Análise: Good Job! (Switch) mesmo fazendo rir, faz lembrar trabalho de verdade

Exclusivo possui uma proposta interessante, mas a comédia do jogo não sustenta a monotonia de uma rotina de trabalho.

em 02/07/2020



Apresentado há uns meses, Good Job! foi um lançamento inusitado para o Switch. Ainda mais por ser um exclusivo publicado pela própria Nintendo. O jogo se trata de ajudar um estabanado funcionário a realizar tarefas diversas dentro de uma empresa nada ortodoxa.

Tempo é dinheiro

Certamente você já ouviu o bordão acima, ele é repetido em absolutamente qualquer instância, seja ela profissional ou pessoal. Em Good Job! ela é aplicada com veemência, pois você, o mais novo funcionário da empresa, precisará realizar tarefas como trocar o projetor para as salas de reunião, prover internet Wi-Fi para o andar, organizar contêineres e até mesmo organizar as pedras do espaço zen da empresa. O importante é: realizá-las no menor tempo possível.

Então, se o caminho para entregar as encomendas está com muitas paredes, porque não estourar algumas delas? Assim, você consegue levar todos os itens em uma linha reta, no menor tempo possível! E para realizar essa ideia, é preciso logística para colocar em prática a sua visão: você pode usar um objeto qualquer e lançá-lo contra a parede. Se estiver com a pontaria em dia, você consegue até mesmo derrubar mais de uma parede e facilitar ainda mais o seu trabalho.


“E como que um funcionário se safa de destruir um andar inteiro apenas para levar um projetor de uma sala para outra?” é a pergunta. Simples, você é o filho do chefe e a sua missão é começar “do zero” até alcançar o topo da empresa, passando por absolutamente todos os setores que a corporação pode oferecer.

Meritocracia

Para se desenvolver como um profissional capacitado, você precisa passar pelos 9 andares da empresa. Cada um possui quatro salas com situações diferentes para serem resolvidas. Três delas estão disponíveis de cara, geralmente são as missões mais simples e que servem para apresentar as mecânicas-base para a quarta sala, que costuma ser mais longa, envolvendo o básico apresentado nas três salas anteriores.

Para resolver os puzzles do jogo, o funcionário terá toda a liberdade do mundo para cumprir a sua meta. Você pode tomar todo o cuidado possível para não causar nenhum dano ao patrimônio da empresa, mas pode acabar tomando muito tempo para realizar a demanda. Em contrapartida, também pode aproveitar que tem paredes demais no escritório e dar uma arejada no ambiente, mas causando muito prejuízo.


Como método de avaliação, o jogo contabiliza o tempo que você levou para cumprir a meta, o dano total de suas ações aos cofres da empresa e também a quantidade de objetos quebrados, isso pois há itens com valores maiores do que os outros. Se você estiver perambulando pelo departamento e olhar vasos e quadros dourados e reluzentes, saiba que além de quebrarem fácil, eles custam uma nota.

Quebrou sem querer? Não se preocupe, não há qualquer tipo de represália caso um acidente ou outro ocorra enquanto você estiver realizando o seu trabalho. O que importa é cumprir as suas metas. O lema do jogo poderia ser sumarizado em “os fins justificam os meios”.

Já a avaliação final é relativa, em geral prevalece a nota tirada quanto ao tempo levado para cumprir o que foi pedido, mas é possível que a sua pontuação final sofra um pouco caso os danos ao patrimônio sejam expressivos demais até para o filho estabanado do dono.


Uma pena é que não há camadas para as fases além da missão principal Seria interessante as opções de demandas menores como “cumprir a fase em até 1 minuto”, “não quebrar nenhum objeto de ouro” ou pequenas missões como essa para aumentar o fator replay das fases. Esse ficou relegado apenas às roupinhas espalhadas pelas fases do jogo, além delas, não há nada de expressivo para desbloquear.

Promoção atrás de promoção

O jogo busca oferecer bastante variedade para que você não se sinta em uma real rotina de trabalho. As fases iniciais são bem próximas do que as demandas comuns de uma empresa, mas, ao passo que vamos subindo de cargos, as cobranças se tornam cada vez mais mirabolantes, como limpar a gosma rosa em uma das salas do departamento de pesquisas.


No quesito criatividade o desenvolvimento do jogo está de parabéns em buscar oferecer uma variedade extensa de fases com quebra-cabeças diferentes e desafiadores. O problema é que uma das partes que o jogo quis vender com força, mas não conseguiu, foi a comédia.

