Com dimensões reduzidas, o ultimogênito trazia consigo aspectos interessantes em um minimalismo que não abria mão da qualidade e do estilo. Com sua dimensão diminuta, 50x101x17,2 mm (AxLxP), pesava singelas 80 gramas – 60 a menos que seus antecessores Game Boy Advance e Game Boy Advance SP. Quanto à tela, a própria Nintendo entregaria o quilate: seria a melhor da linha.
A glória da série Advance estava ali, mais portátil do que nunca. O lançamento, além de ultima cartada, foi também a resistência final de um console que não queria se entregar, não sem antes deixar bem claro o tamanho de seu nome – mesmo que, nesse caso, estivesse acompanhado do incondizente micro.
O jogador que não queria deixar o campo
O advento do Nintendo DS, em 2004, marcou a chegada de uma nova geração; infelizmente, também representaria o término de uma longeva linha de portáteis. A geração Game Boy chegava ao seu fim após 15 bons anos.
Desde seu nascimento, em 1989, ganhou as cores e o que havia de mais avançado durante sua trajetória. Com o conceito portátil, a entidade Game Boy recebeu todo o pacote Nintendo: Donkey Kong, Mario, Pokémon, Kirby, Zelda e muito mais. Teve novos modelos e cores com o passar dos anos. Tudo isso, até chegarmos ao seu último filho, o Game Boy micro.
Anunciado na E3 de 2005, o novo console ficava ainda menor nas mãos do gigante Reggie Fils-Aime, então vice-presidente de marketing e vendas da Nintendo. Um dos grandes atrativos, além de seu tamanho, estava na tela.
Em sua composição havia o sistema de retroiluminação, que poderia ser usado na hora de ajustar o brilho. Dessa forma, a intensidade da luz poderia ser regulada de acordo com a iluminação ambiente. Seria a introdução da ferramenta na família, que também foi aderida pelo Game Boy Advance SP na sua versão AGS-101, também denominado GBA SP Brighter, lançada simultaneamente ao micro. A edição original do SP, AGS-001, contava com o sistema de luz frontal, que tinha um funcionamento distinto. Sua iluminação estava na frente do LCD, podendo ser ligada ou desligada. Em função de sua posição, causava um aspecto de artificialidade, provocando o desbotamento das cores e uma exibição em tons mais azulados. A retroiluminação, por sua vez, se encontrava na parte de trás da tela, sempre ativada e com um potencial de regulagem. A diferença era perceptível: a versão do micro e do GBA SP Brighter apresentava um brilho mais poderoso, proporcionando uma experiência mais viva e agradável.
Mesmo em formato reduzido, era a melhor tela entre todos os Game Boy, graças à dita tecnologia, que foi disponibilizada em suas 2 polegadas – só para efeito de comparação, o GBA regular e o SP possuíam telas de 2,9 polegadas.
A Nintendo apostaria no retorno ao modelo horizontal do videogame, como foi com o GBA. O luxo era inegável; com um belo acabamento, o console esbanjava atratividade. Puro estilo nas pequenas dimensões do Game Boy micro.
A aparência também teria um outro destaque: as capinhas intercambiáveis. Conhecidas como Faceplate, a peça permitia a renovação visual, dando um toque mais pessoal ao console. Também ganhou edições comemorativas com temas como NES, Mother, Pokémon e outras relíquias.
Além das personalizações, o aparelho também ficaria conhecido pela grande variedade de cores em que foi lançado, como é de costume na família. Embora figure como um ponto positivo, a diversidade tornou algumas em eventuais raridades. O lado bom era que o pequeno tinha vários estilos em seu roupeiro.
Dentro das subdivisões, o Game Boy micro fazia parte da linha Advance, que foi lançada em 2001, sucedendo a Color. Foi um intervalo de glória para a grande família, na qual vimos Link interagir com seu chapéu, Mario retornar aos seus cenários mais célebres e o universo de Hoenn abrir suas portas. No entanto, o persistente modelo de 2005, que ousava brilhar mesmo com o DS já nas lojas, teve em sua remodelação alguns cortes.
Micro falhas
A busca por torná-lo a edição mais compacta de todas também acarretou em outras estranhezas. A colocação da saída do áudio foi uma delas. Posicionada na parte de baixo da lateral direita, era facilmente abafada ao buscar os botões A e B, prejudicando a experiência sonora. No entanto, isso poderia ser evitado com o uso de fones de ouvido, que agora estava facilitado na franquia pela inclusão de uma entrada padrão para o acessório no micro. No GBA SP, por exemplo, era necessário o uso de um adaptador.
Por ser ainda menor que o GBA, segurá-lo seria uma tarefa delicada, principalmente para os dotados de mãos grandes – Não é mesmo, Reggie?. Da mesma forma, o tamanho da tela poderia ser um problema em jogos com muito texto. A sua forma retangular e pontuda, muito similar à do seu ancestral Game & Watch, também contribuiria de forma negativa para alguns casos, gerando um certo desconforto.
