Perdendo a cabeça
O nosso herói em GONNER2 começa apenas como um corpo andante, mas quando encontramos uma cabeça, uma pistola e uma mochila!, já estamos prontos para o combate. Não existem tutoriais explicativos sobre o que se deve fazer ou como é necessário agir. Para os jogadores que chegam aqui vindo do jogo anterior, talvez a situação não seja tão estranha assim. Para todos os outros (e eu me incluo entre esses), o começo é bem complicado.
O nosso personagem, Ikk, entra em um seletor de fases por meio da boca de um monstro com um corpo longilíneo, que nos leva até um estágio gerado proceduralmente - ou seja, a ambientação é familiar a cada vez que voltamos, mas as coisas nunca estão exatamente nos mesmos lugares.
Ao mesmo tempo que isso pode trazer alguma vitalidade à experiência pela diferenciação entre os ambientes, a ausência de um level design fixo prejudica a jogabilidade em alguns momentos. Um exemplo evidente é quando você surge na fase e imediatamente sofre dano porque o local de chegada está infestado de inimigos, sendo impossível atirar neles antes de fazer qualquer outra coisa.
Sobre o sistema de combate, ele é convenientemente simples. Nós possuímos uma arma com quantidade limitada de munição. Ao atingir os inimigos conseguimos recuperar parte dos recursos, mas é necessário dosar os ataques com alguma estratégia. A mira, infelizmente, é pouco precisa. E nesse processo, muitas vezes perdemos a chance de seguir no estágio porque os tiros não vão para onde deveriam. Isso é realmente muito frustrante, mas não acontece o tempo todo.
O jogo possui também alguns segredos e coletáveis que vamos encontrando pelo caminho. Como nada é explicado corretamente, todo esse processo é casual e depende um pouco de explorar os estágios, o que nem sempre é simples.
Onde os fracos não têm vez
Em GONNER2, ao sofrer um dano você perde a cabeça, a mochila e a pistola. É possível recuperar os itens pelo caminho, mas se for vítima de outro ataque antes disso você morre e precisa recomeçar o estágio. O processo não chega a ser injusto e a dificuldade do game é equilibrada o suficiente para você entender os mecanismos dos estágios e aprender o padrão dos inimigos. Portanto, a experiência no geral é agradável, apesar de propositalmente repetitiva.
A grande questão aqui é abdicar da ideia de que não se deve morrer, ou de que perder vidas e repetir estágios é sinal de fraqueza. Claro que é frustrante avançar nos estágios e ter que recomeçar tudo, mas a experiência aqui é inteiramente voltada para essa lógica. E existe diversificação suficiente para que os retornos não se tornem maçantes.
GONNER2 também possui um multiplayer para até quatro jogadores (que eu consegui testar com dois). Mas para mim, até mesmo pelo caos gerado com a presença de outros personagens na tela, a proposta funcionou melhor no modo single player. Contudo, a opção é importante porque garante mais variedade ao título.
Morra, morra, morra
Apesar de parecer um título extremamente simples, GONNer 2 oferece uma experiência intensa de ação em conjunto com uma boa quantidade de conteúdo. A utilização da repetição como parte do gameplay força os jogadores a abrir mão da busca pela perfeição e isso, em certa medida, reforça os pontos fortes do game.Se você não se importar muito com o processo de morrer continuamente, o retorno insistente aos ambientes fornecerá sempre mais encanto do que desprazer, principalmente pela novidade das fases procedurais. Certamente não é um título que agrada a todos, mas será que ele precisa ser? Eu acho que não. Então, pegue sua cabeça, bolsa e armas, e vá para a luta.
Prós
- Opção de multiplayer para até 4 jogadores;
- Gráficos e música empolgantes;
- Ação frenética e desafiadora.
Contras
- A imprecisão da arma gera dificuldade extra;
- Ausência de explicações sobre o que deve ser feito.
GONNER2 — Switch/PC/PS4/XBOX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Análise produzida com cópia digital cedida pela Raw Fury