Análise: Jet Set Knights (Switch) é um intenso e frenético arcade retrô

Quatro cavaleiros, uma princesa para defender, muitas torres e elementos RPG são a proposta deste título.

em 06/10/2020

Jogos de “salvar a princesa” não são incomuns em plataformas da Nintendo, e Link e Mario não me deixam mentir quanto a isso. Porém, ao contrário dos jogos do bigodudo e do hyruliano, em Jet Set Knights o jogador não vai até um castelo para resgatar a princesa: são os monstros que fazem a invasão.

Desenvolvido pela FobTi Interactive e distribuído pela Ratalaika Games, o título é uma curiosa proposta de um arcade clássico, mas com alguns elementos modernos emprestados de outros gêneros.

Tudo junto e misturado

A graça dos jogos indie é justamente a experimentação: as pequenas desenvolvedoras se permitem arriscar e podem trazer ideias exóticas que não são vistas nos grandes títulos. Segundo a descrição da FobTi, Jet Set Knights se trata de um arcade retrô que faz um mix dos gêneros plataforma 2D, tower defense e RPG.

A base do jogo é bastante simples: enquanto a princesa fica na parte inferior de um mapa, formado por plataformas, monstros caem do teto e vão caminhando em direção a ela. Cabe ao jogador, um cavaleiro, matar os inimigos antes que eles a alcancem. Porém, é preciso atenção, já que se qualquer um deles tocar na princesa, é game over instantâneo.

Existem quatro cavaleiros para escolher, cada um com habilidades únicas. No começo do jogo, apenas uma espada de curto alcance está disponível, mas é possível coletar baús com flechas para realizar ataques de longa distância. Além disso, o jogo permite matar os inimigos saltando sobre suas cabeças — soa familiar?

Durante o jogo, itens, como poções de vida, flechas e buffs temporários, aparecem aleatoriamente, além de materiais para construir torres e até mesmo uma máscara que transforma a princesa em um morcego capaz de abater monstros por alguns segundos. E, por mais estranho que isso possa soar, a mistureba deu certo.

Quando se fala em jogos de plataforma 2D, é comum fazer uma associação desse gênero com jogos no estilo de Sonic ou Mario. Apesar de Jet Set Knights ter semelhanças com os títulos do encanador italiano, na verdade ele, se aproxima mais do Mario Bros de 1983, de arcade. Sim, aquele mesmo, com plataformas fixas em uma tela única, sem side scrolling.

Direto do túnel do tempo...
 

Como um arcade de plataforma à la anos 80, Jet Set Knights se sai muito bem. Os gráficos e o som são ambientados no estilo retrô, simulando uma jogatina à moda antiga. Com ação frenética e muita coisa acontecendo simultaneamente na tela, ainda há o acréscimo de elementos dos gêneros tower defense e RPG.

Além disso, o jogo é repleto de referências e homenagens a outros títulos famosos: os castiçais de Castlevania aparecem decorando o cenário do Cemitério; o chefe da fase Slime Rush é uma clara homenagem a Donkey Kong; o design dos cavaleiros lembra muito os personagens de Shovel Knight; o tiro especial é executado ao segurar o botão de ataque por dois segundos, como em Ghouls n’ Ghosts; e até mesmo os Koopas, de Mario, aparecem como inimigos.

Como tower defense, Jet Set Knight traz características marcantes do gênero. Primeiramente, o objetivo principal é defender a princesa (que, aqui, pode representar a “torre”), impedindo que os monstros, que vêm em ondas com hordas cada vez maiores, cheguem até ela. Ao final da quarta leva de inimigos, um chefe aparece e, ao vencê-lo, o jogador ganha acesso ao próximo mapa. 

De onde te conheço mesmo?

Sobre a parte tática, o título é bastante simples, por isso, não espere a riqueza estratégica de títulos especializados como Plants vs Zombies. Não existe liberdade para escolher os tipos de estruturas nem sua posição: é necessário construir o equipamento, limitado pelos materiais coletados pelo mapa, em locais pré-determinados. No fim, trata-se mais de uma questão de agilidade do que estratégia propriamente dita.