O preço foi outro alvo de críticas. No seu lançamento, foi disponibilizado nas lojas estadunidenses por US$ 99. O então console da Nintendo, GameCube, era oferecido pelo mesmo preço. No lançamento, o Cubo estava tabelado em US$ 199, mas, em 2003, teve essa queda expressiva para tentar ganhar mais mercado.
Comparado a seus irmãos, era um pouco mais caro – cerca de US$ 20 do preço do GBA SP naquele período. No entanto, o maior questionamento se dava na comparação com o então novato Nintendo DS. O Dual Screen foi lançado por US$ 149, mas, em menos de um ano, teve uma redução para US$ 129.
Ou seja, embora optar pelo Game Boy micro representasse uma satisfatória economia de 30 dólares, havia o fato da chegada de uma nova geração. Para complicar ainda mais, optar pelo console de duas telas não necessariamente significaria algum prejuízo na oferta de jogos, visto que o DS era capaz de rodar jogos do GBA.
Apenas 2,42 milhões de unidades do Game Boy micro foram vendidas. A soma não agradou, levando a Nintendo a admitir que seus números foram inferiores ao planejado. Satoru Iwata eventualmente confessou que a estratégia comercial foi problemática. Muitos jogadores se sentiram obrigados a optar pelo Nintendo DS quando pensavam em uma escolha voltada para o futuro.
A divisão era, de fato, complexa, como sempre é na compra de algo tão importante quanto um videogame – o ápice representativo de decisões a serem feitas na vida de um jogador. No entanto, uma visão veio a se manifestar no coração de muitos. Uma veia nostálgica pulsava em nossos sistemas, quase como um dever de agradecimento. Estávamos comprometidos com a difícil tarefa de se despedir de um "grande" amigo.
O fato de ser lançado mesmo com o Nintendo DS já no mercado é simbólico. Praticamente uma aposta na eternidade de sua família. O anúncio se desenhava: viva a gloriosa geração avançada da melhor maneira.
O Game Boy micro foi o modo perfeito de dar tchau, se é que isso seria possível. Mesmo sem performar todos os jogos de seus antepassados, não importava, a essência estava ali.
O anúncio anterior seguiria: joguem no mais completo escuro; segurem apenas com a palma da mão; troquem as capinhas sem sentir qualquer peso; mesmo com falhas, está tudo bem: ainda é e sempre será um Game Boy – um dos nomes mais pesados de toda história, dessa vez numa micro versão muito luxuosa.
O preço foi outro alvo de críticas. No seu lançamento, foi disponibilizado nas lojas estadunidenses por US$ 99. O então console da Nintendo, GameCube, era oferecido pelo mesmo preço. No lançamento, o Cubo estava tabelado em US$ 199, mas, em 2003, teve essa queda expressiva para tentar ganhar mais mercado.
Comparado a seus irmãos, era um pouco mais caro – cerca de US$ 20 do preço do GBA SP naquele período. No entanto, o maior questionamento se dava na comparação com o então novato Nintendo DS. O Dual Screen foi lançado por US$ 149, mas, em menos de um ano, teve uma redução para US$ 129.
Ou seja, embora optar pelo Game Boy micro representasse uma satisfatória economia de 30 dólares, havia o fato da chegada de uma nova geração. Para complicar ainda mais, optar pelo console de duas telas não necessariamente significaria algum prejuízo na oferta de jogos, visto que o DS era capaz de rodar jogos do GBA.
Apenas 2,42 milhões de unidades do Game Boy micro foram vendidas. A soma não agradou, levando a Nintendo a admitir que seus números foram inferiores ao planejado. Satoru Iwata eventualmente confessou que a estratégia comercial foi problemática. Muitos jogadores se sentiram obrigados a optar pelo Nintendo DS quando pensavam em uma escolha voltada para o futuro.
A divisão era, de fato, complexa, como sempre é na compra de algo tão importante quanto um videogame – o ápice representativo de decisões a serem feitas na vida de um jogador. No entanto, uma visão veio a se manifestar no coração de muitos. Uma veia nostálgica pulsava em nossos sistemas, quase como um dever de agradecimento. Estávamos comprometidos com a difícil tarefa de se despedir de um "grande" amigo.
O adeus de um gigante
Com a difícil tarefa de encabeçar a despedida de sua família, o portátil lançado há 15 anos assumiu uma grande responsabilidade. Mesmo com problemas, conseguiu cativar pelas suas virtudes. No micro, o Game Boy estava mais portátil e estiloso. O Game Boy ainda existia.O fato de ser lançado mesmo com o Nintendo DS já no mercado é simbólico. Praticamente uma aposta na eternidade de sua família. O anúncio se desenhava: viva a gloriosa geração avançada da melhor maneira.
O Game Boy micro foi o modo perfeito de dar tchau, se é que isso seria possível. Mesmo sem performar todos os jogos de seus antepassados, não importava, a essência estava ali.
O anúncio anterior seguiria: joguem no mais completo escuro; segurem apenas com a palma da mão; troquem as capinhas sem sentir qualquer peso; mesmo com falhas, está tudo bem: ainda é e sempre será um Game Boy – um dos nomes mais pesados de toda história, dessa vez numa micro versão muito luxuosa.
Revisor: José Carlos Alves