Análise: Rivals of Aether: Definitive Edition (Switch) — um jogo de luta animal

Com a jogabilidade inspirada em Super Smash Bros., o título traz muita originalidade e consistência em seu gameplay, tornando-o único.

em 06/10/2020
Inovar dentro do gênero dos games de luta não é uma tarefa fácil, principalmente entre a comunidade competitiva, que é muito exigente quanto à qualidade. Até a aclamada série da Nintendo, Super Smash Bros., enfrenta diversos questionamentos sobre a sua categorização de fighting game ser adequada para o título. Devido a esta discussão, criou-se um sub-gênero chamado “clones de Smash Bros.”, que são jogos com a já conhecida estrutura: arena aberta, vários lutadores no cenário e o objetivo principal é jogar os adversários para fora da tela em vez de nocauteá-los.


Rivals of Aether: Definitive Edition é um jogo de luta indie que conseguiu destaque dentro do gênero por possuir as suas próprias particularidades, como a sua belíssima estética em pixel-art e trilha sonora memorável. Em meio a tantos clones de Smash Bros., chega a ser uma injustiça colocá-lo dentro desta categoria, pois são pouquíssimos títulos que apresentam este nível de qualidade. Isso pode ser evidenciado não apenas pelo seu gameplay primoroso, mas também pela sua ampla aceitação em torneios pelo mundo todo — possuindo uma ampla comunidade competitiva, aos moldes dos jogos de luta tradicionais.

A batalha de Aether

Rivals of Aether é uma batalha entre animais paladinos. Cada um destes guerreiros representa um elemento da natureza: a água, o fogo, a terra e o ar. O modo história possui 7 capítulos, focando nos paladinos Zetterburn, Forsburn, Kragg, Maypul, Orcane e Wrastor. Embora seja um jogo de luta, o enredo é bem completo, com muitas intrigas e reviravoltas. Os seis primeiros capítulos podem ser jogados em qualquer ordem, pois os eventos de cada um estão interligados de forma não cronológica. No entanto, o capítulo final só é desbloqueado após todos os outros serem concluídos.

É interessante o fato de que os desenvolvedores tenham se preocupado em elaborar uma história para cada personagem. A Dan Fornace Games merece mais reconhecimento ainda por ter cruzado todas as histórias de forma orgânica, sem forçar situações ou diálogos desnecessários. Uma observação válida: mesmo que toda a trama tenha o seu valor, é possível evitá-la e até mesmo ativar uma configuração que desabilita as cutscenes.

Os Rivais de Aether

Protagonistas de cada um dos seis episódios, os rivais são heróis de cada nação do continente Aether e todos eles possuem os seus motivos para brigar.

O leão Zetterburn representa a Capital do Fogo e possui um estilo de combate bem simples, sendo o mais indicado para jogadores iniciantes. Ele consegue fazer combos com facilidade no chão e a sua força pode fazer com que seu oponente seja jogado para fora da arena com facilidade. No entanto, Zetterburn tem desvantagem no ar, o que deixa-o exposto em diversas vezes e com poucas opções.
Filho do imperador Renburn, Forsburn é uma hiena e irmão de Zetterburn. Além disso, é espião leal ao seu povo. O seu estilo de combate é um pouco mais técnico, já que ele é capaz de criar nuvens de fumaça que atrapalham a visão da arena. Suas maiores vantagens são sua mobilidade e habilidade de criar distrações para pegar o oponente de surpresa. Assim como o seu irmão, Forsburn possui desvantagem no ar.
Orcane é uma baleia mercenária com incríveis habilidades de infiltração. O gameplay dele consiste em criar armadilhas na arena e infligir dano a longa distância. Ele pode se teleportar, utilizando poças de água, aumentando a força de certos golpes. No modo história, Orcane foi contratado pela Water Trading Company para derrubar os soldados de elite da Air Armada, que supostamente teriam destruído vários navios comerciais da companhia.
Autoproclamada Guardiã da Floresta Aetherian, Maypul é uma esquilo que protege as árvores altas e os andares de baixo com sua planta companheira, Lily. Mobilidade é o seu ponto forte; ela possui ataques rápidos, com dano médio, que podem resultar em ótimos combos. Ela ainda conta com a habilidade de prender os seus oponentes, ou até mesmo transportar-se rapidamente até eles. Na trama de Aether, Maypul descobre que a floresta está infectada por uma sombra misteriosa e decide investigar a origem da doença, que fica além da Fronteira de Pedra.
O besouro rinoceronte Kragg representa os Wallbuilders, uma raça que tem o poder de manipular pedregulhos e dedica sua vida para manter a grande Fronteira de Pedra. O mais pesado e com a menor mobilidade do elenco, Kragg não é jogado da arena com facilidade. O seu estilo de luta foca em executar ataques pesados e usar blocos de pedra para impedir que os adversários retornem à arena.
O pássaro Wrastor pertence a ala de soldados superiores da Armada Aérea, um exército de elite que se estende por todo o continente de Aether. Ele possui os melhores golpes aéreos, além de ser o único a ter a capacidade realizar um ataque forte no ar e realizar 3 pulos. Entretanto, ele possui desvantagem no solo por não conseguir executar ataques fortes no chão e ter velocidade limitada nas pernas.
O verdadeiro final é desbloqueado após todos os capítulos serem concluídos. Nele é revelado o principal responsável por todos os males que causaram a guerra no continente. Todos os heróis se juntam em uma batalha épica contra um mal inimaginável. Além dos heróis principais, Rivals of Aether conta com mais oito lutadores, sendo que dois deles são bem conhecidos no cenário indie: Shovel Knight e Ori. A versão definitiva traz todos os personagens, que antes eram DLC, desde o lançamento.

