Análise: Fatal Fury: First Contact (Switch) é o Real Bout 2 do Neo Geo Pocket

Mais um título de peso do portátil da SNK chega ao Switch, para a alegria dos entusiastas dos jogos de luta.

em 26/12/2020

Lançado originalmente para o Neo Geo Pocket em 1999 e recentemente para o Nintendo Switch, Fatal Fury: First Contact é a versão portátil de Real Bout Fatal Fury 2, um dos arcades de luta mais aclamados da SNK.

Salvo o sistema de luta em dois planos, toda a jogabilidade do arcade foi trazida para o portátil de forma extremamente competente: a movimentação é fluida, os combos são fáceis de executar e até mesmo os golpes especiais são os mesmos. No entanto, embora a conversão traga os elementos e a jogabilidade do “irmão maior” de maneira muito fiel, Fatal Fury: First Contact também se distancia de Real Bout Fatal Fury 2.

Semelhantes até que se prove o contrário

Com comandos surpreendentemente bons e responsivos, jogadores que já jogaram Real Bout Fatal Fury 2 não se sentirão perdidos com este port. Os sistemas de Aerial Twist (A+B durante um pulo), Technical Rise (A+B ao ser derrubado) e Combination Attack foram adaptados para dois botões de forma extremamente eficaz (sequência ABA ou BAB). O sistema de Break Shots (usar o especial durante uma defesa) e Evasion (A+B durante uma defesa) também foram mantidos e não deixam a desejar.

Fatal Fury: First Contact também possui um sistema de Power Gauge em níveis. Ao atingir oponentes, defender-se de golpes ou usar golpes especiais, o personagem carrega uma barra de energia que pode ser vista na parte inferior da tela. Essa barra possui três níveis, H-S-P, que permitem o uso de habilidades secretas, como o Power Geyser do Terry ou a Lotus Storm da Mai — e o melhor de tudo é que todas essas informações podem ser conferidas no manual digital que acompanha o jogo.

Jogo dos sete erros, valendo!

Contudo, as semelhanças acabam por aqui. A quantidade de personagens no título de Neo Geo Pocket, se comparada com a de Real Bout Fatal Fury 2, é inferior: são apenas onze personagens iniciais e dois desbloqueáveis — e um deles, Lao, só pode ser utilizado na modalidade PVP.

O sistema de luta em dois planos, uma característica original da série Fatal Fury, também não está presente em First Contact. É sabido que nem todos os jogadores gostam desse sistema, mas ele é parte importante da jogabilidade de Real Bout 2; por outro lado, o sistema de luta em plano único é mais amigável para iniciantes.

Cadê o resto do pessoal?

(Nem tão) melhor de três

First Contact não é tão rico em recursos quanto os outros ports de Neo Geo Pocket. Dos três jogos que já foram lançados para o Switch, é o que oferece a menor variedade de personagens, além de não possuir modo simplificado para novatos, Making Mode (presente em King of Fighters R-2), Survival Mode e um sistema de colecionáveis (existentes em Samurai Shodown!2).

A presença dos personagens desbloqueáveis — mas não tão populares —, Alfred e Lao, até confere alguma rejogabilidade, já que é preciso cumprir algumas condições para desbloqueá-los, porém Lao só pode ser usado no modo multiplayer.


Em relação à apresentação audiovisual, First Contact segue a fórmula dos outros ports. Os personagens foram desenhados no estilo “cabeçudinho” (ou SD, para os mais íntimos), mas são perfeitamente reconhecíveis e fiéis ao jogo original; a música em estilo chiptune remete à dos jogos 16-bits da época, contribuindo para a nostalgia dos mais velhos.

Não se esqueça de ler o manual

Tal qual os outros títulos do Neo Geo Pocket presentes no híbrido da Nintendo, First Contact também vem com manual digital completo, que pode ser acessado a partir do menu de opções. Outra vantagem de jogar no Switch, se comparada ao console de origem, é a possibilidade de contar com multiplayer local com um aparelho só.

Assim como em King of Fighters R-2 e Samurai Shodown !2, a skin do Neo Geo Pocket virtual pode ser trocada para alterar a aparência do console e também é possível aplicar filtros que simulam o LCD original, controlar o zoom da tela e alterar o layout dos botões.

Lao só aparece na hora do x1

Por falar em botões, o jogo reconhece os Joy-Con (destacados ou acoplados ao Switch) e também o Pro Controller; como curiosidade adicional, porém pouco prática, a tela sensível ao toque permite que o jogador use os controles virtuais do emulador.

Outro recurso extra desta emulação oficial é o sistema de “máquina do tempo”, que permite que o jogador retroceda o combate em até 10 segundos para corrigir erros. Como mencionado na análise de King of Fighters R-2, não é um dos melhores recursos para jogos de luta, mas pode ser de grande ajuda para liberar os personagens secretos.

Caia na pancadaria

Fatal Fury: First Contact traz as mecânicas e a jogabilidade avançada de Real Bout Fatal Fury 2. A falta de personagens e recursos extras, no entanto, faz com que este port seja mais recomendado para fãs de Fatal Fury ou entusiastas dos jogos de luta do Neo Geo Pocket que queiram completar uma biblioteca em um console moderno como o Switch. Apesar de suas poucas falhas, não deixa de ser uma ótima pedida para ter a experiência de Real Bout 2 on the go.

Prós

  • Jogabilidade fluida e precisa;
  • Muitas das mecânicas de Real Bout Fatal Fury 2 mantidas;
  • Multiplayer local com um só aparelho;
  • Manual original do jogo incluso em versão digital.

Contras

  • Poucos personagens;
  • Sem o sistema de luta em duas profundidades;
  • Menos recursos se comparado aos outros jogos de luta do Neo Geo Pocket.

Fatal Fury First Contact — Switch — Nota 7.0

Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela SNK

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Também conhecida como Lilac, é jornalista e atualmente trabalha com assessoria de imprensa. Fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas.
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