Análise: Apparition (Switch) espanta até mesmo aparições

Um jogo de terror com muito potencial, mas que infelizmente não atingiu sua proposta.

em 14/12/2020

Em Apparition, o jogador faz a vez de um investigador paranormal que decide encontrar evidências e produzir material investigando um local sinistro chamado Green Creek. Aqui, houve um grande número de mortes causadas por um serial killer chamado The Plague (A Praga) no início dos anos 2000; recentemente, mais mortes têm acontecido, possivelmente ligadas ao assassino, que nunca foi capturado.

Ao contrário de outros jogos de terror, que costumam seguir um enredo linear, a premissa de Apparition é bastante interessante. Este título realmente tenta simular o que seria uma investigação paranormal, deixando o jogador totalmente livre para procurar por evidências e explorar o ambiente, criando um clima de medo e ameaças ocultas. A ideia é muito boa, mas a execução infelizmente deixa — e muito — a desejar.

Segurando vela

O jogo consiste em investigar Green Creek procurando por evidências de atividade paranormal, gravando e fotografando coisas macabras, como colchões sujos de sangue ou aparições. Assim que o jogador coletar material suficiente, deve voltar para o carro e encerrar o trabalho daquela noite.

Por um lado, se o objetivo é coletar o máximo de evidências evitando ser morto pelos perigos que espreitam no escuro, por outro, não há indicação alguma do que fazer exatamente ou para onde ir. Basicamente, o jogador vaga pelo meio do mato, no escuro, iluminando o ambiente com uma vela — que obviamente não é uma boa fonte de luz em um campo aberto.


Essa escolha de game design é bastante audaz e “simula” com fidelidade a atividade de um investigador paranormal. Contudo, é extremamente frustrante ficar vagando no escuro sem encontrar evidência alguma, apenas esperando que algo aconteça e mate o jogador no melhor estilo ”o que acabou de acontecer?” — Porque, claro, todos nós adoramos mortes aleatórias sem explicação, não é mesmo?

Apague a luz para ver melhor

Assim como mostrado nas screenshots, o ambiente é bastante escuro e não há opções de contraste dentro do jogo. Devido a isso, é recomendável aumentar o brilho da TV e jogar com as luzes apagadas para conseguir ver melhor o que acontece na tela — e isso até contribui para entrar no mundinho de Apparition, mas jogar durante uma viagem ou em um passeio no parque à tarde não dá certo.

Perdi minha lupa no meio do mato pelo visto


Ler também é um grande desafio neste título da No Gravity Games, e não há nenhuma opção de zoom ou legenda para os livros. Como comentei na análise de Wildfire, tenho miopia e este game design com letras microscópicas atrapalhou bastante a jogabilidade para mim. O pior de tudo: em Apparition, a leitura e compreensão dos textos são fundamentais para avançar na história, então “a gente que lute” para decifrar o que está na tela.

Ainda sobre compreensão dos textos, o único idioma disponível é o inglês e é preciso ter um domínio intermediário do idioma para compreender as pistas e se comunicar com os espíritos.

O que é um pontinho branco no meio da tela?

Outro ponto negativo de Apparition são os controles muito confusos e nada intuitivos. Se já é frustrante apagar um save file acidentalmente, então fica aqui o aviso para conferir direitinho onde os botões X e Y estão no controle ou no Joy-Con.

Eu explico: na tela inicial, Y inicia o jogo e X apaga o progresso, mas como esses botões estão lado a lado, é bem possível deletar o jogo todo em vez de dar continuidade a ele. Durante a jogatina, perdi a conta de quantas vezes dei sumiço no meu save devido a esse design horrível, que é um verdadeiro tiro no escuro.

O jogo inexplicavelmente não permite controlar a câmera ou selecionar objetos usando a tela sensível ao toque do Switch. Essa é outra escolha mal sucedida, pois, por se tratar de um jogo de investigação e exploração, seria muito mais prático selecionar os itens com ajuda da tela touchscreen, certo?


A péssima interface obriga o jogador a movimentar a câmera o tempo todo com o analógico esquerdo para que o objeto inspecionado coincida com um cursor que é, literalmente, do tamanho de um pixel. Sinceramente, mais parece um trabalho de atirador de elite que de investigador paranormal.

O único momento em que é possível usar a tela de toque é durante a interação com o tabuleiro de ouija. Embora seja bem mais prático selecionar as letras com o dedo do que com o controle ou Joy-Con, a estética do teclado virtual destoa muito do jogo e quebra a imersão — então, caso seja possível, usar um teclado USB é mais do que bem-vindo neste caso.

Um terror de jogo

Mesmo com uma premissa interessante e promissora, e gráficos bastante imersivos, Apparition não tira proveito da boa ideia sob a qual o jogo aparenta ter sido desenvolvido, deixando-a apenas no papel. O resultado é uma desastrosa execução que sofre com graves problemas de game design, controles confusos e uma interface ruim, que fazem com que o verdadeiro horror seja o jogo em si.

Prós

  • Premissa interessante.

Contras

  • Experiência de jogo frustrante e pouco divertida;
  • Controles confusos e pouco práticos;
  • Tela escura, cursor ridiculamente pequeno e textos quase ilegíveis nos livros;
  • Disponível somente em inglês.

Apparition — Switch/PC — Nota: 4.0
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela No Gravity Games

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Também conhecida como Lilac, é jornalista e atualmente trabalha com assessoria de imprensa. Fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas.
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