Em uma era em que a agilidade é predominante e todo mundo parece viver com pressa, é normal que a indústria dos videogames se adapte à nova demanda de jogadores. Sendo assim, é comum que muitos gêneros acabem jogados para escanteio, como RPGs e seus variantes — em especial o dungeon crawler.
Combinação das palavras dungeon (masmorra, calabouço) e crawl (rastejar), o estilo se baseia em perambular por diversos cenários (as dungeons) em busca de tesouros ao mesmo tempo em que se deve derrotar diversos inimigos. Embora tenha sido originário dos RPGs de mesa, principalmente devido à influência de Dungeons and Dragons, pedit5 foi o primeiro dungeon crawler eletrônico a ser desenvolvido para a plataforma PLATO, em 1975. Como leitura adicional, Nathan Brewer, diretor de conteúdo digital no IEEE History Center, do Instituto de Tecnologia Stevens, de Hoboken, explica bem essa transição do dungeon crawler para as plataformas digitais em um artigo da newsletter InSight.
Não demorou muito para que outros jogos surgissem a partir daí e se tornassem populares nos anos 1980 e 1990, como Eye of Beholder, Phantasy Star, Shin Megami Tensei e até mesmo o consagrado Diablo. Geralmente com histórias superficiais ou sem muito desenvolvimento, os dungeon crawlers se concentram puramente na exploração de cenários, na maioria das vezes labirínticos, a fim de cumprir objetivos. Esse tipo de aventura, contudo, demanda tempo e dedicação, e, atualmente, não chama mais (tanto) a atenção do público.
Mapa de Rogue, o "pai" dos roguelikes |
Segundo um levantamento feito em abril pelo site Straits Research, RPGs ocupavam a quinta posição na lista de gêneros mais populares de 2020; de acordo com o Statista, em 2018, RPGs somaram 11,3% das vendas de jogos (por gênero) nos Estados Unidos. Ambos os sites listam jogos de ação (aqui, incluídos beat ‘em ups, arcades e platformers, entre outros subgêneros) como os mais populares.
Não é de se espantar que RPGs, especialmente dungeon crawlers, não atraiam o público ocidental. Mesmo assim, é comum que desenvolvedoras se arrisquem, vez ou outra, com dungeon crawlers, mas não como um gênero, e sim um subgênero. Atualmente, não se fala mais em “dungeon crawler com elementos de RPG” ou “dungeon crawler estilo roguelike”, mas sim o oposto: “RPG com dungeon crawler”, “roguelike com elementos de dungeon crawler”. A meu ver, apelar para o macro torna-se mais vantajoso, pois, dessa forma, é possível garantir que o produto atinja um maior público.
Sanae e Suwako enfrentando diversos inimigos em Touhou Genso Wanderer -Reloaded- |
Os itens derrubados por inimigos e aqueles encontrados em baús, também chamados de loot, acabam tendo grande peso na aventura em um dungeon crawler. É raro que itens-chave (para missões) ou bons equipamentos sejam obtidos em lojas, o que torna muito normal, em um dungeon crawler, voltar mais de uma vez a um calabouço previamente explorado.
Enfrentar inimigos em grandes quantidades é outro fator que separa um dungeon crawler dos demais gêneros. Seja em batalhas por turnos ou pela presença de múltiplos monstros em cada canto da dungeon, os combates são constantes durante a exploração e, devido a isso, o gênero acaba sendo classificado como “chato” ou “entediante” por jogadores menos pacientes. Afinal, grinding demanda tempo e acaba sendo um grande exercício de paciência.
A versão Sega Ages de Phantasy Star ganhou um minimapa mais do que bem-vindo |
Esses três fatores — loot, grinding e mapas de difícil navegação —, combinados à dificuldade elevada, fazem com que o dungeon crawler seja um gênero de alto investimento. De toda forma, são jogos capazes de entreter por horas a fio e permitem diversas combinações de equipamentos e personagens diferentes.
Se você tiver curiosidade de conhecer um pouco mais o gênero, seguem sugestões de jogos disponíveis nos consoles da Nintendo:
Qual é sua experiência com dungeon crawlers? Tem algum jogo favorito ou ficou com vontade de jogar algum? Conte-nos na seção de comentários!
Revisão: João Pedro Boaventura