Fortemente inspirado pelos jogos em 3D da lendária franquia da Nintendo, Oceanhorn 2 é uma aventura de ação e exploração com um mundo semi-aberto. O mapa é bem extenso e elaborado. Todos os mundos são muito detalhados, cheios de missões secundárias e áreas secretas para serem exploradas. A narrativa se passa mil anos antes dos eventos do seu antecessor, mas é bem simples, típica dos games do gênero e serve apenas para dar algum sentido ao gameplay.
Uma jornada por Arcadia
Em uma noite de tempestade, o demônio Mesmeroth entrega uma criança aos cuidados do Mestre Mayfair. Anos mais tarde, a criança (ou Herói), que agora já é um adulto, chega a uma ilha abandonada para encontrar o item que é necessário para tornar-se um cavaleiro, e assim concluir o seu treinamento. Após encontrar o artefato, o Herói retorna a sua cidade e é nomeado um cavaleiro pelo Mestre Mayfair, homem que o criou desde pequeno.De repente uma aeronave cai na floresta próxima à cidade. O Herói decide investigar o ocorrido junto com o seu robô, Gen. Chegando ao local do acidente, eles conhecem Trin, uma destemida guerreira da capital de Arcadia, que estava sendo perseguida pelos Dark Troopers, soldados comandados pelas forças das trevas. Trin estava fugindo do exército do mal pois havia conseguido informações confidenciais sobre os planos de Mesmeroth. Por esse motivo, o Herói resolve a levar para o seu mestre.
Retornando à cidade, o exército das trevas estava ameaçando os moradores dali, que por sua vez, já haviam se refugiado no esconderijo subterrâneo. O trio parte em direção ao abrigo secreto e lá, recebem a orientação do Mestre Mayfair para seguirem rumo à Cidade Branca, capital de Arcadia, com o objetivo de solicitarem ajuda ao líder do continente.
Os protagonistas, Trin, Gen e o Herói, viajam para a Cidade Branca, onde descobrem que Mesmeroth está planejando roubar o trono e governar o reino. Para evitar isso, o herói e seus companheiros devem encontrar os três emblemas sagrados: do Sol, da Terra e do Oceano. Como nos jogos da franquia The Legend of Zelda, cada emblema está em um templo de alguma região do reino e pertence à determinada raça. A missão principal de Oceanhorn 2 é concluir os templos para recuperar os emblemas, e assim impedir os planos demoníacos de Mesmeroth.
Ação e exploração
Da mesma forma que a sua principal influência, o maior ponto forte de Oceanhorn 2 é a exploração dos cenários. O design de mapa está muito bem feito, com diversos pontos de interesse, além da campanha principal: cavernas, masmorras e cabanas secretas; que sempre oferecem algum tesouro de valor, como dinheiro ou upgrades para o seu personagem. As missões secundárias são outro fator que aumentam bastante o tempo de jogatina e, por consequência, a diversão.A experiência perde o fôlego quando é necessário sacar a espada e partir para o combate, já que o sistema de luta é atrapalhado e não consegue ser tão envolvente. O jogo conta com todas as mecânicas que deveria ter: ataque, esquiva, defesa e aparar golpes com o escudo (parry), no entanto, não existe sincronia destes elementos. O maior problema se deve ao fato de não ser possível travar a mira em um inimigo, a não ser que se erga o escudo, mas mira se dispersa logo que você realiza um ataque, tornando as lutas desengonçadas e imprecisas. Sem falar que a câmera atrapalha em diversos momentos decisivos, podendo ocasionar mortes desnecessariamente.
Junto com isso, alguns glitches podem atrapalhar o gameplay. Será necessário reiniciar o jogo em alguns casos, como ficar preso em paredes ou de baixo de objetos, por exemplo. Muitas vezes fica notável que faltou polimento no port para o Switch, já que vários elementos do jogo de celular estão presentes na jogabilidade. Talvez por esta razão que o combate pareça tão estranho para um título de console, porque uma luta mais simplificada faz todo o sentido na tela de celular; ou seja, não houve muita adaptação das mecânicas da versão mobile para o Switch.
