Criado pela desenvolvedora brasileira Green Dinosaur Games, Duck Souls+ é um jogo de plataforma 2D que faz o simples – o feijão com arroz, se formos brasilizar de fato essa análise. São saltos e corridas por campos repletos de armadilhas, espinhos e perigos. Possui uma formação tática bem tradicional, que utiliza o direcional para controlar a movimentação e é escalado ao lado de botões para saltar e correr. São precisos e cirúrgicos, como um bom zagueiro que não compromete sua equipe.
Nosso objetivo é muito simples: controlando um pato amarelo, devemos percorrer cenários lateralmente para salvar os ovos de nossa espécie e evitar a extinção. Não tem acréscimos nem nada, é só isso mesmo. Ele é bem limitado nesse setor, concentrando suas vitórias no design dos níveis, a jogabilidade e sua dificuldade.
As fases são bem construídas, com vários obstáculos a serem vencidos em um pequeno espaço. Nota-se uma criatividade bacana nelas, mesmo sendo breves. Ele faz parte do segmento de jogos de plataforma saudosistas, que são pensados em desafiar a jornada de quem os encara. Conta com duas dificuldades: Casual e Hard. A diferença consiste basicamente na presença ou não de checkpoints nos levels, que pode facilitar bastante no trajeto ou incrementar ainda mais a complexidade.
São mais de 100 níveis oferecidos que levam breves minutos para serem concluídos – o que resulta em uma jornada de poucas horas em Duck Souls+. No entanto, a exigência da grande maioria proporciona gratificação quando somos bem sucedidos. Eles são um pouco traiçoeiros às vezes, com uma progressão de dificuldade que pode apresentar desarmonia, visto que algumas fases são bem mais complicadas que as outras. O recado é: se acostume com a cena cruel de um patinho explodindo na tela, pois acontecerá algumas vezes.
Com uma bela arte pixelada, o cenário pouco varia em seus cinco diferentes biomas, mas é capaz de conquistar com seu aconchego. No entanto, em alguns trechos, há um exagero na dose do estilo retrô, que dificulta a fluidez do olhar. Nota-se também um conflito nas fases com maior presença de amarelo, em uma tonalidade praticamente igual às cores do pato e que pode confundir – principalmente na tela pequena do Switch.
Até então, toda a escalação anunciada parece a de um time bem entrosado, mas nada que o tornaria em um verdadeiro campeão. Mas, o seu talento é coroado quando somamos sua consistência com alguns lances, em que Duck Souls+ chuta e marca o gol com seu carisma.
Um toque de camisa 10
Desde o início, temos pequenos momentos no game que dão um certo “calor brasileiro” para ele, aproximando jogador, obra e criador. Por exemplo, Duck Souls+ é minado de frases da cultura popular em sua jornada, retiradas de outros jogos, filmes e músicas. Assim, em quase toda fase há uma placa com alguns dizeres famosos em inglês e que às vezes fazem sentido com o nível em si. É uma experiência muito básica, mas que dá vontade de conferir o que cada momento tem a nos dizer. Aos nintendistas de plantão, a alegria é certa ao ver uma placa com “Do a Barrel Roll” ou quando é entoada a referência “It's dangerous to go alone! Take this”.
Outro detalhe bacana são os chapéus que o pato pode usar. Temos uma boa variedade nos mais de 20 modelos, do visual bruxo ao natalino. No entanto, embora sejam liberados novos modelos, de 5 em 5 níveis, não há notificação (pelo menos no Switch) ao conquistá-los, ou seja, você pode se distrair e avançar diretamente dezenas de fases sem lembrar de usar os novos looks. É necessário retornar ao menu para vestir o que facilmente passa batido na correria insana que é Duck Souls+.
Tudo isso demonstra um game indie que tem noção de seu público e de sua simplicidade, dialogando diretamente com o jogador ao usar frases conhecidas e cartas de agradecimento. Assim, apresenta um carinho bem brasileiro, de um jeito moleque capaz de lotar o estádio e cativar torcedores com sua humildade e habilidade.
Grito de gol
Duck Souls+ é um bom jogo de plataforma brasileiro de curta duração, que impressiona em poucos minutos de bola rolando com desafios interessantes em dois modos de dificuldade. Ele faz bonito em campo com a camisa amarelinha, representando muito bem nosso país no cenário independente. Mas, como toda seleção, pode apresentar falhas, e a principal delas é sua vida breve, que o impede de voar mais alto.
A vontade era de dar a camisa 10 para Duck Souls+, mas talvez ainda não seja a hora do pato da Green Dinosaur Games vestir a numeração mais pesada do plantel. Quem sabe, em alguma continuação, ele possa estender sua participação em campo, bem como um jovem que precisa ser lapidado antes de se tornar um craque.
No apito final, vemos que o ingresso para o jogo valeu a pena, sendo bem mais em conta que as entradas nas arenas novas e modernas do nosso país. No entanto, lembre-se que a partida dura apenas 90 minutos, sem acréscimos nem nada. Assim, com as jogadas do pato amarelo que tem alegria nas pernas, a vitória será brasileira e sem 7 a 1.
Prós
- Jogo de plataforma 2D alegre;
- Controles precisos;
- Fases bem desenhadas e boas sacadas;
- Charme brasileiro;
- Um pato que usa chapéu (!).
Contras
- Curta duração;
- Progressão insensível em algumas (poucas) ocasiões;
- Falta de notificação de conquistas dentro do jogo.
Duck Souls+ — Switch/PC/PS4/PSVita/XBO — Nota: 8.0Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Felipe Fina Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela Ratalaika Games