A grandeza de King Bob-omb pode ser analisada por diferentes ângulos de sua esfera. Ele é, claro, um imenso explosivo, que fica ainda maior se comparado ao tamanho de seus mini súditos. Com uma polvorosa personalidade, foi peça-chave em um momento muito representativo na franquia Super Mario.
Todavia, sua monarquia hoje sofre com um esquecimento na linhagem principal do bigodudo. A Sua Majestade participou de outros spin-offs importantes e recentes da Nintendo, como Mario Kart, Mario & Luigi e Mario Party. Na ramificação central, no entanto, não voltou a detonar.
Vamos ao diagnóstico do personagem, que já tem mais de duas décadas de história nos consoles. Com detalhes sobre sua aparência, comportamento e protagonismo, traremos a história da grande bomba que, mesmo afastada, ainda é um estouro.
Contextualizando sua matéria
A abordagem biográfica de King Bob-omb será acesa em uma bateria de três estouros: personalidade, visual e representação — acepção que se relaciona com sua inassiduidade nos cantos da série.
Em 1996, o pulo que Super Mario deu foi um pouco mais extenso que o ordinário. Com passagens por NES, SNES e Game Boy, o encanador tinha planos de ultrapassar a barreira bidimensional dos consoles. Agora, era hora de virar 3D com o Nintendo 64.
A ideia implicava em trazer os conceitos da conhecida franquia para o presente, seja via adaptações ou proporcionando atualidades. A corrida de rolagem lateral ganhava outras direções, fazendo com que o combo básico do protagonista, formado pelo pulo e ataque, necessitasse de uma renovação.
A expectativa por Super Mario 64 foi muito grande; felizmente, correspondeu. Jogo mais vendido do seu console, o título trouxe um conglomerado de conceitos ao novo formato de plataforma tridimensional. Para provar que os novos ideais de jogabilidade vieram para ficar, tiveram de passar por testes no seu lançamento. E é aí que entra o rei.
King Bob-omb foi o primeiro chefe a ser enfrentado nessas circunstâncias. Dono do estágio inicial, sua batalha estava situada na também primária estrela do jogo, intitulada Big Bob-omb on the Summit.
Antes de enfrentá-lo, era preciso encontrar o caminho para sua colina, passando por seus súditos menores, os Bob-ombs, figurinhas comuns nos álbuns de Super Mario. Se a jornada fosse bem sucedida, era chegada a hora do duelo que originou as batalhas tridimensionais do personagem. Olha que responsabilidade para o bombado!
Rei do estilo
Acima do cume mais alto do Bob-omb Battlefield, se encontrava o detentor do poder de uma das estrelas do desafio. Para sentir a importância, ela havia sido confiada a ele por ninguém menos que outro soberano: o rei Koopa, Bowser.
A esfera preta aguardava lá, imponente, em um local capaz de observar todo o seu reino a ser defendido. Presenteado por braços e pés amarelos, dignos de um conto de realismo mágico, o personagem também ostentava um belo bigode e uma lustrosa coroa.
Antes da interação, outro atributo tentaria pregar a falsa ilusão de amizade nos jogadores: os seus pacíficos olhos brancos e elípticos. Ledo engano.
Estampido de atitude
Eis sua apresentação: “Eu sou o Grande Bob-omb, o lorde de toda matéria explosiva, rei dos ka-booms de todo o mundo”. Não era somente sua fala confiante, o rapaz esbanjava atitude: “Como ousa escalar minha montanha? Com que direito você põe os seus pés no topo da minha colina imperial?”.
Em meio à troca de olhares, o adversário bravejava: “Você nunca vai roubar minha estrela. Eu te desafio, Mario! Se você quiser ela, terá de provar em batalha. Você acha que consegue me pegar e me arremessar neste território real? Eu acho que não!”
Sua lealdade ao dever de resguardar a estrela concedida por Bowser, combinada ao seu comportamento, não negava que a batalha que se aproximava seria tão grande quanto ele, ainda conhecido como Big Bob-Omb (provavelmente antes de se autoproclamar rei).
