricos em complemento com o vilão Vlad “Drácula” trazem mais imersão na narrativa.



Wallachia é um ótimo título plataforma e uma ode a franquia Castlevania, trazendo todos os aspectos que fizeram o clássico alavancar na indústria. Com 7 mapas diferentes e variados tipos de chefões e inimigos, a experiência vai agradar os saudosistas e os iniciantes que procuram um jogo plataforma de aventura e ação fiel a era 16 bits.

PRÓS:

  • Gráficos e jogabilidade fiéis a era 16 bits;
  • Atenção aos fatos históricos e ao vilão Vlad “Drácula”;
  • Conteúdos desbloqueáveis no menu;
  • Variedade de itens e melhorias.

Contras:

  • A dificuldade exigente pode afastar jogadores menos experientes.
Wallachia: Reign of Dracula — Switch/PC - Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Nintendo Switch
Revisor: Felipe Fina Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela No Gravity Games
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Passou por vários cursos até aceitar seu destino em Publicidade e Jornalismo. Hoje escreve para a Nintendo Blast durante a manhã e combate Goombas com o seu amigo Luigi durante a noite. Quando não está em suas aventuras midiáticas ou acadêmicas, está presente no Facebook e Instagram (@mirandacom2a)
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