Análise: Guard Duty (Switch) é um point-and-click da era moderna que mistura passado e futuro

Título mistura fantasia e ficção científica que transporta o jogador para a década de 90.

em 14/06/2020




Os jogos de aventura point-and-click tiveram seu auge na década de 90, com títulos memoráveis da Lucas Arts, como The Dig, Full Throttle, Day of Tentacle e Monkey Island. Após essa era de ouro, o gênero foi esquecido, passando por um breve renascimento nos títulos da Telltale. Atualmente, é bem raro encontrar jogos da categoria e foi uma boa surpresa conhecer Guard Duty, um legítimo retorno àquela era saudosa.

O dever do guarda

Na aventura, o jogador controla Tondbert, um guarda real da pequena cidade de Wrinklewood. No dia do seu aniversário, o protagonista está a serviço no portão da cidade e, devido a uma bebedeira, acaba sendo enganado por uma sinistra figura encapuzada.

O jogo começa com Tondbert acordando em seus aposentos na torre do castelo, despido de sua armadura. Mais tarde, descobre que seu deslize resultou no sequestro da sua amada princesa, e agora ele precisa partir em uma aventura para resgatar seu amor secreto e corrigir seu erro.

Os primeiros atos do jogo se passam em um mundo de fantasia, onde é necessário conversar com NPCs para levantar pistas sobre o paradeiro da princesa e conseguir objetos para cumprir sua missão. Para isso, Tondbert conta com sua sacola infinita na qual pode armazenar à vontade objetos de qualquer tamanho em qualquer quantidade.

A jornada é repleta de muita exploração e humor e é possível notar que o protagonista não é muito respeitado pelos outros guardas e pelos demais habitantes da cidade. Então, para cumprir a tarefa, o jogador precisará de muita conversa e uma boa dose de exploração.

A partir do terceiro ato, a história passa por uma reviravolta e salta mil anos no futuro, em uma realidade cyberpunk, na qual o agente Starborn precisa lidar com as consequências das ações de Tondbert no passado. Essa combinação dos gêneros fantasia e ficção científica torna o roteiro bastante original e interessante, refletindo, inclusive, em sua jogabilidade.


Pixelado e dublado

Os gráficos em pixel art desenhados à mão seguem exatamente a estética dos saudosos clássicos da década de 90. Podem não ser os mais bonitos do Switch, mas têm seu charme e são adequados para a proposta de Guard Duty.

Porém, é na área sonora que o jogo realmente brilha e mostra capricho no desenvolvimento: todos os diálogos são dublados, com boas interpretações, e muitos personagens diferenciam-se por sotaques, dando um ar mais “antigo” para os fluentes no idioma inglês.

A dublagem só está disponível em inglês, com opções de legenda em inglês, francês, alemão e espanhol. Infelizmente, não há opção de legendas em português, portanto o jogo não é acessível para quem não tem um entendimento mínimo em pelo menos um dos idiomas suportados.


Aponte e clique

A jogabilidade é exatamente a mesma dos clássicos da década de 1990: mover o cursor e clicar para andar ou interagir com personagens e objetos. Não é possível usar os direcionais para movimentar o personagem, nem mesmo fazer rolagem da tela: o jogo exige que o jogador leve o cursor para o canto e clique em setinhas para mover a câmera. Se por um lado isso traz uma nostalgia para os saudosistas, por outro pode afastar jogadores mais novos, acostumados com a jogabilidade mais fluida dos títulos atuais; esse estilo “travadão” envelheceu mal e não faz muito sentido nos consoles modernos, muito mais capazes que os computadores de décadas atrás.

Felizmente, a tela de toque funciona e é possível tocar diretamente em itens, em vez de arrastar o cursor para eles, e isso faz com que a versão de Switch de Guard Duty seja possivelmente a melhor de todas para se jogar. No entanto, não é possível jogar exclusivamente com a tela touchscreen, pois algumas ações exigem o pressionar de botões.

Simples, mas efetivo

O jogo é curto e simples, rendendo cinco horas em média. Caso o jogador se sinta perdido em algum momento, há uma lista que indica qual o próximo passo a se tomar. Qualquer pessoa persistente com certeza chegará ao final sem precisar recorrer a walkthroughs, algo que nem sempre era possível nos títulos clássicos.

Apesar de sua curta jogabilidade, o humor refinado, a ambientação, os excelentes diálogos dublados e a combinação dos estilos fantasia e cyberpunk fazem com que Guard Duty seja uma experiência única e interessante.

Prós

  • Dublagem excelente, com boas interpretações e sotaques;
  • Pitadas de humor divertidas e personagens carismáticos;
  • Roteiro maduro, interessante e original;
  • Um dos poucos títulos do gênero disponíveis na atualidade.

Contras

    • Não há opção de idioma em português;
    • Curta duração e pouca rejogabilidade;
    • Jogabilidade nostálgica pode não agradar aos jogadores mais novos.
      Guard Duty – Switch/PC/XBO/PS4 – Nota: 7.0
      Versão utilizada para análise: Switch
      Análise produzida com cópia digital cedida pela Ratalaika Games
      Revisão: André Carvalho
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      Também conhecida como Lilac, é jornalista e atualmente trabalha com assessoria de imprensa. Fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas.
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