De tudo um pouco

Além de plataforma e tower defense, Jet Set Knights flerta com elementos de RPG, já que as melhorias no cavaleiro são feitas ao derrotar monstros e adquirir experiência. Após certa quantidade de experiência, o personagem sobe um nível e é possível aprimorar um dos seus atributos: ataque, pontos de vida, chance de crítico ou velocidade. No entanto, os aprimoramentos não são permanentes e funcionam apenas durante aquela sessão de jogo.

Além de armas que podem ser obtidas por meio de requisitos a serem cumpridos, existem também outras melhorias desbloqueáveis permanentes, como equipamentos que permitem dar pulo duplo, ajudantes que atiram projéteis e óculos que permitem jogar com tela monocromática. Elas podem ser conseguidas em uma máquina de caça-níqueis que consome as moedas de ouro grandes obtidas durante o jogo ou ao coletar a recompensa diária — esta última sendo uma mecânica muito presente em jogos online e mobile, o que parece destoar da proposta de um título offline.

Essa mistura de gêneros e características distintas faz com que Jet Set Knights tenha um bom fator de rejogabilidade; no entanto, com o tempo o título se torna, infelizmente, repetitivo. Como a sua premissa é ser um arcade, o jogo possui poucos mapas e ínfima variação de monstros, fazendo com que a jogabilidade seja sempre a mesma em todas as partidas.


Os Quatro Cavaleiros

Jet Set Knights se destaca pelo seu incrível multiplayer, o que permite apimentar a jogabilidade com suporte a dois jogadores no modo co-op e até quatro jogadores no modo PVP. As mecânicas de todos os minijogos, especialmente os da modalidade versus, são extremamente simples de compreender.

No modo cooperativo, que é quase idêntico ao single player, os dois jogadores se unem para derrotar os monstros. Os recursos para construção de torres são compartilhados, mas os pontos de vida e armas são independentes, o que requer um planejamento conjunto e comunicação entre as pessoas envolvidas.

No modo competitivo, duas a quatro pessoas podem competir simultaneamente em três diferentesmodalidades de jogo:

  • Last Man Standing: jogador contra jogador, em estilo battle royale, sem monstros no cenário. Cada cavaleiro tem três pontos de vida e vence aquele que sobreviver;
  • Domination: com duração de 60 segundos, é necessário capturar as várias bandeiras espalhadas pelo mapa, que mudam de cor conforme o cavaleiro que as toca. Cada bandeira garante um ponto por segundo e vence aquele que tiver a pontuação mais alta ao fim da partida;.
  • Egg Tournament: Os jogadores disputam um ovo dourado por 60 segundos. Para tomar o ovo do adversário, deve-se atingi-lo com um golpe, e aquele que estiver em posse do ovo recebe um ponto por segundo até ter o objeto tomado de si. Vence aquele que tiver mais pontos ao final do tempo.

"Meu precioso!"

Jet Set Knights suporta todos os modos de jogo do Switch (TV, tabletop e handheld) e pode ser controlado com os Joy-Con acoplados ou destacados, além do suporte ao Pro Controller e a controles periféricos de terceiros. Para o modo multiplayer, é extremamente recomendado jogar no modo TV, pois a confusão de quatro jogadores se espremendo ao redor da telinha no modo tabletop não é a melhor das experiências.

A inusitada mistura que deu certo

Mesmo sem localização para o português, Jet Set Knights não tem sua jogabilidade comprometida. O título reúne mecânicas de diferentes gêneros, o que resulta em uma experiência arcade intensa.

O título pode se tornar um pouco repetitivo, tal qual um arcade dos anos 80, mas por ser muito simples de jogar e ter um multiplayer bastante variado, é uma excelente pedida em festas e reuniões com os amigos, mesmo aqueles pouco familiarizados com videogames, para uma jogatina casual e muitas risadas.

Prós

  • Mistura única de jogo de plataforma e tower defense com elementos de RPG;
  • Ótimo multiplayer local com muitas opções para até quatro jogadores;
  • Temática retro arcade divertida;
  • Muitos itens desbloqueáveis.

Contras

  • Jogabilidade repetitiva com o passar do tempo.

Jet Set Knights — PC/XBO/PS4/Switch — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch

Análise produzida com cópia digital cedida pela Ratalaika Games
Revisão: Davi Sousa
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Também conhecida como Lilac, é jornalista e atualmente trabalha com assessoria de imprensa. Fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas.
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