Além da espada e o escudo, o Herói conta com outros itens fundamentais para progredir na aventura. O principal e mais importante é a pistola elemental mágica, que pode atirar feitiços de energia, fogo, eletricidade e gelo. O interessante destes feitiços é que eles não se limitam somente ao combate, porque podem ser usados para manipular o ambiente externo também. O tiro de gelo cria plataformas em rios, o fogo pode incendiar objetos de madeira, como barris e portões; já o elétrico pode criar correntes de eletricidade e conduzir energia para ligar máquinas e equipamentos abandonados.
Ainda é possível usar a tradicional bomba para abrir passagens secretas ou explodir inimigos próximos. O protagonista conta com um gancho, que funciona exatamente como o Hookshot de Link em Ocarina of Time (N64). O item permite que o Herói alcance áreas inacessíveis e também resolver alguns quebra-cabeças.
Se você achava incrível navegar em um barquinho no primeiro Oceanhorn, vai adorar saber que os veículos foram expandidos na continuação. Além de navegar pelos mares de Arcadia, agora é possível pilotar um avião e explorar todo o céu do continente ou até mesmo dirigir uma motocicleta em certos estágios. Após um determinado acontecimento da trama, é possível mergulhar em águas profundas, dando ainda mais diversidade a jogabilidade.
Deslumbrante e magnífico
Outro ponto que merece destaque é a direção de arte, que ficou incrível por misturar elementos fantasiosos com iluminação realista. Dá vontade de fotografar cada cantinho dos cenários, até mesmo os reflexos na água, que ficaram impressionantes para um jogo de baixo custo. Não apenas as texturas e o acabamento de modelagem, como também o design do mundo como um todo.Por outro lado, a trilha sonora não impressiona e nem cativa, mas também está longe de ser algo desagradável. As músicas são apenas genéricas e esquecíveis, servindo apenas para cumprir tabela no gameplay. No entanto, foi uma experiência mais interessante jogar com o áudio desativado, deixando apenas os efeitos sonoros e do ambiente. Falando em efeitos sonoros, o som dos animais e da natureza como um todo são envolventes o suficiente para fazer você preferir jogar com a trilha sonora desativada.
Clone de Zelda?
É impossível não associar Oceanhorn 2 a The Legend of Zelda, já que a inspiração é óbvia. Mas será que é justo dizer que o título da Cornfox & Brothers é um clone da franquia da Nintendo? Analisando todos os elementos de gameplay e narrativa, a resposta é: sim. Mesmo que o game indie possua alguma identidade, ele traz pouca originalidade em seu conteúdo, tornando-o um Zelda genérico. Não que isso seja algum demérito, afinal, não é todos os dias que alguém será comparado a uma franquia sagrada do mundo dos videogames.Oceanhorn 2: Knights of the Lost Realm aposta todas as suas fichas em se parecer com The Legend Zelda, mas falha na execução de mecânicas obrigatórias do gênero, como travar a mira e a câmera. O enredo simples e a ambientação caprichada proporcionam uma experiência divertida para fãs hardcore de Ocarina of Time (N64) e The Wind Waker (GC), mas o sistema de combate deficiente e a falta de polimento fazem com que ele seja um título pouco recomendado para todos os jogadores.
Prós
- Direção de arte espetacular;
- Design de mapas bem construído;
- Evolui o universo do título antecessor de forma natural;
- Diversas missões secundárias.
Contras
- Sistema de batalha problemático;
- Problemas com a câmera;
- Glitches que atrapalham o gameplay;
- Pouca originalidade.
Oceanhorn 2: Knights of the Lost Realm — Switch/iOS — Nota: 7.5Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Felipe Fina Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela Cornfox & Brothers