Análise: Puyo Puyo Tetris 2 (Switch) é uma dose duplamente viciante

O crossover mais famoso dos jogos Puzzle retorna com ainda mais diversão

em 08/12/2020



A franquia do gênero puzzle famosa do Japão, Puyo Puyo, e a série mundialmente conhecida, Tetris, se uniram novamente para mais um crossover. Puyo Puyo Tetris 2 (Multi) foi anunciado com a intenção de servir como sequência à junção dos dois mundos realizada pela primeira vez em 2014, junto da promessa de novidades para se tornar uma versão definitiva do jogo.

O primeiro Puyo Puyo Tetris foi aclamado por suas altas taxas de diversão, assim como serviu como forma de ampliar a visibilidade de Puyo Puyo, série que antes era um nicho exclusivamente japonês. A SEGA agora tenta replicar a mesma façanha, mas será que consegue novamente o êxito?

Jornada pelos universos de Puyo Puyo e Tetris


Assim como seu antecessor, Puyo Puyo Tetris 2 traz uma pequena trama que tenta explicar a loucura da união dos dois mundos. A história acompanha a jornada de Ringo e Tee, que não possuem mais memórias dos acontecimentos do último jogo. Ringo, representando a dimensão de Puyo Puyo, e Tee, representando a dimensão de Tetris, investigam as anomalias que começam a ocorrer em virtude de uma suposta fusão entre os dois universos. 

Durante a campanha, os dois protagonistas encontram outros personagens já conhecidos que se unem ao grupo. Juntos, todos percorrem por uma série de batalhas de Tetris e Puyo Puyo para derrotar a suposta nova ameaça: uma personagem chamada Marle.


A progressão do modo aventura ocorre de forma similar a jogos de plataforma como Super Mario Bros. 3 (NES): mapas com a localização dos estágios e progressão linear em maior parte, tendo ocasionalmente ramificação entre os caminhos. Cada fase é uma batalha utilizando da jogabilidade de algum dos vários modos do jogo, e normalmente esses confrontos possuem alguma justificativa na trama.

A história em si é bem bobinha, apesar de funcionar para entreter o jogador. As cores vibrantes e o design interessante dos personagens ajuda a não deixar nada muito tedioso, porém a dublagem pode ser meio exagerada às vezes. As cenas ocorrem com diálogos entre os personagens em um formato bastante similar às visual novels, com a presença dos personagens em formato de artwork junto de balões de diálogo.


O Modo Aventura, onde a trama ocorre, possui como papel não só servir de campanha principal, como também de introduzir o jogador aos modos de jogo. Um exemplo é o novo modo que Puyo Puyo Tetris 2 traz, Skill Battle, que não só é apresentado aqui, como até mesmo possui uma progressão entrelaçada junto à campanha.

Neste modo, as batalhas permitem tanto a utilização de Puyo Puyo, a jogabilidade de unir pequenos slimes de mesmas cores a fim de fazer uma cadeia de combos, quanto Tetris, o clássico jogo de manusear peças geométricas com o propósito de eliminar a maior quantidade de linhas horizontais possíveis. Entretanto, o foco aqui não é somente evitar chegar ao topo, porém também derrotar a vida do time adversário.


Você pode formar times com personagens que são desbloqueados na história principal, e cada um deles possui um nível, atributos e uma habilidade especial. As habilidades variam de cura de HP até mesmo aumento de ataque (para conseguir colocar mais blocos ou Puyos solidificados no terreno adversário). Essas habilidades são de utilização fundamental.

O jogo consegue fazer uma boa utilização das Skill Battles: normalmente os bosses utilizam desta jogabilidade, e você pode até mesmo progredir o nível do seu time quanto mais confrontos faz; há também estágios extras de treino que permitem experimentação com outros times ou até mesmo servem como uma espécie de grinding. Além disso, o modo exige que o jogador pense mais estrategicamente, pois temos um elemento de pensamento prévio que exige que se saiba o momento certo de usar certa habilidade, para não acabar totalmente com a stamina do time.

Diversão que volta mais uma vez


Puyo Puyo Tetris 2 trouxe consigo todos os modos presentes no original novamente — e não são poucos. As opções solo do jogo retornantes são seis no total, sendo que uma delas ainda se desmembra em pequenos modos a parte.