Consistindo em um duelo onde Mario deve agarrar o rei e lançá-lo para longe, o combate ainda era tímido se comparado aos mais elaborados atualmente, como em Odyssey. A tarefa seria resolvida ao atacar o inimigo na quantia que é marca registrada do bigodudo: três vezes. Tudo isso até resultar no esperado, uma bela detonação — digna de um rei.
O cavalheiro cumpre sua promessa. Mesmo reforçando o trato com o chefe-mor do jogo, a poderosa estrela é liberada com a sua explosão. Cena pirotécnica que, infelizmente, não voltou a acontecer muito nas outras jornadas de Mario.
Novos discursos reais
Veio a lástima. Não sabíamos que o momento descrito seria seu último rompimento na série principal, literalmente. Ao contrário de suas miniaturas, que contam com uma longa lista de aparições, King Bob-omb ficou de lado nos percursos seguintes do encanador.
Mesmo assim, seu currículo é premiado por outros feitios, sendo convidado de gala para outras festas nintendistas. No spin-off Mario Party, aparece nas versões 2, 5, Advance, 8, 9, Island Tour, Star Rush, The Top 100 e Super Mario Party. Embora como non-playable character, sua presença não deixa de ser uma boa lembrança de seus tempos de reinado.
No setor esportivo, figura também como personagem não jogável em Mario Golf: Toadstool Tour; Mario Superstar Baseball, Mario Super Sluggers e Mario Kart: Arcade GP DXl.
Contudo, recentemente tivemos um alento para os adeptos do sistema monárquico: em Mario Kart Tour, podemos dirigir com o personagem, que foi incluído em uma atualização do jogo mobile — mercado que também trouxe King Bob-omb para as telas menores em Dr. Mario World, como assistente.
Nas suas aparições mais recentes, sua estética está um pouco diferente. No lugar das mãos amarelas, temos uma coloração nevada — que se assemelha às luvas usadas por outros figurantes de seu universo. Também ganhou novos detalhamentos nos braços e pernas, exibindo um tom azulado que ajuda a identificar os componentes da sua estrutura.
Mas, não se preocupem, o bigode e a coroa ainda estão lá. Inclusive, poderão ser revistos nas telas do Nintendo Switch em breve, com o lançamento de Super Mario 3D All-Stars.
Pela volta da monarquia explosiva
Encerrando o discurso sobre o rei, reforçamos os apontamentos que o tornam especial. Por alguma razão reminiscente, ao participar da matéria colaborativa sobre os personagens secundários que marcaram os 35 anos de Super Mario, King Bob-omb foi um dos primeiros a pipocar na cabeça de quem vos escreve. Creio que isso tenha um motivo, ou melhor, três.
A revisitação de sua tripla capacidade, desenvolvida nos quesitos de significância, estilo e personalidade, rende uma imponência à grande bomba. É o primeiro chefe do jogo que deu o tridimensional ao clássico. A batalha, célebre, explode de maneira extremamente satisfatória para quem encara a aventura, rendendo inesquecíveis lembranças. Nostalgia pura.
Seu ego, da aparência ao comportamento, exala uma confiança representada em sua ação. A performance não nega que o personagem conhece sua magnificência, o que o torna bem memorável.
Temos, no desfecho, uma infeliz ausência no traçado principal da franquia, que já atinge 24 anos. Talvez a aparição em Mario Kart Tour possa trazer o sorriso de volta para o rosto de seus governados — os Bob-omb e nós, seus idólatras. Mais uma razão para clamar por um retorno definitivo que represente o seu valor.
Unidos, assim como seus súditos, os motivos dão pólvora de sobra para suplicar pelo regresso de King Bob-omb ao amado universo que acaba de completar 35 anos. Quem sabe, logo poderemos ter novamente o rei das explosões por aqui.
Por gentileza, clamamos pelo retorno de Sua Majestade!