Análise: Shantae: Risky's Revenge — Director's Cut (Switch) revive a magia do DS dez anos depois

Um dos melhores títulos da franquia finalmente chega ao Switch, com interface otimizada e sem abrir mão da nostalgia.

em 23/10/2020

Nintendistas de longa data acompanham Shantae há bastante tempo. Estreando no fim da vida do Game Boy Color, em 2002, a série já se tornou multiplataforma, mas é especialmente querida nos consoles portáteis da Nintendo. Posso não ser fã de metroidvanias, mas Shantae: Risky’s Revenge, originalmente lançado em 2010 para Nintendo DS, via DSiWare, logo me encantou com sua simplicidade e desafios justos.Dez anos depois, o título chega ao Switch com o nome Shantae: Risky's Revenge — Director's Cut. Sem abrir mão de sua simplicidade, este metroidvania estilo plataforma 2D passou por melhorias gráficas e algumas reformulações, além de ganhar um novo modo de jogo que adiciona ainda mais magia à busca de Shantae pela lâmpada mágica.
As novas artes são um charme à parte

Simples e efetivo

Como de praxe, a exploração se resume ao backtracking, enquanto Shantae derrota inimigos em seu caminho, adquire novos poderes e descobre itens e locais escondidos por onde passa. Dada a duração total do jogo, contudo, esse “vai e volta” não se torna maçante, pois cada minuto é muito bem aproveitado e sempre há o que fazer. 

É verdade que uma jogatina de seis horas parece pouco para um título recém-chegado ao Switch, porém os desafios proporcionam diversão na medida certa, não sendo nem extremamente fáceis nem exageradamente difíceis. Em outras palavras, é esse balanceamento que faz com que Risky’s Revenge seja uma boa pedida para quem não gosta muito de metroidvanias (como é o meu caso) ou simplesmente não está acostumado com o gênero.

Ainda que pensado para telas pequenas, o level design de Risky’s Revenge é primoroso, sobretudo devido ao seu sistema de “camadas” (parallax scrolling) que adiciona uma sensação de imersão e profundidade ao jogo. Outro ponto alto do título é a trilha sonora: envolvente e carismática, é difícil não se pegar cantarolando muitas das músicas durante ou após a jogatina, com o Switch já desligado.


A história, mesmo que não seja um dos pontos fortes da série como um todo, se faz valer pelos divertidos personagens e piadas que aparecem pelo caminho. É verdade que muitas das presentes em Risky’s Revenge são datadas — afinal, estamos falando de um jogo com dez anos de idade —, mas me peguei rindo na maior parte do tempo, especialmente com Rotty e seus trocadilhos com tecnologia.

Tomada dois e… Ação!

Director’s Cut adicionou diversas melhorias e modificações em relação ao jogo original, principalmente na parte gráfica: os sprites estão mais bonitos, coloridos e vívidos; além disso, todos os personagens e diálogos foram redesenhados, ganhando mais destaque e melhor visualização na tela.

A possibilidade de escolher a resolução de jogo é uma adição mais do que bem-vinda. Com as opções original, 4:3 (com ou sem bordas) e 16:9, o jogo roda em todos os modos do Switch (TV, tabletop ou portátil) sem queda de desempenho ou lag. Resoluções maiores, contudo, fazem com que os pixels fiquem “esticados”, o que pode não agradar a muitos, apesar de não afetar a jogabilidade como um todo. Para contribuir ainda mais com a nostalgia, a resolução original deixa o jogo tal qual estivesse rodando em um DS, e confesso que essa é uma adição um tanto quanto charmosa ao título.


O ponto alto do Director’s Cut, certamente, é a reformulação total do mapa, um dos pontos fracos da versão original. Ele agora é acessado pelo inventário e está mais claro, especialmente em se tratando dos warp points, mas, infelizmente, ainda está um pouco longe do que seria considerado ideal para o gênero. No entanto, o simples fato de não estar mais “espremido” na tela, como acontecia na tela de toque do DS, já é uma grande mudança, embora seu entendimento continue um pouco confuso.

Por fim, a adição do Magic Mode adiciona mais desafios à jogatina. Como o próprio nome sugere, as capacidades mágicas de Shantae são aumentadas ao custo de sua defesa, tornando Risky’s Revenge muito mais desafiador. Como esse modo só é destravado ao terminar a aventura pela primeira vez, pode ser um bom incentivo para revisitar Sequin Land em uma segunda playthrough.
"Decifra-me se for capaz"


Dez anos depois…

Risky’s Revenge foi um jogo excelente à época em que foi lançado e o Director’s Cut melhorou seus pontos fracos. Entretanto, se comparado aos jogos mais atuais, a jogabilidade pode parecer um pouco datada; afinal, estamos falando de um jogo originalmente pensado para o saudoso Nintendo DS.

Mesmo assim, em um sistema famoso por ótimos jogos de plataforma, Shantae: Risky's Revenge — Director's Cut não é apenas “mais um” na biblioteca do Switch: é um jogo com estilo, carisma e identidade próprios que chega ao híbrido dez anos depois de seu lançamento original e revive a magia de uma das melhores aventuras da meio-gênio, tudo isso sem abrir mão do charme da era 16-bits.

Prós

  • Ótimo level design;
  • Diversas melhorias em relação ao título original;
  • Fator replay com o Magic Mode;
  • Desafios na medida certa.

Contras

  • Jogabilidade datada se comparada à de jogos mais atuais;
  • Mapa confuso, mesmo com melhorias.
Shantae: Risky's Revenge — Director's Cut — PC/XBO/PS4/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: José Carlos Alves
Análise produzida com cópia digital cedida pela WayForward
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Também conhecida como Lilac, é jornalista e atualmente trabalha com assessoria de imprensa. Fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas.
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