O modo Versus é o mais básico do jogo: trata-se de uma batalha em que o jogador escolhe se utilizará Puyo Puyo ou Tetris em suas formas clássicas. A batalha pode ocorrer entre dois ou mais oponentes, seja todos usando a mesma jogabilidade ou não, e vence aquele que não chegar ao topo de sua pilha de blocos ou Puyos.


Há o Swap, em que o jogador deve saber manusear bem, tanto Puyo Puyo quanto Tetris, pois duas partidas de cada jogabilidade ocorrem em simultâneo. O controle de qual delas você estará jogando ocorre por um cronômetro, quando ele acaba ocorre o “Swap” que é a troca de modos. Aqui é necessário que jogador tenha uma boa noção tanto de Tetris quanto Puyo Puyo, porém caso você seja muito habilidoso em apenas uma delas ainda é possível se sair bem.

Os modos Party e Fusion são os que causam mais caos, pois há vários twists em suas regras para deixar as partidas mais inesperadas. No primeiro, itens podem aparecer de ambos os lados, e cada um pode atrapalhar o adversário de alguma forma, seja bloqueando a possibilidade de girar as peças ou então dificultando a visão da tela do oponente. Já o segundo, você deve lidar com Puyos e Tetrônimos caindo ao mesmo tempo, além do comportamento de quando essas duas peças se colidem, já que, por exemplo, os Tetrônimos “quebram” os Puyos quando caem.


O modo Big Bang, por sua vez, é o mais distinto dos outros. Aqui a concorrência é quem consegue a maior quantidade de pontos limpando presets de peças o mais rápido possível. Há uma divisão de rodadas e, ao fim de cada, o jogador com a maior quantidade de pontos diminui a barra de vida do adversário. De todos, esse talvez seja o menos interessante, pois a partir de certo momento jogando, os presets passam a se repetir ocasionalmente, deixando a experiência mais repetitiva.

Essas opções de jogatina, mesmo que quase todas retornantes, ajudam a trazer uma variedade e um enorme fator replay ao jogo. As Skill Battles e o Swap sem dúvida foram as que mais me prenderam, provavelmente por serem modos que não brincam tanto com o caos e a memória muscular ao ponto de me deixar até um pouco confuso, como o Fusion. Para os mais “puristas”, todavia, há também os Challenges que é um modo com várias opções clássicas de Puyo Puyo e Tetris, como por exemplo o Endless.


Porém, mesmo com todas estas alternativas, ainda é um pouco decepcionante a falta de uma maior quantidade de modos novos perante ao primeiro jogo. Fica a sensação de que foi uma oportunidade perdida de experimentar mais com as fórmulas: um modo como o recente Tetris 99 (Switch), por exemplo, com uma disputa battle royale, que cairia muito bem para o multiplayer online do jogo.

Por falar em multiplayer online, ele está presente aqui também. São quatro categorias que podem ser jogadas: Puzzle League, Puyo Puyo League, Tetris League e Skill Battle League. O destaque é a separação de ligas para Puyo Puyo e Tetris, já que no primeiro jogo só havia o modo em que ambas as jogabilidades podiam ser usadas e isso incomodava os jogadores que queriam uma competição dentro de um dos espectros apenas.

Versão definitiva

Puyo Puyo Tetris 2 é tudo que o primeiro foi: um pacote repleto de variedade e diversão para os fãs de Tetris, Puyo Puyo ou ambos. Como sequência, infelizmente não há enormes novidades aqui, mas ainda assim o jogo conseguiu trazer tudo que seu antecessor tinha, ao ponto de já podermos considerá-lo como a versão definitiva do crossover destes dois universos. É uma dose viciante altamente recomendável para, principalmente, quem não pode experimentar o primeiro.

Prós:
  • Gráficos coloridos que destacam a beleza do jogo;
  • Altíssimo fator replay;
  • Novo modo e melhorias interessantes.
Contras:
  • Dublagem um pouco tosca;
  • Poucas novidades em relação ao primeiro.

Puyo Puyo Tetris 2 —  PS4/PS5/XBO/XSX/Switch/PC — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Felipe Fina Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela SEGA
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