Análise: Giraffe and Annika (Switch) é uma aventura encantadora, mas com pouca profundidade

Explore uma ilha repleta de segredos e enfrente criaturas mágicas em batalhas rítmicas.

em 28/08/2020

Giraffe and Annika (Switch) é acima de tudo uma aconchegante jornada sobre memórias e laços afetivos. Com personagens cheios de carisma, uma ambientação agradável e músicas que aquecem qualquer coração, a desenvolvedora japonesa atelier mimina foi responsável por construir uma das mais simpáticas atmosferas nessa aventura tridimensional. Mas apesar de tanto encanto, o jogo deixa a desejar em sua simplicidade.


Ao acordar sem memórias recentes em uma ilha desconhecida chamada Spica, a simpática Annika logo encontra Giraffe, um jovem que diz ser amigo de longa data da protagonista. A pedido do rapaz, a garota deve coletar três fragmentos de estrela em áreas diferentes da ilha, já que por algum motivo ela é a única capaz de realizar tal missão. Mesmo com esse início confuso, o desenrolar do enredo possui algumas revelações interessantes que lembram levemente as animações do Studio Ghibli, mas nada muito profundo ou surpreendente.

Uma ilha especial

Um aspecto inesperado sobre Giraffe and Annika é a experiência “três em um” que sua jogabilidade oferece. A dinâmica tripla funciona como um ciclo, em que a princípio o jogador deve explorar o amplo espaço de uma ilha no controle da Annika, em busca dos fragmentos de estrela.



Essa parte do jogo é a mais desinteressante, principalmente pela ausência de indicadores ou até mesmo de um mapa para ajudar brevemente na orientação. Nesses casos a melhor opção é sempre seguir seu parceiro para aprender os caminhos, mas ainda assim algumas missões para encontrar determinados itens ou outros seres podem levar um tempo até que sejam concluídas. 

Eventualmente a protagonista encontrará algumas dungeons nas quais os fragmentos estão localizados. Nesses momentos a gameplay fica mais frenética, pois a quantidade de inimigos aumenta e algumas mecânicas de jogo específicas são introduzidas, como nadar por longas distâncias ou andar em carrinhos sobre trilhos. 



Novas habilidades básicas são desbloqueadas conforme Annika progride em sua jornada, mais precisamente após enfrentar certos bosses. Elas garantem que a garota consiga acessar áreas da ilha que até então estariam indisponíveis, o que dá um certo incentivo para a progressão do jogador na trama. Ao receber o poder de pular, por exemplo, a protagonista é capaz de alcançar o outro lado de uma ponte quebrada e posteriormente coletar recursos para que um fantasma carpinteiro a conserte.

São justamente esses confrontos contra as criaturas mágicas mais poderosas da ilha que dão vida ao terceiro pilar da jogabilidade: as batalhas rítmicas. Baseados nas sequências de Guitar Hero, esses encontros colocam Annika frente a frente contra outros personagens que disparam esferas de poder mágico na garota. Dessa forma, cabe ao jogador desviar e contra-atacar realizando a melhor performance possível nas músicas.



Inclusive, a trilha sonora é um dos pontos altos da aventura. Durante a maior parte do tempo é possível ouvir melodias leves e descontraídas que auxiliam na ambientação de uma ilha tranquila e simpática. Porém, existem os momentos com maior emoção - geralmente nos confrontos - em que as trilhas ficam mais animadas e contagiantes. Vale destacar a canção Lead to Eternit, música-tema que cumpre perfeitamente sua função de transmitir as emoções do jogo.

Pode-se dizer que Giraffe and Annika atinge seu ápice de qualidade durante as batalhas rítmicas, ainda que elas sejam um pouco desconexas das outras dinâmicas de jogo e não existam elementos no enredo que justifiquem o aspecto musical dos confrontos. Tanto as animações dos personagens quanto a própria trilha sonora parecem melhores do que em qualquer outra parte envolvendo exploração, e é aí que entra o principal defeito da obra: a notável simplicidade do restante da aventura quando comparada a esses momentos musicais.

Um caminho amigável, mas duvidoso

Antes de continuar com a crítica, vale ressaltar que a frustração não é causada por falta de qualidade nas partes de exploração, mas sim pela diferença de jogabilidade e elementos gráficos e sonoros em cada situação. O melhor exemplo para ilustrar tal inconveniência são os controles, que apresentam certa imprecisão principalmente nos pulos de Annika e no movimento da câmera. 

Outro aspecto que marca presença, mas sofre com tal problema, são as cutscenes. Tanto nos momentos de exploração quanto nas batalhas rítmicas as animações são excelentes, mas na primeira situação elas são representadas sobretudo com ilustrações 2D em formatos de quadrinhos. Apesar de cumprirem seu objetivo de forma esteticamente agradável, a movimentação coreografada e as transições dos confrontos são muito mais impressionantes.



Ainda na lista de elementos decepcionantes, é importante mencionar algumas decisões duvidosas na jogabilidade. A questão do tempo, por exemplo, é interessante em um primeiro momento, já que colabora para a imersão do jogador no ambiente da ilha. O problema está em como isso afeta a progressão, visto que alguns locais só podem ser acessados em determinados horários do dia e as únicas soluções são esperar o tempo passar ou procurar uma cama e acordar na hora certa. 

O fato de que os inimigos não podem ser abatidos - apenas evitados - também é uma escolha controversa. Mesmo reforçando o estilo amigável da obra, isso incomoda muito em alguns momentos, principalmente em plataformas estreitas nas quais a imprecisão dos controles torna tudo ainda mais complicado.



Outra faca de dois gumes do jogo são os colecionáveis espalhados pela ilha, que consistem em quadros com ilustrações relacionadas a gatos. Ainda que agreguem mais fofura à jornada de Annika, coletar um determinado número deles é obrigatório para finalizar o enredo, o que atrasa mais ainda a progressão da aventura ao levar em conta que não há indicadores mostrando onde eles estão localizados. Dessa forma, a única solução é procurar em todas as áreas da ilha até encontrá-los.

Uma simples jornada

A impressão que Giraffe and Annika passa é de uma obra com bastante potencial, mas que peca em simplificar demais alguns aspectos e tenta compensar tal problema criando mecanismos para atrasar a progressão do jogador. 



Apesar da ausência de profundidade, a aventura não deixa de ser uma opção considerável caso o objetivo seja relaxar e descontrair, principalmente para aqueles que adoram se entreter com dinâmicas de jogo musicais.

Prós

  • Enredo interessante e personagens bastante carismáticos;
  • Atmosfera agradável, apesar da ambientação simples;
  • Jogabilidade dinâmica, com destaque para as batalhas rítmicas;
  • Animações simpáticas, tanto as ilustrações em 2D como as cutscenes em 3D; 
  • Trilha sonora encantadora, com destaque para a música-tema “Lead to Eternity”.

Contras

  • A obra como um todo é muito simples e pouco surpreendente;
  • Momentos de exploração frustrantes por imprecisão de controles e falta de orientação;
  • Decisões duvidosas na jogabilidade que atrasam a progressão do jogo.
Giraffe and Annika - PC/PS4/Switch/XBO - Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
 Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela NIS America
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Estudante de publicidade que saiu do interior de Goiás para viver na cidade grande. Apaixonado por jogos, musicais e animações, passa bastante tempo no Twitter comentando sobre esses assuntos.
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