Análise: Prinny 1•2: Exploded and Reloaded (Switch) é um divertido, mas frustrante, action platformer

O “padrão NIS” chega às plataformas em um frenético título estrelando a mascote da série Disgaea.

em 15/11/2020
Quem conhece os jogos da Nippon Ichi Software (ou NIS para os íntimos) sabe que sempre tem aquele quê de dificuldade — Disgaea existe e não me deixa mentir quanto a isso. Vez ou outra, no entanto, a NIS deixa sua popular franquia de lado e se arrisca em outros gêneros, como Labyrinth of Refrain: Coven of Dusk, um dungeon crawler com elementos de RPG, e Prinny 1•2: Exploded and Reloaded, um bundle com dois jogos de plataforma estrelando a criatura de Disgaea, Prinny.

Originalmente lançados para PSP, Prinny: Can I Really Be the Hero? e Prinny 2: Dawn of Operation Panties, Dood!, também disponíveis individualmente na eShop, têm ação constante e exigem grande precisão por parte do jogador — além de colocar a paciência à prova a todo instante.

Eu sou um herói, dood!?

No universo de Disgaea, Prinnies são a reencarnação das almas dos humanos pecadores. Ou seja, sempre que um Prinny surge em Netherworld ou Celestia, ele servirá como escravo, guerreiro ou servo para os demônios ou anjos, até que se redima de seus pecados e possa reencarnar novamente como humano na Terra.

Altamente explosivos quando arremessados, estes simpáticos seres lembram um pinguim (na maioria das vezes, azul) com pequenas asas de morcego, uma pochete marrom e pernas de pau no lugar dos pés. Desprovidos de inteligência, são tidos como preguiçosos e, especialmente em Netherworld, são convocados para fazer qualquer tipo de serviço. Sim, qualquer um, até mesmo recuperar a sobremesa ou as calcinhas de Etna, uma subordinada de Laharl crítica e cruel,especialmente com os pobres Prinnies.

Graças a um cachecol especial que impede que ele exploda facilmente, o então chamado Hero Prinny reúne mais 999 companheiros e, em grupo, vai atrás dos objetos roubados de Etna. Contudo, como são as criaturas mais fracas do universo de Disgaea, Prinnies não são bons em nada que fazem e essa limitação faz com que seja extremamente difícil superar os obstáculos sem morrer.

Primeiro o básico, dood!

Em termos de gráficos e controles, não houve nenhum tipo de melhoria para a versão de Switch em relação à plataforma original. Jogar no modo portátil ou depender dos Joy-Con de alguma maneira é ainda mais frustrante, devido ao tamanho dos botões e à distância entre eles, sendo recomendável a utilização de um controle — e talvez isso possa ser considerado como uma vantagem em relação à jogabilidade no PSP.

O gameplay consiste em se movimentar por plataformas com o analógico ou D-pad e atacar os inimigos com facas (Y) e golpes aéreos (B + Y). Além do pulo (B), Prinny pode realizar o pulo duplo (B + B), atordoar os alvos com o Hip Pound (B + baixo) e deixá-los vulneráveis a golpes normais — esta, inclusive, é uma combinação necessária para derrotar chefes. Com o Prinny Spin (A), nosso herói torna-se invulnerável a ataques e pode correr (A + direita/esquerda) enquanto estiver brilhando em azul; por fim, alguns objetos e inimigos também podem ser levantados e arremessados (X).

Quando se completa um estágio, os outros automaticamente têm a dificuldade aumentada e alguns elementos e inimigos nos cenários mudam, assim como o chefe da fase, garantindo certa rejogabilidade aos títulos.

Até agora me pergunto por que não fiz esta fase primeiro...

O que me não mata me fortalece, mas ao contrário

À primeira vista, Prinny 1 e Prinny 2 parecem seguir à risca a fórmula do gênero: completar os estágios pulando de plataforma em plataforma, derrotando ou evitando os inimigos pelo caminho e enfrentando um chefe ao final de cada fase. Tudo soa muito simples no papel, mas o próprio tutorial deixa bastante evidente o nível de dificuldade dos jogos.

Tal qual no famigerado Disgaea, a dificuldade torna qualquer missão quase impossível — literalmente. Nem mesmo o baby mode de Prinny 2 ameniza a frustração de morrer ao lado do próximo checkpoint ou quando se está quase derrotando o chefe. Se, por um lado, os comandos são fáceis de aprender, por outro é dificílimo dominá-los com precisão, especialmente o timing dos pulos ou do ataque aéreo, que pode acidentalmente derrubar o Prinny de uma plataforma.

Mil pode até parecer um número generoso para a quantidade de vidas, mas, pelo bem da sanidade do jogador, seria melhor se não existisse esse limite, especialmente quando acontece o irritante “empurrão” (knockback) ao ser atingido por algo ou alguém.


Assim como acontecia no PSP, ambos os títulos se baseiam em decorar as mecânicas de cada fase e se tornam um exercício de memorização. Vale ressaltar, contudo, que embora os jogos pareçam injogáveis, a constante de tentativa e erro a cada morte pode impulsionar um desejo (possivelmente oculto) de chegar ao final de determinada fase, custe o que custar, ou ainda desafiá-la novamente para conseguir os itens secretos.

O (des)equilíbrio entre frustração e diversão

Mesmo que Prinny 1•2: Exploded and Reloaded traga muita frustração, ao mesmo tempo garante uma sensação boa de recompensa quando se supera os obstáculos. Então, se for verdade o que Nietzsche disse sobre as coisas que não nos matam nos deixarem mais fortes, os Prinnies despertam o lado masoquista que existe em cada um de nós — mas esta é apenas uma hipótese minha.

De toda forma, talvez apenas jogadores mais hardcore, quiçá saudosistas de plantão, apreciemarão a dificuldade elevada, pois com certeza não é um jogo para novatos. No fim das contas, o bundle reúne dois platformers de nicho que só farão sentido realmente para quem conhece Disgaea. Ou talvez, quem sabe, para pessoas que têm paciência de sobra, dood.

Prós

  • Fator rejogabilidade;
  • Enredo com alta dose de comédia;
  • Ótimo spin-off para fãs de Disgaea.

Contras

  • Comandos rígidos;
  • Dificuldade extremamente elevada;
  • Recomendável o uso de um controle externo.

Prinny 1•2: Exploded and Reloaded — Switch — Nota 6.0

Revisão: João Pedro Boaventura
Análise produzida com cópia digital cedida pela NIS America

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Também conhecida como Lilac, é jornalista e atualmente trabalha com assessoria de imprensa. Fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas.
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