Acontece que a comédia de Good Job! é estritamente uma comédia física, dentro do absurdo do que pode ocorrer nas mãos de um funcionário destrambelhado. A questão é que esse recurso se esgota muito rapidamente, pois ele se vale principalmente da surpresa e, se o jogador precisar reiniciar a fase, a graça já não é a mesma.

Outro ponto é que não temos outras nuances de comédia no jogo, como uma narrativa. Não há qualquer personagem além do funcionário que controlamos, não há um gerente, um diretor, um colega que seja para trazer um pouco daquele convívio que traz a comédia do cotidiano à tona.

Isso não é necessariamente o que o jogo idealizou, já que o foco é você ter a liberdade em fazer o que quiser. Mas, essa é uma faca de dois gumes, pois é o mesmo que injetar adrenalina direto na veia a toda hora: chega um momento que você se cansa e o efeito não é mais o mesmo do começo.


Já por outro lado, há as fases finais de cada andar que não oferecem tantas oportunidades de destruição no começo e você precisa encontrar uma solução para elas, seja do quebra-cabeças ou da sua sede por destruição. Por experiência própria, essas missões acabavam se tornando um pouco extensas. Por serem salas maiores, é preciso primeiro entender o que precisamos fazer para solucionar o problema, para depois começar a causar o estrago necessário.

Acabava que primeiro eu precisava andar por todo o espaço e entender o que estava ocorrendo para depois eu conseguir resolver o problema. Muitas vezes você pode até mesmo causar danos irreversíveis nos objetos principais e só conseguir resolver o problema se reiniciar a fase. Nessas horas, a sensação era de realizar um trabalho de verdade e não uma fase de um jogo.

Um exclusivo interessante

O jogo que chegou ao Switch não é nenhuma obra de arte. Os gráficos são simples e casam bem com a proposta cômica que o título oferece, sendo uma boa escolha artística. A trilha sonora, no entanto, mais parece aquelas músicas ambiente de elevador e de telemarketing. Seria interessante opções mais animadas, ainda mais para um jogo com um contador no topo da tela.

Outro ponto que complica são as físicas do jogo. Não é incomum alguns dos objetos da fase travarem ou alguma mecânica emperrar com outras no meio da jogatina. Por exemplo, temos um carregador bastante potente, mas há outros elementos que fazem com que ele não se mexa, pois um enrosca no outro, mas não conseguimos ver o que exatamente.


Também há itens que, se acumulados, não permitem que o jogador saia do lugar, sendo que são objetos “leves” no mundo real. O estranho é que o jogador pode empurrar certos objetos extremamente pesados, mas diversas boias na piscina são suficientes para, literalmente, ilhar o personagem.

Já os controles são bem simples. Jogar tanto no modo portátil como diretamente na TV é uma sensação quase idêntica e nenhuma das opções é desconfortável, até porque temos poucos botões para realizar os comandos. Um pequeno problema nesses controles é que, se o personagem sentar em um assento qualquer, é um parto tirá-lo de lá, sabe-se lá o porquê. É preciso apertar todos os botões e mover o direcional para os lados como um doido para que ele só levante.

De todos os jogos que chegaram para o Switch nos últimos tempos, esse é um dos que surpreenderam por ser uma obra que a empresa publicou. Acredito que a ideia era trazer ao console um título viral, que fizesse os jogadores pirarem na diversão e comicidade que o jogo traz ao console. Ele conseguiu, em partes.O jogo precisava ser lapidado um pouco mais para ser um sucesso absoluto, mas ainda é capaz de tirar umas risadas aqui e ali.


É, sem dúvida, uma tentativa louvável. O jogo pode sim ser muito divertido se o jogador incorporar o funcionário que não tem absolutamente nada a perder e aproveitar que seu salário não está na reta para desestressar e sair quebrando tudo o que encontrar em sua frente. Uma dica: sempre procure a melhor opção para fazer o seu trabalho mais rapidamente, geralmente é a opção mais divertida de se jogar.

Prós

  • Jogo com proposta interessante;
  • Fases diversas e com puzzles divertidos;
  • Comporta um segundo jogador;
  • Uma variedade de soluções para o jogador explorar nas fases.

Contras

  • Recurso cômico se esgota rapidamente;
  • Fator replay pouco explorado;
  • Problemas ocasionais com o jogo travando.
Good Job! - Switch - Nota: 7.0
Revisão: João Gabriel Haddad
Análise realizada com cópia adquirida pelo próprio redator
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Estudante de Sistemas da Informação que gostaria de aprender todas as línguas existentes, mal sabendo lidar com as duas que já fala. Descobriu seu amor pela Nintendo ao conhecer Super Mario 64 e desde então nunca mais largou os cogumelos, karts e rúpias que encontrou em seu caminho.
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