Análise: Star Horizon (Switch): inspirado em Star Fox, o jogo está a anos luz de distância

A aventura espacial falha por não conseguir executar mecânicas básicas dos jogos de tiro.

em 01/06/2020


O Switch talvez seja o console da Nintendo que conseguiu trazer mais rápido os melhores jogos das maiores franquias da empresa. Em menos de três anos no mercado, a plataforma já trouxe nomes consagrados como Super Mario Odyssey, The Legend of Zelda: Breath of the Wild, Splatoon 2, Xenoblade 2, Super Smash Bros. Ultimate, Luigi’s Mansion 3 e Animal Crossing: New Horizons. Todos são lançamentos inteiramente novos e considerados até o momento os melhores títulos de suas respectivas franquias.


Apesar da grande festa, muitos games famosos ainda não apareceram. Como um fã de longa data de Star Fox, sinto muita falta de um título na atual plataforma da Nintendo. Não só pela qualidade das aventuras de Fox McCloud, mas também porque gosto muito de shoot 'em ups. Nesse contexto, falar sobre jogos do gênero é uma responsabilidade que não posso flexibilizar nem um pouco.

Star Horizon chegou ao Nintendo Switch sem fazer muito barulho. Desenvolvido pelo estúdio Orbital Knight, o jogo é um port das versões mobile. Segundo a própria desenvolvedora, o título se propõe a trazer ação imersiva e uma história divertida, que dará ao jogador opções de escolhas que mudarão os rumos da narrativa. Além de tudo isso, os desenvolvedores já disseram que se inspiraram fortemente em Star Fox para produzir a aventura.

Um jogo de escolhas

A história de Star Horizon é sobre uma guerra entre a Federação, que controla toda a galáxia, e os Rebeldes. Você assume o papel de John, um simples piloto espacial a serviço da Federação. A palavra "piloto" pode ser um exagero, porque quem pilota a sua nave de fato é uma inteligência artificial chamada Ellie. As batalhas espaciais são coordenadas por naves-mãe e os "pilotos" servem apenas de atiradores, porque a IA não pode "matar".

A Federação está prestes a pôr um fim na guerra. Entretanto, acontece um acidente e a sua nave-mãe é destruída, o que faz Ellie entrar em curto circuito e colocar John em hibernação. Após mil anos dormindo, a IA desperta o piloto em um ambiente completamente diferente. O que aconteceu? John e Ellie vão em busca de respostas e acabam tendo que escolher entre lutar ao lado da Federação ou dos Rebeldes para definitivamente mudar o destino da galáxia.

Para um shoot 'em up, até que o título possui um bom background. Entretanto, joguei várias vezes a história e percebi que as escolhas durante a jornada não alteram em nada o gameplay, somente a aparência dos seus inimigos ou algumas falas. Em outras palavras, se você escolher lutar pelos Rebeldes, os seus inimigos serão as naves da Federação, e vice-versa. Isso foi um pouco frustrante, já que o jogo se propõe a trazer uma narrativa complexa, onde as escolhas do jogador farão toda a diferença no decorrer da história.

Clicando botões

A melhor parte de qualquer shooter é atirar em tudo e explodir coisas. Pelo menos é o que se espera de um jogo de tiro. Visualmente, Star Horizon é um bom cartão de visitas. Mesmo sendo um projeto de baixo custo, o título impressiona com belos efeitos de luz dos lasers e muitas cores durante as batalhas, mas decepciona na hora que o jogador põe as mãos no controle para jogar.

O principal problema da jogabilidade é a forma como a mira funciona: ela não entrega controle total para o jogador, porque é “semiautomática”. Para ilustrar, a sua mira é um grande círculo na tela, e para derrubar os seus adversários você precisa pôr este círculo sobre as naves. Assim, o jogo fixa um alvo sobre as naves inimigas e ao apertar o gatilho, o tiro acertará os oponentes marcados. Esse tipo de controle é justificável em jogos de celular, já que não existe um stick analógico para dar maior precisão de mira, mas é inaceitável em um console tradicional.

A frustração só aumenta nas batalhas contra os chefes, porque para derrotá-los é preciso acertar pontos específicos e isso fica muito complicado com uma mira imprecisa. Falando em falta de controle, outro problema bem comum que acontece é o percurso da nave sair do roteiro programado pelos desenvolvedores. Esse bug aconteceu muitas vezes enquanto eu jogava, e me causou mais raiva do que qualquer coisa; durante uma missão de destruir uma certa quantidade de alvos, por exemplo, a nave saía da rota e a missão falhava, me obrigando a recomeçar a fase desde o início.

Quase um Star Fox

Nem tudo é um sofrimento em Star Horizon. Muitos elementos de Star Fox são usados aqui, como o Barrel Roll para se proteger de tiros e lançar bombas nos inimigos apertando o botão B. Enfrentar os três chefes presentes no game traz um bom fator replay, apesar dos problemas de mira. As fases de eliminar uma quantidade definida de inimigos antes que o tempo acabe são as mais divertidas, porque geram um desafio para ser superado.

Assim como nas aventuras da raposa da Nintendo, todas as falas são dubladas. Mesmo que as falas e as piadas sejam amadoras, é melhor do que um monte de caixas de texto passando na tela. Por outro lado, o título fica devendo na parte sonora. Diferente de Star Fox, que possui uma trilha sonora excelente, todas as faixas de Star Horizon são algum sample genérico de música eletrônica.

Apesar de todos os problemas, o jogo tem algum potencial, que pode ser aproveitado em uma continuação ou se os desenvolvedores resolverem estes erros com uma atualização gratuita. Se você é um fã de jogos de nave, eu recomendaria Star Horizon, mas com uma ressalva: aguarde um patch de correção, porque no estado atual, parece uma peça inacabada e não vale o seu investimento.

Prós

  • Visualmente bonito para um jogo de baixo custo
  • Possui bons momentos de ação.

Contras

  • Mira automática mal implementada;
  • Trilha sonora irrelevante;
  • Câmera irritante;
  • Level design mal ajustado;
  • Bugs que atrapalham a jogatina.
Star Horizon — Switch/PC/iOS — Nota: 5.5
Versão utilizada para análise: Switch
Análise produzida com cópia digital cedida pela No Gravity Games
Revisão: Davi Sousa
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