Análise: Thunder Paw (Switch) mira na nostalgia e erra na jogabilidade

Título possui bonitos gráficos e trilha sonora envolvente, porém apresenta um recuo na jogabilidade.

em 01/06/2020
Certo dia, um simpático pastor alemão chamado Thunder ouve uma explosão enquanto brincava no quintal de sua casa. Preocupado com seus pais, ele corre até o local, encontrando apenas um bilhete em tom de ameaça na residência destruída. O protagonista descobre que eles foram raptados e que, se for resgatá-los, será morto; no entanto, Thunder parte para a ação em busca de sua família.


Não é um roteiro muito original, algo comum na maioria dos jogos do gênero, mas é assim que começa a história de Thunder Paw, desenvolvido por Sergio Poverony e distribuído pela Ratalaika Games. Neste shooter de plataforma 2D, não existe mais nada além do esperado: saltar plataformas e atirar nos inimigos, passando de nível e enfrentando chefes ao final de cada estágio.


Um tiro certeiro na nostalgia

Thunder Paw aposta na simplicidade dos títulos de mesmo gênero da época dos 16-bits: um botão pula (B), outro atira (Y ou os botões de ombro) e há um para mudar o tipo de tiro (A), tudo isso enquanto o jogador controla o personagem principal com o analógico ou o D-pad. Quem está acostumado com os jogos das franquias Mega Man ou Kirby, por exemplo, logo perceberá quão simples é controlar o simpático Thunder pelos estágios.
Gráficos são um dos pontos fortes deste jogo simples


Outro acerto do jogo são os simpáticos gráficos em pixel art que, acompanhados de uma trilha sonora estilo chiptune, fazem com que o jogador volte à era 16-bits. Cada conjunto de estágios possui sua própria BGM, bem como as lutas contras os chefes, e as músicas são bastante envolventes – confesso que me peguei cantarolando algumas vezes enquanto jogava.

Simples pra cachorro

Thunder Paw conta com duas dificuldades, Easy e Hard. Aqueles que já tiverem experiência com shooters, ou jogos de plataforma no geral, não perceberão tanta diferença entre uma e outra, já que não existe distinção aparente. É possível escolher a dificuldade assim que se inicia a aventura, porém, para alterá-la, o jogador é obrigado a reiniciar o software, perdendo todo o progresso obtido até o momento.

Mudar a dificuldade custa o progresso no jogo

Nos estágios, alguns oponentes e tipos diferentes de tiro podem estar escondidos (estes são indicados no painel de caixas azuis), então é necessário explorar os mapas por inteiro. Para prosseguir na aventura, um número determinado de inimigos deve ser derrotado – só assim a próxima fase ficará acessível. Existe, ao final de cada uma, um indicador que mostra quantos oponentes ainda restam no local, embora isso seja um tanto quanto redundante: na tela, no canto superior direito, essa informação é disponibilizada para o jogador.

Cada inimigo abatido por Thunder deixa cair pequenos cristais azuis, que servem para potencializar o tipo de tiro do simpático protagonista (power-up), e, às vezes, corações, que restauram a vida perdida – ao todo, são quatro quadrados vermelhos para indicar quantos golpes o cãozinho ainda pode receber. Quando o indicador é zerado, seja por ter levado dano ou ter caído de alguma plataforma, o jogador é obrigado a reiniciar a fase, perdendo, novamente, o progresso.

Tiros assim são arriscados, devido ao recuo da arma de Thunder

Vida de cão

O jogo é um constante exercício de tentativa e erro. A câmera é fixa e o jogador não pode controlá-la, fazendo com que alguns saltos sejam bastante arriscados e exijam “foco, força e fé”. Os lugares perigosos estão marcados com um sinal de exclamação (!), embora alguns deles sejam falsos e levem a inimigos ou upgrades escondidos.

Como característica do gênero, algumas plataformas cedem após Thunder ficar em cima delas por alguns segundos – existe uma opção de deixar a tela “tremer” para não pegar os desavisados de surpresa. Em resumo, é o famoso “caiu, morreu”, sendo necessário começar a fase novamente caso isso aconteça, pois Thunder Paw não possui checkpoints.

Caso a plataforma não seja estática, existe a opção de deixar a tela tremer
A arma possui recuo, independentemente do tipo de tiro selecionado, e, embora isso traga certa originalidade, é algo que incomoda e atrapalha durante a jogatina: ao atirar, o recuo pode derrubar Thunder das plataformas, porém, as posições de alguns inimigos exigem que os disparos sejam feitos da beira de um precipício. É um tiro que saiu pela culatra: em vez de acrescentar diversão, gera irritação.

O alcance do tiro começa pequeno, bem como sua potência, mas ambos aumentam conforme Thunder recolhe os cristais azuis. No entanto, à medida que o protagonista é atingido por um inimigo, perdem-se essas melhorias – e, claro, se ele for derrotado, recomeça a fase sem elas. Pelo menos, os tipos de disparo adquiridos não são perdidos.

A dificuldade de Thunder Paw é bastante irregular, muito simples durante as fases normais e desafiadora em excesso nas batalhas contra os chefes. Eles têm padrões difíceis de identificar, muitas vezes variando-os ao longo do combate, mas é dada ao jogador a oportunidade de recomeçar a luta – sem os power-ups obtidos até o momento, vale ressaltar – caso Thunder seja derrotado. Por outro lado, quando o protagonista sai vitorioso desses combates mais complicados, recebe uma quantidade generosa de cristais azuis e corações.
O tiro deste chefe atravessa a tela inteira e a plataforma está entre dois precipícios

Mato sem cachorro

Embora seja simples, Thunder Paw não apresenta o fator rejogabilidade. Os chefes não garantem poderes extras, como acontece em Mega Man, e, uma vez terminado o jogo, não existe mais nada que possa ser feito. Não há conquistas (achievements) nem upgrades que facilitam a aventura e que podem ser desbloqueados ao longo do jogo – algo que existe em Azure Striker Gunvolt, por exemplo. É um título curto, com duração de algumas horas, mas este pode ser um fator um tanto quanto subjetivo, se levarmos em consideração a experiência do jogador – e, claro, sua paciência.

Thunder Paw é bastante charmoso, com gráficos bonitos e uma trilha sonora cativante, porém seus problemas de jogabilidade fazem com que a experiência seja mais frustrante do que divertida. É, portanto, uma boa pedida para quando o tédio bater.
Calculando nota final...

Prós

  • Jogabilidade simples e que remete à nostalgia da era 16-bits;
  • Gráficos em pixel art atraentes;
  • Trilha sonora envolvente.

Contras

  • Recuo da arma irrita e atrapalha o controle de Thunder;
  • Dificuldade varia de maneira desproporcional;
  • Não possui rejogabilidade;
  • Poderia ser melhor aproveitado se tivesse mais recursos, como upgrades para Thunder;
  • Poucas horas de jogatina;
  • Jogo baseia-se na constante de “tentativa e erro”.
Thunder Paw – Switch/PC/PS4/XBO – Nota: 5.0
Versão utilizada para análise: Switch
 Análise produzida com cópia digital cedida pela Ratalaika Games
Revisão: Davi Sousa
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Também conhecida como Lilac, é jornalista e atualmente trabalha com assessoria de imprensa. Fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas.
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