Briga animal

Entre todas as qualidades de Rivals of Aether, com certeza a jogabilidade é a maior de todas. À primeira vista, é impossível não compará-la a Super Smash Bros. por causa da sua fórmula atípica de lançar os oponentes para fora do estágio. No entanto, cada lutador possui o seu moveset bem definido, com pontos fortes e fracos, tornando o balanceamento dos personagens até mais justo que a franquia de luta da Nintendo. Além disso, o jogo não esconde os dados técnicos necessários para o competitivo, como, por exemplo, as medidas das fases e a distância da blast zone — a linha que define o verdadeiro final da tela.

O destaque vai para as singularidades do metagame, que é muito rápido e privilegia o combate corpo a corpo com diversas possibilidades de combos. Junto com isso, não existem low tiers, porque todos os lutadores são viáveis de alguma forma. Outra particularidade é a impossibilidade de segurar a edge (borda) dos estágios para voltar à luta, obrigando o jogador a fazer kick jumps, se quiser retornar à batalha. Desta forma, o combate torna-se mais intenso e ligeiro, pois acaba sendo mais fácil perder uma vida.

Depois da guerra

Há bastante conteúdo extra em Rivals of Aether: Definitive Edition, como novas aparências para os lutadores e alguns estágios alternativos, que podem ser desbloqueados após cumprir as metas do milestone. Além disso, foi adicionado um novo modo multiplayer chamado Tether, que é um vôlei de totem. Nele, há um poste de metal fixo, com uma bola de vôlei presa a ele por uma corda. O objetivo da brincadeira é fazer os oponentes baterem na bola, em sentido horário ou anti-horário, para que a corda fique enrolada por completo no mastro.

É possível colocar até quatro jogadores simultaneamente e é diversão garantida. Os oponentes podem se bater livremente para atrapalhar o time adversário. No entanto, vale ressaltar que apenas no mesmo console, já que os recursos online de Rivals of Aether só dão suporte às partidas tradicionais. O modo Abyss está presente e, como na versão clássica do jogo, ele consiste em sobreviver o maior tempo possível durante o ataque das infinitas hordas de inimigos. É possível jogá-lo em cooperativo com até 4 jogadores simultaneamente no mesmo console.

Além das cores tradicionais e as desbloqueáveis, agora é permitido que cada jogador possa customizar os seus personagens preferidos à sua maneira. É possível mudar a cor de cada elemento de todos os lutadores e são centenas de tonalidades disponíveis. Além disso, ainda é possível compartilhar o código da customização, possibilitando que qualquer pessoa recrie o boneco em outros consoles.

Infelizmente os conteúdos criados pelos fãs não estão disponíveis na versão definitiva de Rivals of Aether, o que é uma pena, porque adicionam muito valor ao gameplay. Na versão clássica, é possível criar personagens e estágios inéditos para compartilhar com outros jogadores. É totalmente compreensível que, por questões de classificação etária ou direitos autorais, algumas criações não poderiam aparecer no Nintendo Switch, mas uma filtragem nos conteúdos postados seria muito bem-vinda. Algumas criações farão muita falta.

Mesmo que Rivals of Aether seja fortemente influenciado por Super Smash Bros., a sua jogabilidade e seus personagens se destacam o suficiente para dar uma identidade única ao título. Rivals of Aether: Definitive Edition vale cada centavo por trazer novos modos de jogo, todos os DLCs e vários ajustes importantes para o gameplay. Junto com isso, o port para o Switch é um excelente multiplayer portátil — qualidade que não tem preço.

Prós

  • Jogabilidade profunda;
  • Trilha sonora excelente e memorável;
  • Estética em pixel-art caprichada;
  • Tutoriais práticos e acessíveis;
  • Novos modos de jogo;
  • Boa quantidade de lutadores e estágios.

Contras

  • Ausência de conteúdos produzidos pela comunidade.
Rivals of Aether: Definitive Edition — Switch/PC — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: João Gabriel Haddad
Análise produzida com cópia digital cedida pela Dan Fornace

Em constante mudança, escrevo sobre o que gosto e às vezes sobre o que não gosto também.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.