Nos anos 80, o que havia de melhor em videogames não estava na casa das pessoas. O estado da arte do entretenimento eletrônico estava nos fliperamas, em máquinas com joguinhos de plataformas, inimigos coloridos e música de 8-bit repetitiva e viciante.
Mesmo que os fliperamas não estejam mais tão presentes na vida das pessoas atualmente, não é difícil encontrar jogos que remetam à nostalgia da infância que muitos de nós vivemos. Criado pelo desenvolvedor indie Josyan e publicado pela Ratalaika Games, Tamiku é uma bela homenagem a essa época mais simples, mas muito divertida, que se estendeu até o começo dos anos 2000.
Insira a ficha para jogar
Assim que o jogo é iniciado, a primeira tela que aparece é uma simulação de inicialização das máquinas de arcade. O objetivo do pequeno alienígena é mostrado durante a curta abertura que sucede a tela de título: o jogador deve mover Tamiku entre os cenários, estourando os balões azuis ao passar por eles e inflando os laranjas até que estes explodam.
Aquela empolgação de chegar ao fliperama e pedir para ligarem sua máquina favorita |
Os comandos são bastante simples e simulam a jogatina em um fliperama: com o analógico esquerdo ou os direcionais, move-se Tamiku para a direita ou para a esquerda; os botões A, B, X e Y servem tanto para pular para a plataforma superior ou inflar os balões laranjas; para que o herói volte à plataforma inferior, basta movê-lo para baixo.
Para sair vitorioso, o protagonista deve estourar todos os balões em cada fase enquanto evita os inimigos, ao melhor estilo Bubble Bobble e City Connection. No entanto, Tamiku não tem nenhum meio de atacar os oponentes, muito menos pular sobre eles, então o jogador precisa de muita destreza para não ser atingido três vezes — caso contrário, é game over.
Ainda pensando na jogabilidade dos arcades, caso seja derrotado, o jogador pode inserir outra ficha e continuar de onde parou, ao custo de perder a pontuação obtida até o momento.
Retrô e atual ao mesmo tempo
Além dos gráficos coloridos e músicas viciantes que remetem à era 8-bits, Tamiku conta com a possibilidade de aplicar um filtro CRT para deixar a jogatina ainda mais retrô. Os comandos são bastante responsivos tanto nos Joy-Con quanto usando um controle compatível com o Nintendo Switch; esse fator, inclusive, vai de encontro à mecânica dos jogos antigos, que eram considerados difíceis porque a movimentação dos personagens apresentava o chamado input lag.
A dificuldade aqui, contudo, não está na imprecisão ou rigidez dos comandos, mas sim no próprio level design. Não que os estágios sejam mal elaborados, muito pelo contrário: a IA dos inimigos é deveras bem-feita e os cenários são desafiadores, fazendo com que o jogador seja obrigado a decorar os comportamentos dos oponentes para superar as fases. Ou seja, no fim, acaba sendo o famoso exercício de tentativa e erro — e não adianta culpar o Panic Mode por acelerar o ritmo de jogo. Essa dificuldade exagerada também pode afastar os mais novos em vez de entretê-los, uma vez que as crianças de hoje não estão acostumadas com os “jogos de antigamente”.
O título arcade desenvolvido por Josyan apresenta uma falha crucial: é extremamente curto e não traz fator de rejogabilidade. Por mais que seja um saudosismo às tardes no fliperama, Tamiku tem apenas 16 estágios, que podem ser completados em pouquíssimas horas — ou até que a paciência se esgote, como foi meu caso.
Continuar?
Tamiku é o típico jogo que cai fácil no esquecimento assim que o jogador se cansar dele, tendo completado-o ou não. Embora o arcade ele seja quase livre de falhas, possui jogabilidade muito atual para evocar uma nostalgia que justifique jogá-lo mais vezes e sua dificuldade elevada mais frustra que incentiva a busca por soluções.
No entanto, uma coisa Josyan fez certo com seu projeto: atiçar a curiosidade dos jogadores mais velhos, sobretudo os millennials, com músicas e gráficos que nos fazem sentir saudade da nossa infância no século 20.
Prós
- Belíssima apresentação audiovisual retrô;
- Comandos responsivos;
- Jogabilidade simples;
- Level design ótimo.
Contras
- Dificuldade elevada se comparada à dos arcades antigos;
- Estilo de jogo não atraente para jogadores mais novos;
- Sem rejogabilidade;
- Exercício de tentativa e erro;
- Curtíssima duração.
Tamiku — Switch/PC/XBO/PS4 — Nota 6.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Ratalaika Games